FRANCINE
Eu me encontrava parada, meio que escondida atrás das pessoas que estavam ali. A mulher responsável pela palavras que eu levaria comigo para toda a vida, se encontrava de pé, com um microfone em frente a boca soprando as mensagens que saiam com confiança, firmeza.
Eu entendia e falava inglês pouca coisa, mas sabia o suficiente para compreender o que ela falara para todos.
O cabelo cacheado, como um manto, sobre suas costas, os cachos dançando conforme ela caminhava de um lado para o outro; firme, decidida.
— A autoestima ou valor dado a cada pessoa por si mesma é fundamental para o bem-estar mental e físico de qualquer pessoa, já que a aceitação de si mesmo se reflete em cada aspecto da vida.
Ao filtrar as palavras, imagens da minha mãe vieram a minha cabeça. Os anos tão sofridos em que morei com ela, as palavras plantadas tão precocemente dentro de mim.
"Você não serve nem para fazer o que lhe peço"
"Lugares de menina como você, maninha, é diante do fogão"
A última frase viera do meu irmão.
Balançei a cabeça afim de afastar as lembranças odiosas.
— Á muito tempo, quando as coisas não eram fáceis para mim como são hoje, eu me peguei abrindo o laptop, estava cansada daquele vida de pobreza emocional. — Ela pareceu se emocionar ao dizer — Bom, era uma sexta feira, uma e meia da tarde para ser mais exata. Lá esta eu, abrindo o laptop entrando no navegador... eu não lembro exatamente como pesquisei, mas lembro-me como se fosse ontem o que li:
"Desde que nascemos, nossa vida nos determina condições para sermos estimados. Só seremos bem tratados e cuidados se formos obedientes, se sentarmos direito, se nos alimentarmos como desejam, se estudarmos, trabalharmos, se temos sucesso pessoal e profissional. Entretanto, segundo a escola humanista da psicologia de Rogers:“Todo ser humano, sem exceção, pelo mero fato do ser, é digno do respeito incondicional dos demais e de si mesmo; merece estimar-se a si mesmo e que se lhe estime.” "
Apertei as mãos em punho. Eu sentia meus olhos arderem mas não desviava dela, mirando-a como se o fato de não fazer fizesse com que eu perdesse qualquer detalhe daquele relato.
— Eu pensei: então isso quer dizer que tenho que me amar e me respeitar para que isso pare, para que essa coisa que sinto vá embora? — Fez uma careta ante a reprodução do próprio questionamento — Mas como eu faço isso?
Mas como eu faço isso?
Indaguei em pensamento ao mesmo tempo que ela repetiu suas palavras de anos antes.
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FRANCINE © - OGG 3 [COMPLETO]
RomanceLIVRO TRÊS DA SÉRIE OUSADAS GG Diego & Francine CONTEÚDO ADULTO! Em uma noite de bebedeira eu fui parar no quarto da cobertura de Diego Fontura; um negro lindo e gentil, dono de uma boate no centro de São Paulo. Acordando desorientada e sem saber pr...