Capítulo Dezessete

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Daniel vamps:

Na manhã seguinte, quando adentrei a cozinha, deparei-me com uma cena agitada. Marshall estava no jardim, imerso em seu treinamento, enquanto na cozinha, meu tio Aart estava envolvido em uma conversa animada com uma mulher e um homem. Os três riam das palavras de meu tio, e a mulher tinha uma semelhança notável com Marshall, o que me levou a concluir que era a mãe dele e seu padrasto.

— Vejo que resolveu se juntar a nós? — Meu pai falou ao surgir ao meu lado, e todos na cozinha se voltaram na nossa direção.

— Então você é o famoso Daniel Vamps — a mãe de Marshall dirigiu um sorriso para mim. — No caminho até aqui, Marshall me falou um pouco sobre sua personalidade.

Fui até a geladeira, pegando uma bolsa de sangue e dei uma mordida. O sangue desceu pela minha garganta, mas logo me vi correndo até a pia, lutando contra a vontade de vomitar.

— Ele está bem? — A voz do homem ecoou preocupada.

— Ele ficará bem. Isso acontece quando ele experimenta sangue que não é o de seu companheiro. — Meu pai explicou, e imaginei que estivesse sorrindo, mesmo ao dar uma notícia desse tipo.

— Marshall mencionou isso no carro que alugamos — a senhora Aldrin disse. — Ele não parece dar muita importância à sobrevivência.

— Daniel é uma pessoa teimosa, e nem tentamos mais discordar dele — Meu tio complementou. Recuperei-me gradualmente, passando a mão pela boca e finalmente engolindo o sangue, superando a vontade de vomitar.

Retornei ao quarto, agradecendo por ter uma visão parcial do jardim e pude observar o treinamento de Marshall. Afiei minhas garras contra a janela, sentindo o desejo de estar lá fora e testemunhar sua luta, onde ele demonstrava força e agilidade, enfrentando meu irmão.

Uma hora se passou, e a batalha entre eles não dava sinais de desaceleração, como se Ricky estivesse fazendo um esforço desesperado para vencer. Era absurdo, completamente ridículo, prestar tanta atenção nessa luta. Contemplei a ideia de me afastar da janela, desejando ignorar a sensação incômoda que a cena me provocava.

Então, subitamente, ouvi o som de uma trombeta.

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Isso fui surpreendido pelo estrondo que reverberou pelo ar. Visitas eram uma raridade em nossa casa. Poucas pessoas se atreviam a fazê-lo, e a maioria delas, mesmo que alegasse fazer parte do nosso círculo familiar antigo, nunca o fazia sem primeiro comunicar meu pai, que, por sua vez, nos alertaria. Entretanto, considerei que talvez alguém tivesse agendado uma visita com meu pai, que, de alguma forma, esqueceu de nos informar. Afinal, ele era conhecido por ser um tanto distraído.

Deixei o quarto e segui atrás de Geovane, e ao encontrá-lo, pude perceber a expressão intrigada em seu rosto, acompanhada por Tedy, que saiu da biblioteca, e David, que estava claramente confuso. Meus irmãos não tinham conhecimento do que estava acontecendo.

Quando chegamos à cozinha, outra trombeta ressoou nos céus claros e sem nuvens. A luz do sol refletiu nas rédeas prateadas de dois cavalos e em uma motocicleta, cada uma com um cavaleiro silencioso montado. Eles se aproximavam em um silêncio quase sobrenatural.

— Fadas. — David sussurrou, espantado. — Fadas com cavalos mágicos, e um deles até mesmo está numa motocicleta e olhando para os cães de caça.

Minha mão tremia enquanto eu abria a porta para o jardim, indo em direção a Marshall e o puxando para ficar atrás de mim. O primeiro cavalo era marrom, e o cavaleiro usava uma armadura dourada com detalhes brancos, cuja presença era a mesma que eu sentira no dia anterior. O segundo cavalo era negro, e o cavaleiro vestia uma túnica de marfim, enquanto o terceiro indivíduo na motocicleta, com o rosto à mostra e um sorriso direcionado a nós, estava rodeado por cães de caça.

União VampirescaWhere stories live. Discover now