Capítulo Dezenove - Um Caso Encerrado

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Chicago, Illinois
29 de Outubro de 2019
1 ano depois

— Olha, foi mal, cara! — Lexi entrou no Distrito 21, seguindo seu parceiro, Jacob, que andava a passos rápidos na frente.

— Sério, Lexi? Só "foi mal"? — Jacob fez aspas no ar, nitidamente irritado, e finalmente parou de andar. — Você confundiu as ruas de novo!

— Eu sei, desculpa. — A loira suspirou, cansada, colocando os fios de cabelo que haviam soltado do rabo de cavalo para trás da orelha. — Ainda estou aprendendo.

Aprendendo?! — Jacob riu ironicamente, entrelaçando os dedos atrás da cabeça e desviando o olhar dela. — Você está nesse trabalho há meses, e não consegue decorar nomes de ruas!

— Eu estou realmente me esforçando, mas é... — Lexi piscou algumas vezes na tentativa de afastar as lágrimas e organizar os pensamentos, que pareciam ainda mais confusos que o normal. — É difícil, às vezes, eu não estou pedindo nada surreal, só um pouco de paciência.

— Olha só, não me interessa se o seu amiguinho e o seu cunhado são os garotos propaganda da Inteligência — o homem tocou os ombros de Lexi e fitou os olhos confusos dela antes de concluir. — Se não sabe fazer o seu trabalho, não atrapalhe o meu.

Sem esperar uma resposta, Jacob se afastou, sumindo rapidamente do campo de visão de Lexi, que sentiu uma lágrima escapar e molhar seu rosto.

— Tudo bem? — Trudy Platt indagou de trás do balcão, obviamente havia ouvido toda a discussão, mas decidiu por não se intrometer, preferindo resolver tudo depois.

— Tudo sim, não se preocupe, sargento. — Lexi limpou a lágrima com as costas da mão direita e forçou um sorriso simplista que não chegou aos seus olhos.

— Anda, vai pegar um ar e esfriar a cabeça. — A mais velha ordenou, com um brilho complacente nos olhos, e Lexi assentiu em agradecimento, saindo do Distrito o mais rápido que conseguiu.

Na rua, o vento era frio, porém parecia envolver Lexi em um abraço.

Há dez meses ela começou a trabalhar como patrulheira no Distrito 21, desde então, todos a haviam acolhido, ensinado e ajudado da melhor forma possível, até mesmo quando puxões de orelha eram necessários. Mas nunca, em hipótese alguma, ela havia sido tratada daquela forma. Ou melhor, humilhada. E aquele momento a fez questionar se realmente tinha tomado a decisão certa ao entrar para a polícia.

A voz de Matt Casey em sua cabeça dizendo o quanto ela era capaz foi ofuscada por todos os comentários agressivos e preconceituosos de Jacob, seu suposto parceiro. Todos os comentários que ela ouviu calada por dez meses.

Lexi abaixou a cabeça, permitindo as lágrimas se libertarem, e abraçou o próprio corpo, se sentindo pequena demais, frágil demais. Talvez Jacob estivesse certo e ela não servisse para esse trabalho. Não importando todas as prisões que havia efetuado, todas as vezes que auxiliou até mesmo a Inteligência e todas as vezes que correu atrás de suspeitos até as suas pernas quase não existirem mais.

— Alguém chutou o seu cachorro? — A voz de Alvin Olinsky tirou Lexi de seus devaneios, fazendo-a tomar um leve susto.

A garota fungou, forçando um sorriso na direção do homem e limpando as lágrimas rapidamente.

— Só uma briguinha com meu parceiro, detetive, nada demais. — Lexi desviou o olhar dele, sentindo que trairia sua própria mentira se o fitasse por muito tempo.

— Sabe há quantos anos eu estou nesse trabalho, garota? — Olinsky bebeu um gole de seu café, fitando a rua. — Se quiser conversar com alguém, posso chamar o Halstead ou o Ruzek.

Além Da Liberdade {ONE CHICAGO - LIVRO DOIS}Where stories live. Discover now