Luto

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***

    5 meses se passaram. Minha mãe estava com a barriga enorme. Era um menininho que ela esperava como em meus sonhos.

    Era madrugada quando ouvi alguns gritos, levantei assustada e fui correndo para o quarto de minha mãe. Parece que ela já ia ter o bebê, suava muito.

— O que eu faço? Gritava Brooke.

— Ta doendo amor, me leva pro hospital pelo amor de Deus! Minha mãe implorou e ele a pegou no colo.

    Eu peguei a bolsa do bebê que ela já havia arrumado, e saímos de casa, todos de pijama. Brooke colocou minha mãe no banco de trás e eu fui na frente com o mesmo, ele correu para o hospital como um adoidado, devo lembrar que eram 2h30 da manhã.

    Ao chegar Brooke avisou na recepção o que acontecia e a mamãe foi levada pra emergência. Ficamos ali de pijama mesmo aguardando alguma informação, mas ninguém falava nada, eu já estava muito aflita, não conseguia ficar parada.

    Viera uma enfermeira correndo com uma paleta na mão, ela parecia estar bem nervosa, e tentou explicar para nos o que havia acontecido:

— Sr. Brooke, e Srt. Miller, a Sra. Miller está com uma hemorragia interna, e precisa ser operada as pressas, vamos tentar fazer o parto prematuro e eu preciso da autorização de algum de vocês dois.

    Brooke pegou a paleta da mão da enfermeira e logo a assinou, devolveu-lhe e a enfermeira se retirou. Abracei Brooke pela segunda vez em minha vida e comecei a chorar.

— Vai ficar tudo bem com ela. Me abraçou forte tentando ter forças para me falar aquilo. Se passaram uma, duas, três horas e nada de nos darem informações. Até que veio um medico, com uma cara não muito boa, parou em nossa frente e cruzou os braços:

— Sr. Brooke e Srt. Miller? Nos olhou e retirou seu óculos.

— Sim sim sim. Respondeu Brooke nervoso.

— Tenho duas notícias, uma boa e uma ruim.

— Fala logo Doutor! Gritei.

— O bebê nasceu, está saudável, só vai precisar ficar de observação, mas está bem.

— E minha mulher?!

— É difícil falar isso, mas a Sra. Miller está morrendo! Precisamos fazer uma transfusão de sangue, mas não temos sangue do tipo dela aqui no hospital.

— Minha mãe vai morrer? Desmoronei por completo. Primeiro perder meu pai e agora minha mãe? Isso quer dizer que eu ficaria sozinha no mundo...

— Comunique os parentes mais próximos, peça para que eles venham ao hospital fazer o teste e saberem se são compatíveis ou não com o sangue da sua mãe! Se retirou.

    Brooke pegou seu celular e eu peguei o meu, comecei a ligar pra tudo quanto é pessoa que eu conhecia, e acredito eu que Brooke fazia o mesmo. Começaram a aparecer colegas e amigos da nossa familia para ajudar, depois de umas duas horas os tios de Brooke chegaram e trouxeram consigo o Guilherme, quando o vi corri e o abracei - esqueci de comentar que eu e o Guilherme continuavamos a nos ver, geralmente uma vez por mês, mas não havia se tornado nada serio, só beijos e carícias, nunca passava disso.

    Ele tentou me consolar de todas as maneiras, mas eu não conseguia me acalmar e o tempo estava passando e nada de chegar um doador. Quando vimos o medico vir correndo com a paleta na mão:

— Encontramos um doador! Assine aqui por favor sr. Brooke, entregou a paleta para ele que assinara no mesmo momento.

    O medico voltou correndo e ficamos lá esperando por algum sinal ou algo do tipo. A enfermeira perguntou a mim e a Brooke se queríamos conhecer o pequeno menino que havia nascido.

    Fomos até a maternidade e ele estava deitado em seu berço dormindo, enquanto eu ficava com ele, Brooke arrumava os papeis de nome e etc. Se chamaria Arthur Miller Brooke, meu pequeno Arthur.

    O peguei no colo e ele não me estranhou, ao contrário, acho que gostou de mim. Mas não podíamos ficar ali por muito tempo e tivemos que nos retirar e voltar para a recepção e eu voltei para os braços de Guilherme.

Se passaram duas horas e já eram 10h da manhã, quando o médico voltara:

— Fizemos todo o possível, mas a sra. Miller infelizmente faleceu.

    Meu mundo desabou, mamãe havia morrido e não dera nem tempo de me despedir da mesma. Falar um ultimo adeus. Lembro de ter abraçado Guilherme bem forte e logo depois de ter caido em seus braços desmaiando em seguida.

O PadrastoWhere stories live. Discover now