Capítulo Trinta e Quatro

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Daniel vamps:

Enquanto eu tentava organizar meus pensamentos e entender como lidar com a presença inesperada dos gêmeos, a porta do quarto se abriu abruptamente, acompanhada de uma voz fria e cortante.

— É esse homem que eu deveria chamar de pai? — Janet proferiu as palavras com uma expressão séria, seus olhos escuros analisando tanto a mim quanto a Marshall. Parecia que ela nos inspecionava minuciosamente, seus olhos se fixando por um momento prolongado em nosso rosto.

O contato visual com Janet persistiu, e durante aquele breve instante, pude perceber que nossos traços faciais eram surpreendentemente semelhantes. Se ela compartilhava essa semelhança comigo, não parecia se importar. De fato, ela não tinha motivo para fazê-lo, já que sua existência estava envolta em mistério, desconhecida até então.

Os olhos de Janet não revelavam emoção alguma. Apesar de ter apenas 12 anos, ela exibia uma calma que era impressionante para alguém de sua idade. Seu irmão, que permanecia em silêncio ao fundo, olhava ao seu redor com uma expressão de curiosidade, como se estivesse tentando compreender tudo.

— Embora nossos olhos sejam parecidos, isso não significa que seremos próximos de imediato — Janet disse com uma frieza cortante, quebrando o breve senso de proximidade que eu havia sentido com ela. Suas palavras eram desprovidas de qualquer arrependimento, e sua voz se mantinha inabalável.

Taylor, que estava atrás dela, olhava alternadamente entre a irmã e eu, com uma expressão de confusão, como se não esperasse essa reação de Janet.

— Acredito que vai demorar para que possamos nos conhecer melhor. — Respondi com calma, consciente de que não poderia esperar que eles me aceitassem de imediato. — Saiba que sua mãe e eu não compartilhamos uma história de amor romântica, como em algumas histórias. Foi apenas um encontro casual que ambos não culpamos um ao outro.

Enquanto eu falava sobre meu breve encontro com a mãe deles, não pude deixar de notar a semelhança incrível entre nós. Ambos compartilhávamos maxilares elegantes, sobrancelhas longas e olhos escuros, que realçavam nossos traços perfeitos. Era quase irreal pensar que meus genes tinham alguma ligação com essas crianças.

No entanto, o aspecto mais intrigante para mim eram suas emoções, ou a falta delas. Janet não demonstrava qualquer emoção em seus olhos, enquanto seu irmão, embora silencioso, parecia demonstrar uma leve curiosidade em relação a mim.

Enquanto ponderava sobre essa peculiaridade, parecia que, para Janet, as outras pessoas eram meras figuras insignificantes e dispensáveis, semelhantes a formigas. A única exceção era seu irmão, que sempre estava ao seu lado.

Marshall, que observava a cena em silêncio no canto do quarto, finalmente decidiu intervir.

— Acho que não era necessário revelar isso para duas crianças que acabaram de descobrir a existência de seu pai. — Marshall falou, e Janet o interrompeu com um olhar de desprezo.

— Existe algo verdadeiramente absoluto neste mundo? Sentimentos não têm importância. — Janet respondeu com frieza, lançando um olhar gélido na direção de Marshall.

Marshall não se deixou abalar pelo olhar de Janet e continuou:

— Discordamos neste ponto. Compreendo que você esteja vivendo um momento tumultuado agora e que tenha ressentimentos em relação ao Daniel, desde que chegaram aqui. Ele não sabia de sua existência, assim como ninguém mais. Portanto, culpar alguém que desconhecia sua existência é algo controverso. Daniel teria assumido sua responsabilidade como pai imediatamente, caso soubesse da situação.

Os olhos de Janet baixaram para suas mãos, que começaram a tremer ligeiramente. Taylor, observando a cena, percebeu a lógica nas palavras de Marshall e falou com a irmã.

— Janet, ele está certo. — Taylor murmurou, sua expressão demonstrando confusão. — Nós não sabemos nada sobre papai.

Os olhos escuros de Janet recuperaram sua expressão indiferente, e ela se afastou com um ar de desdém.

— Ele não é meu pai para mim. — Janet disse com as palavras cortantes, antes de sair do quarto, deixando um ambiente tenso em seu rastro. Seu irmão, depois de um breve pedido de desculpas, seguiu-a.

Assim, a reunião com meus filhos terminou abruptamente, deixando um sentimento de incerteza pairando no ar.

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Marshall refletiu sobre a situação com um olhar pensativo, como se estivesse buscando uma solução para o problema em mãos.

— Uau. Eu meio que esperava que isso acontecesse. — Ele deu de ombros com naturalidade. — Ela ficou constrangida depois que a repreendi e saiu sem dizer nada. O que podemos fazer agora para fazê-la conversar contigo sem desejar te magoar? Hm?

Inclinando ligeiramente a cabeça, ele adotou uma expressão pensativa, demonstrando claramente seu desejo de ajudar.

— Vai ser sempre seu trabalho me ajudar com esses assuntos. Eu, no seu lugar, iria achar isso extremamente irritante. — Comentei com um sorriso, e Marshall riu.

— Diga-me, o que você acha que podemos fazer para resolver essa situação? — Ele perguntou. — Aliás, considero isso uma ordem para que eu cuide desse assunto com todo o cuidado possível. Se for assim, tenho várias ideias.

Suas palavras provocaram um riso suave de minha parte, fazendo meus olhos se estreitarem na direção dele.

— Avaliando toda a situação, eles perderam a mãe cedo e foram criados por pessoas que constantemente diminuíam sua importância só por existirem. Eu teria esperado uma reação bem pior quando vissem o pai pela primeira vez. — Marshall comentou, adotando novamente uma expressão pensativa. — No entanto, não há muito que você possa fazer além de agir com naturalidade. Tentar forçar algo só tornaria as coisas mais difíceis. Portanto, devemos proceder com calma. Aos doze anos, eles tendem a ser rebeldes e resistem ao que os adultos dizem ou fazem. Você fez um bom trabalho sendo honesto e ouvindo atentamente. Se fingisse algo, provavelmente eles se fechariam ainda mais ou tentariam reagir de forma agressiva.

Os olhos de Marshall brilhavam de alegria, e sua expressão refletia um profundo sentimento de gratidão. Era uma característica que o aproximava de sua herança feérica, e eu estava agradecido por tê-lo ao meu lado.

— Por que você acha que apenas a Janet tentaria me socar? — Perguntei, curioso.

— Parece que Taylor é mais sensível. Enquanto conversávamos com Janet, pude sentir que ele estava captando as emoções que emanavam de nós. — Marshall explicou. — Ele é um empata, alguém que sente e compreende as emoções, sentimentos e desejos de outras pessoas como se fossem seus próprios. Um usuário dessa habilidade pode sentir exatamente o que outra pessoa está sentindo, sem a necessidade de contato direto. Você notou como ele tentou te defender? Ele captou suas emoções e percebeu que ambos estavam equivocados.

O riso radiante de Marshall era contagiante e tinha o poder de suavizar qualquer ambiente tenso.

— Então, pelo menos, temos um caminho menos complicado a seguir. — Respondi brevemente. Em comparação com Marshall, que continuava a falar sem parar, minha resposta foi concisa. Não tinha muito mais a acrescentar naquele momento.

Marshall parecia satisfeito com a conversa, mas sua mente estava em constante movimento.

— Bem, se precisar de mais alguma ajuda ou ideias, é só pedir. — Ele sorriu de maneira reconfortante, sabendo que estávamos juntos nessa jornada. — Agora, acho que podemos dar um tempo e deixar que eles processem tudo isso. Às vezes, o silêncio e o tempo são os melhores conselheiros.

Concordei com um aceno de cabeça, apreciando a perspicácia e o apoio de Marshall.

Enquanto estávamos ali, ambos refletindo sobre o que o futuro poderia trazer com a chegada dos gêmeos, uma sensação de determinação cresceu dentro de mim. Mesmo que o caminho fosse desafiador, sabia que não estava sozinho. Tinha Marshall ao meu lado, e juntos enfrentaríamos qualquer obstáculo que surgisse em nosso caminho como uma família verdadeira.

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Até a próxima 😘

União VampirescaWhere stories live. Discover now