Capítulo 13: Caverna.

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Lyra

Abri a porta do quarto, deixando que Kenji entrasse, olhando ao redor com uma expressão curiosa. Ele ficou em silencio o caminho todo que pegamos até a caverna, depois de sairmos do navio de Henry.

—Acha que Kayla vem até aqui atrás de mim? Nessa caverna? —Indagou, rindo.

—Ela sabe sobre esse lugar. Você deve saber disso, já que é amigo dela. —Afirmei, vendo ele se jogar na cama, não parecendo nem um pouco preocupado.

—Já que vai me deixar preso nesse quarto, que não tem nem uma janela. —Ele olhou ao redor com uma careta. —Pode tirar essas correntes de mim?

—E deixar você usar seu poder contra nós? —Arqueei as sobrancelhas e ele revirou os olhos, soltando um suspiro pesado.

—Não vou matar vocês, relaxa. —Murmurou, se sentando na cama e olhando pra mim. —Não acha que se eu quisesse vocês mortos, já não teria aparecido aqui com o Axel e a Kayla? Como você mesmo disse, ela sabe desse lugar. Ela sabe de tudo.

Olhei pra ele por alguns segundos, balançando a cabeça negativamente e então sai do quarto, trancando ele por fora. Não daria a mínima chance de ele fugir ou fazer algo contra nós. Desci as escadas até a sala, vendo os outros reunidos no sofá.

—Não pensei que realmente fossem fazer isso. Achei que desistiriam no final. —Miriam murmurou, caminhando até mim e me entregando uma xícara de chá.

—Por enquanto não se mostrou uma péssima ideia. Vamos ver se vamos conseguir algo com isso. —Diana afirmou, enquanto eu olhava de Miriam para Alex.

—E o livro das revelações? —Os dois balançaram a cabeça negativamente, me fazendo curvar os lábios em frustração.

—É uma língua muito antiga. Não tenha muita gente que a conhece ou a estudou. Normalmente magos. Mas... —Alex deu de ombros. —Estamos tentando.

Caminhei até o sofá, me sentando ao lado de Diana, deixando ela trazer sua mão até a minha e entrelaçar nossos dedos. Olhei pra ela com um sorriso e me virei para Cedric, vendo ele com uma expressão pensativa, olhando para as chamas da lareira.

—O que deu nele? —Indaguei, e Diana deu de ombros.

—Tá assim desde que levou comida pro príncipe lá no navio. —Murmurou pra mim, baixinho. —Já perguntei se estava tudo bem e ele disse que sim.

—O nome dele é Kenji. —Trevis falou, chamando nossa atenção. Ele passou por nós e se sentou no sofá ao lado de Cedric. —E acho que ele está falando sério quando diz que a Kay não vai aparecer.

—Por que acha isso? —Indaguei, cerrando os olhos. —Você ficou um tempo lá embaixo conversando com ele. Ele te disse algo?

—Ele disse que ela se importa comigo e com o Cedric e, que não quer nos machucar. Ela sabe que estamos atrás das safiras e não vai aparecer para não... brigar com a gente. —Trevis afirmou, engolindo em seco. —Acredito nele.

—Eu não. —Diana afirmou. —Ele é filho da rainha suprema. Ela está acabando com nosso mundo. Se ele está tranquilo com isso, então não é nem um pouco confiável.

—Ele falou isso pra mim também. —Cedric finalmente esboçou uma reação, se virando para nós. —Que ela se importa com nós dois. E também, que ela não vai atacar a rainha porque tem seus próprios acordos com ela.

—O que isso significa? —Indaguei, olhando pra ele com atenção. —Ela tem acordos com a rainha? Por que?

Cedric deu de ombros, voltando a atenção para a lareira, parecendo fora de órbita.

—Eu não sei. Ele só me disse isso. Mas alguma coisa tem aí, certo? Kayla se tornou imortal por conta da rainha. Pode ter dado sua palavra que não ia interferir no reinado dela em troca disso. —Cedric deu de ombros. —Não tem como sabermos.

—Mas porque a rainha não foi atrás das safiras? Não acredito que ela não tenha o mínimo interesse que seja nelas. —Diana comentou, pensativa. —Todos os reis tinham interesse nela. Aposto que a rainha também tem.

—Uma coisa Cedric errou. —Ele olhou pra mim com as sobrancelhas erguidas. —Temos como saber. É só perguntar pro filho dela, com muita educação.

—Quer colocar uma faca no pescoço dele? —Diana olhou pra mim e riu. —Gosto da ideia.

—Posso tentar só perguntar. —Trevis murmurou. —Ele conversa comigo numa boa. Posso tentar perguntar.

—Não. —Cedric negou com a cabeça, ficando de pé. Vi o momento que ele engoliu em seco, parecendo subitamente nervoso e ansioso. —Eu faço isso.

Ele saiu da sala e subiu as escadas, antes de qualquer um de nós pensasse em dizer alguma coisa. Olhei para Diana, vendo que ela parecia tão confusa quanto eu. Enquanto pensava naquilo, beberiquei meu chá, pensando no que deveríamos fazer com essas novas informações, já que ainda não tínhamos como usar o livro das revelações.

—Tenho que ir até o reino. —Diana sussurrou ao meu lado. —Quero saber como as coisas estão no castelo.

—Não sei se é uma boa ideia. —Afirmei, vendo ela morder o lábio e fechar os olhos com força. —Mas vou com você se quiser realmente ir.

—Quero. —Ela sorriu de leve e olhou pra mim, dando um beijo nos meus lábios. —Só preciso falar com uma pessoa que trabalhava com o meu pai. Tenho certeza que ele pensa que estou morta. Mas se souber, talvez tenhamos alguma vantagem no reino.

—Conseguindo mais aliados. —Afirmei, e ela concordou com a cabeça.

—Conseguindo mais apoio do povo. —Completou.



Continua...

Um Mundo de Sombras / Vol. 2Where stories live. Discover now