Capítulo 18.1

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FRANCINE

— Eu estufei o peito, atravessei a rua e bati a porta. — relatou orgulhoso, então me olhou de lado revelando um sorriso de canto — Dei exatamente três batidas na madeira antes do velho aparecer diante de mim.

Se vangloriou enquanto segurava o volante.

Mordi o lábio prendendo um sorriso. Catástrofe. Era o que eu previa.

— Ele grunhiu antes de avançar um passo e, conforme ele fazia, eu recuava. — Piscou de modo brincalhão.

— Meu Deus... — sibilei — Ainda não acredito que você foi conversar com o pai dela. — balançei a cabeça, era difícil imaginá-lo com dez anos nessa situação.

— Não só fui como ainda disse ao velho: quero namorar com a sua filha, Milena, mas se o senhor não deixar, fugiremos para viver o nosso amor."

— Ah não. — Lamentei.

E foi impossível não rir alto, a plenos pulmões, como jamais fiz em sua frente. Meus olhos nublaram devido as lágrimas e minha barriga começara a doer com a intensidade das gargalhadas.

— Me fala que é mentira. — pedi — Você não disse isso, por favor.

Limpei o canto dos olhos.

Estávamos no carro. Ele me levaria para conhecer alguns dos lugares de que gostava quando ia para Carson. Então entramos em assuntos aleatórios, sobre infância. Foi inevitável não me sentir mal, não tive uma infância boa, normal, e nao gostava de falar sobre isso.

Já Diego não se importava em falar sobre a dele.

E também não se importou quando desconversei. Ele soube que aquele não era uma pauta que gostaria de entrar.

— Bom saber que minhas vergonhas diverte você. — comentou, o olhei escondendo os dentes, no entanto, com a expressão ainda em diversão.

— Você era uma criança determinada. — provoquei.

— Isso não mudou. — Disse sério e eu notei que as palavras eram pra mim.

Mas, ainda em clima de diversão, não pude deixar passar a chance de continuar com a provocação:

— O quê? O fato de ser criança ou a determinação?

O vi abrir a boca surpreso com a minha ousadia, no entanto, quando me olhou que viu minha expressão ele arqueou a sobrancelha em resposta e desceu o olhar pelo meu corpo de modo depravado, insolente.

— Me diz você. — Murmurou antes de voltar a atenção para a estrada. Ele não era nem um pouco infante, imaturo.

Aquelas três palavras fizeram com que eu tremesse. Eu poderia dizer sim, com toda certeza, que era a determinação que perdurava nele.

E, que ele era muito, muito adulto, disso eu não poderia duvidar.

— Gosto quando a deixo sem palavras. — lançou e eu sorri minimamente.

— Eu sei que gosta. — Murmurei, então tentei mudar de assunto: — Para onde estamos indo?

O olhar que ele me lançou dizia que sabia o que eu estava fazendo, entretanto respondeu mesmo assim:

— Amanhã a noite acontecerá o quinto baile anual fight for one ou Lute por um, organizado pelos irmãos. Igor me ligou a pedido de Heloísa e nos convidou, mesmo após deixar um convite no quarto essa manhã. — revirou os olhos — Ele parece ansioso para revê-la. —alfinetou. Fiquei quieta um tempo e por fim acabei ganhando atenção em demasia— Eu... se não quiser ir tudo bem, eu compreendo e entendo que não se sente bem em lugares cheios.

FRANCINE © - OGG 3 [COMPLETO]Where stories live. Discover now