Capítulo 23

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FRANCINE

Sentia dor.

Além de dor física, meu interior estava machucado.

E decepção, mágoa e raiva das pessoas a qual eu chamava de família.

Parece que o sentimento que sempre guardei no fundo, bem escondido, todos esses anos, veio a tona em todo o seu furor.

Era como se eu estivesse sendo rasgada de dentro para fora, de forma violenta.

A negação em que eu me submeti todos os anos; não querendo enxergar o quanto eu não era amada, o quanto me machucava as palavras, as ações a indiferença, estava evaporando. Sumindo, quando cheguei a conclusão que minha mãe não pisaria os pés ali para saber como eu estava.

Que, diferente de mim, ela não se importou em ir me ver ou ao menos ligar.

Isso me doeu de maneira obsurda, porque só me fez reconhecer que eu não era niguém para ela, só um maldito banco.

O seu bilhete de loteria. Era isso.

Minha mente estava clareando, eu sentia. A nuvem negra que me impedia de ver estava dissipando e eu só queria me manter sozinha, sem nenhum olhar curioso ou julgador sobre mim.

Por que estava doendo, caramba! Tão ou mais que o inchaço em meu olho.

E era difícil, porque eu não suportava o sentimento, era como se fosse me consumir.

Eu sentia a pressão que o cateter fazia no meu braço, encarava o soro de forma aérea, apática, enquanto as lágrimas faziam seu percurso sem qualquer controle.

Eu não sabia o que fazer.

A constatação de que eu não tinha niguém doía mais que tudo.

Eu me apegava a minha família, tentava lutar porque no fundo eu não queria ser alguém sozinha como eles falavam, apontavam.

Me recusava a abrir os olhos.

Não queria e tinha medo de quê o que falavam para mim; que eu iria ficar sozinha para sempre, se concretizasse.

Eu segurava. Aguentava tudo e sempre mantive ali, firme, com medo de que realmente, no fim das contas, eles tivessem razão.

Aquela constatação me assustava tanto que eu me neguei a olhar no olho das pessoas que entravam ali; os médicos e enfermeiros, e até os curiosos; os acompanhantes de outros pacientes. Tanto pela vergonha da mancha em meu rosto quanto pela verdade.

Mesmo quando fiz a tomografia e eles conversavam comigo a todo instante, me recusava a encará-los.

Me sentia um pedaço de merda.

Era difícil acreditar que meu irmão tinha sido capaz de fazer aquilo.

Mas tinha! E em momento alguém hesitou.

FRANCINE © - OGG 3 [COMPLETO]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant