Distância

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    O vôo foi tranquilo, porém, bem cansativo. O avião não desceu nenhuma vez, e eu tive dois enjôos, tive que correr pro banheiro, sem falar da descida, que me deu tontura. O Arthur amou o avião, quis ficar o tempo todo na janela, já o Gui quase não falou nada, estava no notebook, disse que estava trabalhando.

***

    Depois de ter pego as bagagens fomos pegar um táxi, tinham vários idiomas naquele aeroporto e eu estava completamente perdida dentre a multidão. Fomos para a casa na qual Guilherme tinha adquirido para que pudesse fazer o intercâmbio.

    Era grande e espaçosa, mas eu me sentia como intrusa lá juntamente ao Arthur, fiquei a pensar no vôo tudo sobre o nascimento do meu bebê, será que ele nasceria aqui? Em meio a desconhecidos?

    Era madrugada aqui, para ser mais exata, eu ainda não estava informada do fuso horário (+4 horas), mas deveria ser noite lá no Brasil. Iria arrumar minhas coisas e depois eu ligaria para Brooke.

    Iria ter um quarto meu e dentro do mesmo, o Guilherme já havia providenciado um berço para Arthur, coloquei todas as minhas coisas no guarda roupa. Não estava com sono, mas já havia colocado Arthur para dormir. Aproveitei a noite de insônia para arrumar minhas coisas. Demos uma pausa lá pelas 8hrs da manhã para comer, mas depois voltei.

     Acabamos de organizar a casa toda 11h, ia ligar para Brooke, já deveria estar preocupado, liguei o notebook e o chamei no skype, demorou um pouco para atender, mas atendeu. Estava com uma cara de sono.

— Chegaram agora? Cossou os olhos, olhando com dificuldade para a tela do computador.

— Não, chegamos pela madrugada. Mas tive que arrumar as coisas, ainda estava dormindo? O sol já está no alto aqui! Olhei para a janela.

— Sim, aqui ainda são 7hrs! Bocejou.

— Me perdoe! Ligarei amanhã, não sabia que era tão tarde. Será difícil me acostumar com o fuso.

— Cadê o Arthur? Perguntou curioso.

— Ta aqui! O chamei e ele veio engatinhando até mim.– Da oi pro papai! Peguei ele no colo. Ele tocou na tela sorrindo e disse "oi papa". Brooke sorriu e conversou um pouco com ele, mesmo não entendendo o que ele queria dizer.

— Amanhã a gente se fala Brooke, vai dormir, você deve estar cansado!

— E com saudade, está horrível está casa sem vocês! Eu amo você Amanda.

— Também te amo Michael! Quero voltar... Suspirei.

— Em breve! Você vai ver. Bocejou e mandou beijo.— Até amanhã! Beijo meu pequeno! Desligou o Skype.

    Fechei o notebook e uma dor imensa invadiu meu coração. Era uma saudade incontrolável, uma dor que só eu poderia sentir. Me senti assim quando perdi mamãe. Brooke foi a única coisa que me sobrou e agora eu estava distante dele!

    Guilherme pediu comida em um restaurante que tinha ali perto e comemos. Estava bom, era um macarrão ao molho branco, tinha algumas ervas no meio também, que tornavam o prato mais saboroso.

    Ajudei ele a arrumar a bagunça, e dei banho no Arthur, deixei ele brincando com suas coisas e fui tomar um banho, ou seja, pensar um pouco na vida. Passei a mão na barriga, meu bebê, o que seria? Menino ou menina? Queria uma menina, para pentear o cabelo, colocar laços, falar sobre meninos. Comprar várias roupas para ela.

    Saí do banho e coloquei um pijama discreto e fiquei na sala brincando com o Arthur, estava estampado em seu rosto a saudade que ele sentia do pai, mas se distraiu dentre os brinquedos.

    Quando entardeceu, dei de mamar para o Arthur e o coloquei para dormir, não estava com um pingo de sono, então fiquei brincando com as mexas de meu cabelo. Durante a viagem, Guilherme disse que ligações para o Brasil eram gratuitas para telefones fixos, fazendo as contas do fuso, a diferença de horário era de 4 horas, se aqui agora eram 00h, lá ainda eram 20hrs, estava pensando em ligar para Brooke, precisava conversar com alguém.

    Peguei o telefone e pesquisei na internet como ligava para o Brasil, disquei os números e esperei ele atender. De primeira ele não atendeu então resolvi tentar mais uma vez. No segundo toque ele atendeu, corri para o quarto e fiquei deitada na cama conversando com ele.

— Qual será o nome? Rolei na cama.

— Nome de que amor? Bocejou do outro lado.

— Do nosso bebê, se nascer menina? Fiquei pensando.

— Ãhn... Pode ser Claudia, em homenagem a sua mãe.

— Ah amor, Claudia eu acho que não iria combinar, poderia ser Clara, parece com Cláudia, porém é mais suave.

— Pode ser também, e se for menino? Pode ser Davi?

— Lindo amor, esse nome! Pode ser. Sorri, ouvi ele bocejar novamente do outro lado então resolvi desligar, já estava a duas horas conversando com ele.

— Vai dormir amor! Te amo. Desliguei o telefone quando ele disse o mesmo. Coloquei ele na base e voltei para a cama, me sentia melhor e então dormi.

O PadrastoWhere stories live. Discover now