Capítulo Dezenove

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Marshall Aldrin:

Fiquei encarando a janela por um tempo, esperando que Daniel retornasse, mas nada aconteceu. Finalmente, decidi descer para a sala e assistir à televisão com minha mãe e Tony. Conversamos um pouco, tentando descontrair, até que eles decidiram ir dormir.

Depois que eles se recolheram, voltei ao meu quarto e me deitei na cama, pensando nos eventos recentes e nas palavras trocadas com Daniel. O quarto estava silencioso, apenas o suave zumbido da noite lá fora. Fiquei ali, com meus pensamentos, até que o sono finalmente me envolveu.

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No meu sonho, a escuridão era opressiva, mas aos poucos uma luz fraca começou a emergir, moldando o mundo ao meu redor. A luz parecia irradiar de uma única fonte, e quando ela se fortaleceu, percebi imediatamente que era Daniel. No entanto, não conseguia ver seu rosto, apenas suas costas enquanto ele se afastava, deixando-me para trás na escuridão.

Por mais rápido que eu corresse em sua direção, minhas pernas pareciam pesadas como chumbo, e eu não conseguia alcançá-lo. Meus gritos de desespero se perdiam na escuridão, e ele permanecia inatingível, sem se virar para olhar para trás. A sensação de impotência me envolvia enquanto eu tentava desesperadamente alcançar a única luz em meio à escuridão.

Acordei perturbado no meio da noite, e o sono fugiu de mim como se eu estivesse sendo perseguido por sombras. Não consegui fechar os olhos novamente, e o tempo parecia se arrastar em uma eternidade inquietante. No restante da noite, aquele mesmo sonho assombrou meu sono, sempre com Daniel à distância, inalcançável e fugidio.

Eu me debatia nos lençóis, ele permanecia à margem da minha consciência, uma presença inatingível e misteriosa. O dia seguinte, carregado de tensão e perturbação, parecia uma extensão dos meus pesadelos noturnos, deixando-me com a sensação de que algo sombrio estava à espreita, pronto para se revelar.

— O que foi, querido? — minha mãe perguntou com preocupação evidente assim que ela se aproximou. — Você parece tão abatido.

— Não é nada, mãe. Apenas um pesadelo — respondi bocejando, esfregando os olhos cansados.

— Se quiser, posso preparar uma xícara bem forte de café para você — Tony sugeriu, com um sorriso gentil enquanto estendia a chaleira de café na minha direção. — Ou talvez algo para ajudá-lo a dormir um pouco mais.

— Estou bem, realmente. Obrigado, Tony — recusei, tentando afastar a sensação incômoda do meu sonho perturbador.

Minha mãe colocou a mão no meu ombro e olhou-me com carinho.

— Se precisar conversar sobre o pesadelo ou qualquer outra coisa, estaremos aqui, querido. — Minha mãe falou.

Assenti, grato pela preocupação deles. Com um último bocejo, me levantei da mesa e me preparei para enfrentar o dia, mesmo que a noite turbulenta ainda pairasse em minha mente.

O cão-fada latiu alto que fez com que levasse um susto quando ele passou por mim e minha mãe jogou um pedaço de panqueca para ele.

— Aqui está Utily — Minha mãe disse e fez uma expressão pensativa. — O que será que cães-fadas comem?

— Deve ser raça, teve sorte que comprei uma ontem a noite — Tony disse e ouvi ele abrir um saco de ração e colocou em uma vasilha que segundos Utily estava resmungando e apontou para um copo d'água. — Quer que eu misture?

O cão latiu e Tony fez isso, depois ouvi ele mastigando alegremente a ração úmida e outro pedaço de panqueca.

— Até que ele é fofinho — Minha mãe disse e Utily parou de comer e ficou parado no lugar. — O que você quer?

União VampirescaWhere stories live. Discover now