Além Da Liberdade {ONE CHICAGO - LIVRO DOIS}

Capítulo Vinte e Oito - A Casa Da Zona Sul

Nova Orleans, Louisiana

— Los Angeles ou Havaí? — Jade indagou, deitando de bruços e apoiando os cotovelos na cama para olhar melhor o homem ao seu lado.

Kevin recostou um pouco mais na cabeceira, virando o rosto para ela e arqueando a sobrancelha.

— Para onde eu deveria me mudar e começar a solucionar crimes? — mordeu o lábio inferior ao sorrir. — Já que tenho me saído bem como investigadora.

— Você anda assistindo séries demais — o policial fez uma careta, mas também sorriu, entendendo as referências que ela havia usado. — Mas eu tenho outra sugestão.

— Hm, estou ouvindo — a morena depositou um beijo rápido no peito dele e voltou a fitar seus olhos castanhos.

— Que tal... — Kevin mordeu levemente o lábio inferior e colocou o cabelo dela para trás da orelha — Continuar solucionando crimes em Chicago ao lado de um policial que não mediria esforços para fazer você se sentir tão bem quanto ontem à noite?

Os dois riram baixo enquanto flashes da noite anterior brincavam em suas mentes como uma carícia sensual.

— Você sabe como convencer uma garota — Jade piscou, mas seu semblante sorridente murchou um pouco, chamando a atenção de Kevin, que suspirou e umedeceu os lábios antes de falar.

— Quem foi? — O tom de voz dele era baixo, como se não quisesse iniciar aquela conversa e ao mesmo tempo não tivesse escolha.

Jade o encarou com as sobrancelhas franzidas em uma expressão confusa.

— Quem quebrou seu coração e te deixou tão fria e insegura?

A jovem mulher desviou o olhar, parecendo mais interessada nos pequenos círculos que seu dedo indicador fazia na pele escura de Kevin do que na resposta que estava prestes a dar.

— Foi uma garota — confessou. Pela primeira vez, não sentindo a necessidade de esconder qualquer coisa dele.

Kevin merecia saber, independente do que fosse acontecer a seguir. Ela queria compartilhar com o homem a parte de sua vida que apenas Eric conhecia e guardava a sete chaves.

— E fui eu que quebrei o coração dela.

Kevin endireitou o corpo quando Jade sentou e cobriu o corpo com o lençol, como se quisesse se proteger das lembranças que a atingiam.

— Quando me mudei para Iowa e comecei a faculdade, conheci uma garota chamada Selena. Os pais dela eram mexicanos, nós gostávamos das mesmas músicas, mesmos filmes, saíamos para dançar e não voltávamos para casa até nossos pés não aguentarem mais tocar o chão. Não foi difícil nos aproximarmos de uma forma romântica — Jade piscou os olhos algumas vezes e sorriu levemente, mas não havia brilho em suas orbes castanhas. — Mas com o tempo eu percebi o quão problemáticas as coisas estavam se tornando. Selena me tornou o centro do mundo dela e eu deixava claro o quanto não achava isso certo.

Kevin a fitou com curiosidade e tocou seu braço com um pouco de receio. Mas Jade não o afastou, pelo contrário, achou o contato bem vindo.

— Eu era jovem e imatura, me vi presa naquela situação com a qual não sabia lidar, não soube identificar os sinais e não a amei o suficiente — limpou uma lágrima com as costas da mão direita e fitou o teto, respirando fundo antes de prosseguir: — Uma noite, eu pedi que ela me encontrasse e então disse que precisava de um pouco de tempo. Selena se desesperou, segurou minhas mãos e implorou para que eu não a deixasse — Jade passou as mãos pelo cabelo com um pouco mais de força que o necessário. — Eu insisti que não era um adeus, mas vi que algo havia mudado pela forma que ela me olhou. E a última coisa que Selena disse foi que me amava. Deus, eu senti a dor na voz dela!