Além Da Liberdade {ONE CHICAGO - LIVRO DOIS}

Capítulo Trinta e Um - Sorte Dupla

— A comandante decidiu te afastar do caso — informou Hank Voight, sem delongas, após Adam Ruzek entrar em seu escritório e fechar a porta atrás de si.

— Como é? — O policial arqueou a sobrancelha, ainda absorvendo as palavras ditas pelo sargento. — Não podem me tirar desse caso.

— Você está muito envolvido, Adam — Voight enfiou as mãos nos bolsos da calça jeans e deu de ombros, mascarando o próprio estresse. — E levando em consideração o acontecido na sala de interrogatório, deveria agradecer por somente ser afastado do caso.

Adam passou a mão pelo cabelo.

— Eu vacilei, sei disso, mas sargento... — Ruzek respirou fundo, tentando organizar os próprios pensamentos e entrelaçando os dedos na nuca. — Ela ameaçou a minha filha.

Não havia sido uma ameaça direta, como ele bem sabia, mas estava naquele trabalho há tempo suficiente para entender além de palavras.

— O que você faria se fosse o Justin ou seu neto?

O silêncio durou apenas alguns segundos, mas era o suficiente para se tornar esmagador. Foi Voight quem o quebrou, com uma frase simples que tinha um peso indescritível.

— Você é melhor do que eu.

Os dois se olharam, soltando a respiração pesadamente ao concluírem que aquele era o fim da conversa. Adam assentiu e virou para sair do escritório, mesmo a contragosto.

— Vou permitir que faça trabalho interno. Precisamos de toda ajuda possível neste caso.

— Obrigado, sargento.

Adam sabia que Voight estava indo contra uma ordem direta, por isso não questionou sua decisão, apenas aceitou e agradeceu. Afinal, trabalho interno era melhor do que estar completamente fora.

— Hank, o Dr. Charles está aqui — Alvin Olinsky comunicou assim que a porta foi aberta e Adam passou pelo detetive, recebendo um aperto no ombro em cumprimento.

— Certo, vamos lá — Voight saiu junto com Alvin e fechou a porta atrás de si. — Daniel, obrigado por vir — apertou a mão do médico em um cumprimento e os dois trocaram sorrisos simplistas.

— Ainda não providenciaram a minha digital na porta da frente? — Daniel Charles brincou, rindo baixo para a equipe.

— Vamos dar um jeito nisso. — Voight gesticulou na direção dos colegas de Nova Iorque — Estes são a tenente Olivia Benson e os detetives Elliot Stabler e Nick Amaro, da UVE de Nova Iorque.

— Daniel Charles — o homem acenou levemente com a cabeça e recebeu o mesmo gesto em resposta. — Então, eu consegui analisar o material que vocês pediram. Tem algo novo para acrescentar?

— Na verdade, sim — Nick Amaro se pronunciou, sentando na ponta da mesa. — Tutuola ligou ainda há pouco. Ao que parece, eles conseguiram estabelecer um padrão com as informações que obtivemos.

Olivia gesticulou para que Nick prosseguisse.

— Trevor foi para o reformatório porque espancou a caixa de uma loja de conveniência após um furto, certo?

Stabler assentiu, cruzando os braços e acompanhando a linha de raciocínio. Conhecia Fin Tutuola bem o suficiente para saber que ele não deixava nenhum detalhe passar, nenhuma ponta solta.

— Então, depois de muita pesquisa, Tutuola descobriu que a caixa era branca, tinha cabelo castanho e olhos claros. Isso soa familiar?

— As mesmas características físicas das vítimas de Manhattan — Elliot concluiu, trocando um olhar com Olivia, que suspirou pesadamente antes de falar.