Capítulo Um

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Marshall Aldrin:

Minha mãe estava me levando para o aeroporto, com as janelas do carro abertas para deixar a brisa quente entrar. O céu exibia um azul perfeito, sem nuvens à vista.

Ela cantarolava uma canção, claramente emocionada com a ideia de seu filho se mudar para outra cidade. Eu finalmente decidi buscar minha independência e aceitar uma vaga em Castlevania, a cidade que seria meu novo lar. Apesar das notícias constantes sobre o quão maravilhosa e bem desenvolvida era essa cidadezinha, eu estava nervoso com a ideia de deixar minha mãe para trás.

— Marshall — minha mãe disse pela centésima vez desde que entramos no carro — Você não precisa fazer isso. Nunca esteve longe de casa, e se muar para um apartamento a cinco horas daqui...

Encontrei seus olhos castanhos e afetuosos. Como poderia fazer isso com minha mãe amorosa, mas muitas vezes instável e descuidada? Afinal, ela tinha Tony, meu padrasto, ao seu lado para lhe fazer companhia e ser seu ombro amigo.

Tony e minha mãe se conheceram quando eu tinha apenas cinco anos, e eu descobri mais tarde que eram melhores amigos que haviam perdido o contato. Ele se mudou para a cidade e comprou uma livraria, além de estabelecer— se em uma casa no centro da cidade. Rapidamente, nos tornamos próximos, com ele agindo como um tio e pai substituto. Ele até comprou uma fazenda no interior, onde passávamos nossos verões.

Quando completei doze anos, eles finalmente se casaram. Minha mãe sempre pensou que isso poderia me afetar negativamente, já que eu nunca havia conhecido meu pai biológico ou ouvido falar dele. Mas, sinceramente, como poderia me importar com alguém que nunca havia cruzado meu caminho? Desde que eu tinha memórias, Tony ocupava o lugar de pai em minha vida.

Tony não estava presente desta vez devido a questões relacionadas à sua livraria, mas desde que partimos, ele não parou de enviar mensagens para o meu celular, expressando saudades e sugerindo que eu não fosse embora e permanecesse em sua casa para sempre.

Com convicção, respondi à minha mãe: "Eu quero fazer isso, você e o Tony não precisam se preocupar tanto. Tenho vinte e quatro anos e posso cuidar de mim mesmo." Sorri para mostrar que estava confiante, mesmo que por dentro estivesse nervoso com a iminente mudança de vida quando entrasse naquele avião.

— Sempre que precisar, pode ligar para mim ou para o Tony. Estaremos aqui para você — disse minha mãe, e eu ri, sabendo que era verdade.

— Vou fazer isso, não se preocupe — respondi, parando de rir.

— Te verei em breve — ela insistiu. — Você pode vir para casa quando quiser, não importa o problema, por maior que seja. Pode me contar tudo, não omita nenhum detalhe.

Eu podia ver em seus olhos a determinação da mulher guerreira que havia me criado sozinha e feito de tudo para me proporcionar a melhor infância possível.

— Não se preocupe comigo — insisti. — Vai dar tudo certo. Eu te amo, mãe. Diga ao Tony que logo estarei de volta, e ele não precisa se preocupar comigo arrumando um namorado.

Minha mãe riu, e percebi que havíamos chegado ao aeroporto. Saí do carro e peguei minhas malas. Ela me abraçou com força por um minuto antes de eu entrar no avião, vendo minha mãe ficar para trás.

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Quando o avião finalmente pousou, fui recebido por uma chuva repentina. Não vi isso como um presságio, algo que minha mãe ou até mesmo Tony provavelmente teriam interpretado dessa forma. Para mim, já havia me despedido dessa parte da minha vida.

Dirigi-me imediatamente em busca de um táxi, observando as pessoas sendo calorosamente recebidas por amigos e familiares ou se despedindo antes de embarcar em suas próprias jornadas.

Enquanto aguardava do lado de fora do terminal, as primeiras gotas de chuva começaram a cair e eu abri meu guarda-chuva. Um táxi apareceu em questão de segundos, e entrei, fornecendo ao motorista o endereço para o meu novo apartamento na cidade.

Troquei algumas palavras com o motorista sobre o clima instável, uma conversa casual que não evoluiu muito além disso. Enquanto olhava pela janela, a paisagem se desenrolava diante de mim, deslumbrante e completamente diferente da minha cidade natal. Tudo aqui era verde: as árvores, o musgo que cobria os troncos, os galhos que pendiam das copas, e a terra coberta de samambaias. Quando um raio de sol rompeu as nuvens, a beleza do lugar ficou ainda mais evidente, como se estivesse pronto para ser capturado em uma fotografia. Rapidamente, tirei uma foto e a enviei para minha mãe.

Finalmente, o táxi parou em frente a um prédio de treze andares. Cada apartamento tinha dois quartos, um banheiro e uma cozinha, todos já mobiliados com o essencial. A lavanderia estava localizada no subsolo do edifício.

Após uma breve conversa com o porteiro, um homem com cabelos castanhos mesclados com alguns fios platinados, minha entrada foi liberada. Carreguei minhas coisas até o meu apartamento no sexto andar. Ao abrir a porta, a realidade da minha nova vida se materializou diante de mim.

Meu quarto estava voltado para o lado oeste do edifício, com vista para o parque arborizado nas proximidades. Exausto, desabei na cama. O quarto tinha um piso de madeira polida, paredes brancas, teto em formato de cúpula e cortinas de renda nas janelas, que fechei para um pouco de privacidade.

No canto do quarto, havia uma escrivaninha onde eu colocaria meu computador. Ao me levantar da cama, percebi que precisava organizar minhas coisas um pouco melhor para iniciar essa nova fase da minha vida.

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Como não tinha muita coisa para fazer ou desfazer, acabei ligando para a agência de internet e agendando a visita de um técnico no final de semana para instalar o roteador. De volta à rua, decidi perguntar ao porteiro se ele conhecia algum lugar próximo para comer que fosse realmente bom.

Enquanto caminhava pela calçada em direção a um restaurante à distância, um carro passou por mim em alta velocidade, quase me atropelando. Instintivamente, gritei com o motorista, minhas palavras sendo abafadas pelo barulho ensurdecedor do veículo.

Um arrepio percorreu minha espinha enquanto observei o carro parar abruptamente na rua. Passei pelo veículo com cautela, preocupado com a possibilidade de o motorista estar zangado comigo por tê-lo insultado.

— Cretino, olha para onde está dirigindo. — Gritei com a minha voz sendo perdida pelo enorme barulho que o carro deixou.

Será que ele conseguiu ouvir o que gritei? Isso não fazia sentido, afinal o carro passou por mim em alta velocidade, fazendo um barulho ensurdecedor.

O carro finalmente retomou sua marcha, e meu coração voltou a bater em um ritmo normal, aliviado por ter escapado de um possível confronto e voltei para o prédio achando melhor pedir alguma coisa que possa comer através de uma conversa com o porteiro.

Ao chegar de volta ao prédio, decidi que era mais sensato e seguro pedir algo para comer através de uma conversa com o porteiro. Ele era uma figura amigável, com uma aparência que transmitia confiança.

Com um sorriso, me aproximei do balcão onde ele estava.

— Oi, desculpe o incômodo, mas você conhece algum lugar nas redondezas onde eu possa pedir algo para comer? Algum restaurante que você recomendaria? — perguntei com um tom amigável.

O porteiro acenou com a cabeça, demonstrando prontidão em ajudar.

— Claro, meu jovem. Há um restaurante italiano muito bom logo ali na esquina. Eles têm ótimas massas e uma pizza deliciosa. É uma escolha popular entre os moradores locais. É só seguir em frente e você vai encontrá-lo logo ali. É uma caminhada curta.

Agradeci ao porteiro pela recomendação e segui suas orientações, caminhando até o restaurante italiano. A ideia de uma boa refeição era reconfortante depois do encontro inesperado com o carro em alta velocidade.

Ao entrar no restaurante, fui recebido por um aroma tentador de massas e molhos. Era um lugar aconchegante, com mesas cobertas por toalhas xadrezes e iluminação suave. Sentei-me em uma das mesas e comecei a explorar o cardápio, ansioso para experimentar as delícias italianas que a cidade tinha a oferecer.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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