Capítulo 50: Ruínas de um castelo.

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Estávamos caminhando pela floresta a horas e até aquele momento nada havia sido encontrado. O som dos pássaros era a única coisa que nos acompanhava, já que ninguém ali parecia interessado em conversar ainda. O silencio sempre parecia a melhor opção.

Olhei para o horizonte, vendo por cima da copa das árvores, o que parecia ser a ponta de uma construção de pedra. Henry apontou pra lá, fazendo todo mundo começar a andar mais rápido. O vento estava batendo contra as árvores e folhas, fazendo sussurros ecoarem pela floresta.

No meio da floresta, certado por plantas trepadeiras, musgos e arbustos, um castelo estava escondido. Algumas paredes caídas, deixando a luz infiltrar para dentro dos corredores, escadarias e salas. Eram apenas ruínas do que um dia foi um castelo. Com torres cercando muros caídos, corvos cantando para anunciar a chegada de estranhos.

—Nosso mundo possuía algum outro reino e eu não sabia? —Indaguei, me virando para encarar Axel, que estava olhando para aquelas paredes de pedra com muito interesse.

—Não que eu saiba, Kay. Então estamos na mesma. —Afirmou, erguendo as sobrancelhas pra mim, antes que começássemos a caminhar na direção das escadarias daquele castelo.

—O lugar é grande. —Kenji comentou, quadro paramos no final da escadaria, dando de cara com o que um dia deveria ter sido um salão de festas. —Talvez se a gente se separasse.

—Nunca é uma boa ideia se separar. —Lyra retrucou, fazendo ele soltar uma risada.

—Só tem a gente nessa ilha. Não é como se a morte fosse aparecer para nós atacar. —Falou, fazendo Lyra exibir uma expressão cética. —Todos aqui tem poderes.

—Eu não. —Henry erguer a espada, girando ela na sua mão.

—Nem eu. —Vlad ergueu uma garrafa de rum, fazendo todo mundo revirar os olhos ao mesmo tempo. —Vamos nos separar, vai ser divertido.

Ele sumiu dentro aquele salão, puxando uma faca da calça. Olhei para Axel, vendo os outros começarem a se separar também. Ele tocou minha mão, abrindo um sorriso e deixando um beijo na minha testa.

—Se precisar, o que eu acho improvável, grite que eu irei até você. —Murmurou, antes de desaparecer no meio das sombras.

—Lembrem, estamos procurando uma flor mágica. —Kenji exclamou de algum ponto do castelo, fazendo a sua voz viajar por aquelas paredes como um eco infinito que me seguiu enquanto eu caminhava sozinha por um dos corredores.

Parei no meio do corredor, estendendo a mão pra frente para observar as quatro safiras surgindo ali. Engoli em seco, deslizando meus dedos sobre elas, sentindo a magia fluir pelo meu corpo, como uma onda de adrenalina, me deixando pronta para lutar com o que quer que fosse. Então segui a diante, encarando aquelas paredes tomadas pela floresta.

[...]

Não sei quanto tempo fazia que eu estava caminhando por aquele castelo, percorrendo corredores, subindo escadas e encarando quadros antigos apagados pelo sol e o tempo. Havia algo de estranho naquele castelo, como uma história mal contada. Um lugar esquecido no tempo. Se era um antigo reino ou não, jamais saberíamos, porque aquele castelo não passava de uma casca oca e vazia, sem nada para revelar sobre o passado.

Parei de andar quando cheguei a um cômodo que parecia ter sido um quarto de uma garota. A cama estava de pé ainda, mas as raizes e plantas trepadeiras cobriam tudo. Armários destruídos, espelhos rachados. Quadros no chão. Parei na frente de uma penteadeira, removendo as telhas de aranha com a mão, enquanto alcançava uma pequena caixinha rosa que estava ali, tomava pela poeira e se deteriorando.

Ergui a tampa lentamente, deixado que uma melodia baixa ecoasse pelo cômodo, enquanto um pequeno boneco que parecia uma princesa girava dentro daquela caixinha, como se estivesse dançando. A música era calma e leve, como o vento deslizando pelas minhas bochechas.

Ela caiu das minhas mãos, se espatifando no chão e levando a música embora quando um grito de puro desespero ecoou por aquelas paredes. Disparei pela porta, correndo pelo corredor, tentando encontrar o caminho certo. Outro grito ecoou pelo castelo, fazendo passados gritarem e sairem voando para longe.

Escorreguei ao chegar a uma escada, vendo o que pareciam ser cinco andarem de puro degraus. Sem pensar, pulei por cima das travas de madeira, puxando o poder do ar para fora, amortecendo minha queda quando cheguei no chão, com os joelhos batendo contra os musgos que cobriam tudo.

Voltei a correr, segundo os sons dos gritos e pedidos de socorro. Quanto mais eu passava por aqueles corredores, mais aquele castelo começava a parecer um labirinto infinito, brincando com a minha mente e me impedindo de achar a saída.

Mas então eu vi. Quando cheguei a um corredor extenso, que no final se abria para uma sala. O chão havia se aberto, criando um buraco que estava engolindo os móveis e tudo pelo caminho. Diana estava agarrada as raizes de uma árvore, pendurada naquele buraco, pronta para cair e desparecer lá dentro.

Corri em direção a ela, desviando dos escombros do castelo pelo caminho. Escorreguei no chão, vendo Diana soltar um grito quando a raizes arrebentou e ela escorregou mais ainda para dentro daquele buraco. Cai no chão, agarrando as mãos dela, trincando os dentes ao sentir os músculos dos meus braços protestarem. Diana escorregou para dentro do buraco, me puxando junto, antes de raizes agarrarem minhas pernas e pararem nós duas.

Abri os olhos que nem havia percebido que estavam fechados com força, encontrando aquele buraco no chão, desaparecendo na escuridão. Diana estava pendurada, agarrada aos meus braços enquanto eu a segurava. Soltei uma respiração pesada, encontrando os olhos dela arregalados e assustados voltados para mim.



Continua...

Um Mundo de Sombras / Vol. 2Where stories live. Discover now