Capítulo Dois - Galera Do Sul

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Nova Orleans, Louisiana

O frio não era tão rigoroso em Nova Orleans como em Chicago, ainda mais em Fevereiro, com o fim do inverno se aproximando. Mia e Adam Ruzek caminhavam pelo St. Louis Cemetery de mãos dadas, e com a mão livre a ruiva acariciava a barriga de quatro meses de gravidez, que havia crescido e ganhado forma.

O lugar era silencioso e solitário, exatamente como Mia se lembrava, e apesar de tudo que significava, era um lugar bonito, era pacífico de uma forma que ela nunca soube explicar, mas sentia dentro de si. Nos meses após a morte de Sara Price, Mia visitava o cemitério sempre que a saudade era grande demais para suportar, caminhava até o túmulo da mãe e se permitia chorar até não ter mais lágrimas, se permitia falar sobre tudo que guardava dentro de si, tudo que não conseguia dividir com mais ninguém.

Contudo, naquele dia, a dor não apertava seu coração, pelo contrário. Ao parar em frente ao túmulo, com os dedos de Adam entrelaçados aos seus, Mia sentiu que visitava sua melhor amiga, uma amiga que não via há muito, muito tempo. Para Mia, Sara estava presente ali, em seu coração, sentia que a mãe podia ouvi-la.

— Oi, mamãe. — Um pequeno sorriso brincou em seus lábios enquanto ela soltava a mão do namorado e abaixava, colocando uma tulipa branca no túmulo. — Eu senti saudades.

Adam a observou, ficando um pouco afastado para dar espaço à Mia. Seu coração apertou um pouco por saber que jamais conheceria a sogra, que nunca sentaria com ela por horas e ouviria as histórias da infância de Mia, que Sara nunca conheceria o bebê e o mimaria da forma que as avós costumavam fazer. Adam comprimiu os lábios e suspirou.

— Esse é o Adam, meu namorado e pai do meu bebê. Fizemos essa viagem porque eu queria te visitar, e mostrar um pouco da cidade a ele. — Algumas lágrimas rolaram pelo rosto de Mia quando ela acariciou a barriga por cima do tecido de lã do suéter que usava. — Parece loucura, não é? Você vai ser avó. — Mia tocou a lápide onde estava escrito "amada mãe" e respirou fundo. Tudo que mais queria era que Sara pudesse ser avó. — Eu só queria que soubesse o quanto sou grata por você ter me dado uma chance de sair daqui, ir para longe do meu pai. Eu me encontrei em Chicago, encontrei o amor e uma família. Lexi está lá comigo, e apesar de algumas dificuldades, estamos bem. Eu te amo, mãe. Para sempre.

Mia fechou os olhos, sentindo mais lágrimas quentes molharem seu rosto, e uma brisa a atingiu, mas não era gelada como as brisas do inverno. Era uma brisa aconchegante, como se sua mãe quisesse mostrar que estava sempre por perto e que a amava incondicionalmente. Ao sentir, Adam fechou os olhos, prometendo a Sara que iria cuidar de Mia e do bebê, que iria protegê-los e amá-los até o fim de sua vida.

***

— Tudo bem? — indagou Adam, após caminharem em silêncio por mais ou menos dez minutos até o French Quarter.

— Estou sim, obrigada. — Mia sabia que havia muito mais naquela pergunta, e Adam também.

O policial se inclinou um pouco na direção de Mia, selando os lábios da ruiva, que sorriu em resposta.

— Bem vindo ao French Quarter, amor.

— Agora sei porque você fala tanto sobre esse lugar. — Adam olhou ao redor com um sorriso no rosto. — Gostaria que pudéssemos ficar mais do que apenas um final de semana.

O ar de Nova Orleans era diferente do de Chicago, era contagiante e apaixonante, como se houvesse música e sorrisos em todos os cantos.

— Vamos ter mais oportunidades para isso, tenho certeza. — Mia piscou, sentando ao lado dele em um banquinho. Adam colocou a mão sobre a barriga dela, de forma protetora, e ela sorriu. — Quando voltarmos para Chicago, vou marcar uma consulta para fazer ultrassom.

Além Da Liberdade {ONE CHICAGO - LIVRO DOIS}Where stories live. Discover now