Capítulo 26

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FRANCINE

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FRANCINE

A dor que machuca é a mesma que ensina.

Foi essa a frase que eu tinha acabado de ler no livro de Heloísa.

Havia tantas coisas ali que pareciam terem sido escritas para mim.

O fato da mocinha sofrer com a culpa do acidente dos avós e passar anos de sua vida sem conseguir viver, presa ao passado.

Indiretamente, eu sentia que passávamos pela mesma coisa.

Eu até me questionava se aquela historia não era sobre ela, Heloísa, e a morte dos pais.

Se não havia colocado, expressado ali os seus sentimentos.

Levantei o olhar do livro e encarei a janela da vam em que eu estava, observando que á cada minuto que passava, as árvores iam aparecendo, deixando a área urbanizada para trás.

Meu peito ardia em culpa pelo que eu estava fazendo. Não por ter decidido ir, mas por não ter avisado, conversando com Diego. Eu sabia, não tinha dúvidas, que ele entenderia e me apoiaria como estava fazendo. O problema era comigo. Eu era forte, estava decidida mas... Olhar aqueles olhos enquanto eu falava que iria ficar longe quanto tempo fosse necessário, sem visitas ou qualquer meio de comunicação por decisão minha, longe dele, de todos.

Iria doer em mim. Fui egoísta, não pensei nele e me arrependia, mas não tinha e não queria voltar atrás visto que já havia quebrado o chip, já havia me decidido e aquela tinha sido minha escolha.

Então tentei me acalmar e pensar nos seus braços ao meu redor, em nós dois dormindo juntinhos e de conchinha na noite anterior. Do beijo que ele plantara em meus lábios quando achou que eu estivesse dormindo e na voz rouca pré desperta falando que me amava.

Então saiu de manhã cedinho após atender uma ligação, deixar um bilhete avisando que voltaria quando eu quisesse e café da manhã divinamente preparado, sobre móvel ao lado da cama.

Relembrar o quanto ele era incrível e gentil me fez fechar os olhos de modo que impedisse as lágrimas de seguirem seu caminho.

Eu tinha sido sugada. E estava atrás do meu eu de volta, aquele eu que eu não lembro ou sequer cheguei a ver.

Aquela parte minha que vagava por aí. Eu a traria de volta custe o que custasse.

Com esse pensamento e determinação eu peguei no sono, e só acordei algumas horas depois com uma mulher, também passageira, me chacoalhando devagar, havia chegado ao meu destino.

O ponto de encontro que tínhamos combinado enquanto conversava com o pessoal do recanto na noite anterior, pela madrugada.

E, quando olhei pela janela, vi uma mulher encostada em um carro me esperando. A reconheci pela foto no site, seu nome era Domênica e ela tinha trinta e oito anos.

FRANCINE © - OGG 3 [COMPLETO]Where stories live. Discover now