Capítulo Oito

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Daniel Vamps:

Agradecendo por termos uma biblioteca em nossa casa, dirigi-me até ela em busca de um livro que pudesse fornecer informações sobre alguns seres do submundo.

A Caçada Selvagem, um grupo independente de fadas, não tinha lealdade a nenhuma das Cortes terrenas, desdenhando algumas delas abertamente. Eles também não faziam acordos com os guardiões sobrenaturais. Os membros da Caçada percorriam os céus e a terra ao anoitecer, em busca interminável de uma caçada eterna. Antecipavam batalhas e aguardavam até que tudo chegasse ao fim, momento em que recolhiam os mortos. Às vezes, escolhiam as batalhas que travariam. A partir daqueles prestes a morrer, reivindicavam alguns para servi-los ou se juntarem a eles em suas caçadas. Além disso, novos caçadores eram recrutados uma vez por ano, quando um mortal era permitido ou tinha a oportunidade de se juntar a eles; no entanto, uma vez que se juntavam à Caçada, não podiam mais deixá-la, a menos que obtivessem permissão.

Os Caçadores podiam ser tanto fadas quanto mortos ressuscitados. As fadas que faziam parte da Caçada Selvagem não eram como as fadas comuns, pois eram imunes às fraquezas que afetavam outras fadas, como o sal, a terra de sepultura e o ferro. Eles não eram considerados imortais; em vez disso, eram descritos como não estando vivos nem mortos. O tempo não os afetava da mesma forma que afetava o mundo mortal; às vezes, o tempo passava mais rápido ou mais devagar para eles.

Os Caçadores eram uma variedade selvagem de cavaleiros. Alguns montavam cavalos negros com cascos escarlates, acompanhados por cães de caça negros e maciços. Outros preferiam formas modernas de transporte, como carruagens pretas puxadas por corcéis esqueléticos ou motocicletas reluzentes com detalhes em cromo e ossos. Utilizavam uma variedade de armas, como espadas, maças, lanças e arcos. Possuíam a heterocromia, com um dos olhos mudando de cor quando se juntavam oficialmente à Caçada. Os mais antigos tinham uma habilidade inata para as artes da luta.

Fechei o livro, percebendo que, embora fosse interessante, aquilo não era tão relevante. No entanto, a permissão especial concedida aos pais de Marshall para terem um filho nascido dessa união com um caçador da Caçada Selvagem levantava algumas questões.

Ao lado, encontrei uma explicação sobre os caçadores mundanos, seres humanos dotados de habilidades sobrenaturais para caçar e eliminar criaturas sobrenaturais por meio de magia. Embora fossem humanos, eram considerados uma espécie sobrenatural devido às suas habilidades, que incluíam força, velocidade, agilidade, reflexos e resistência. Tinham uma afinidade natural com armas de combate e caça.

Tudo se encaixava com o que tinha testemunhado Marshall fazer contra Ricky. No entanto, era algo que parecia desconhecido pela maioria das pessoas. Um caçador tendo um filho com uma feérica que se envolveu com uma bruxa era, no mínimo, incomum.

Joguei o livro de lado, percebendo que tudo aquilo não estava me cansando, mas certamente era o tipo de leitura que apenas meu irmão Teddy, meu pai e meu tio Aart poderiam apreciar.

— Por que jogou um livro no chão? — Tedy perguntou, batendo-me na cabeça com uma enorme enciclopédia com toda a força que tinha em seu corpo. — O que está fazendo aqui? Não tem mais nada para destruir?

Esfreguei a cabeça enquanto olhava furiosamente para o meu irmão.

— Idiota — resmunguei, enquanto minhas garras e presas surgiam em um acesso de raiva.

— Tedy, não exagere — ouvi uma voz atrás dele e, olhando por cima do meu irmão, vi um rapaz que acenou para mim. — Sou Nicolau, não tivemos a chance de nos conhecermos. Sou o companheiro do Tedy.

— Só o tinha visto lá fora, muito prazer — falei, recuperando a compostura. — Imagino que ele tenha vindo te mostrar alguns dos livros da nossa família. Não há muito que me interesse aqui.

União VampirescaWhere stories live. Discover now