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A N N A

Entro no box ligando o chuveiro fazendo a água cair no Theo, pego o sabonete e me agacho ficando da sua altura e começo a passar em seu corpo molhado.

O sabonete escorrega da minha mão e eu pego continuando. Nem tenho força pra nada de tanto que já chorei, não é sempre que a gente recebe a informação de que pode ter um pai, e porra....passei tanto tempo da minha vida com a idade de não ter um pai pra agora, depois de velha, chegar um cara qualquer e abrir meu passado como um jornal na banca.

Theo: mamãe? - sinto uma única lágrima escorrer pelo meu rosto e passo nas costas da mão limpando - chorando? - nego.

Anna: mamãe só tá pensando filho - ele me encara esfregando o braço, observo o olhar dele aquecer meu peito trazendo todo o confronto que eu precisava e me recomponho respirando fundo - não gostei do que você fez na casa da tia Juliana - deslizo a espuma na perna dele - já falei que as coisas não são na hora que você quer e nem sempre vai ser do jeito que você quer. Naquele dia eu falei que a gente ia embora e você não me obedeceu, então se continuar assim, não vai mais

Theo: diculpa mamãe - fala depois de escutar tudo atentamente, afirmo parando de mexer nele e descanso os braços no joelho, Theo avança em mim agarrando meu pescoço, meu corpo ameaça a ir pra trás, mas logo me equilíbrio ouvindo a voz dele de choro perto do meu ouvido - mamãe

Anna: tudo bem filho, não precisa chorar - abraço ele esticando o sabonete pra longe - não faz mais isso, tá bom? - afirma - vamos terminar de tomar banho então - ele se afasta indo pra de baixo da água outro vez.

Coloco a blusa nele, passo a toalha nos fios molhados tirando o excesso e vejo ele pular no colchão indo pro chão, pego a toalha e saio do quarto todo dele indo lá pra baixo.

Ret: Anna - desço a escada com meu menino do lado, William me olha sentado no sofá até eu chegar na sala e passar direto pra parte da lavanderia, estendo a toalha no varal, vou na geladeira da cozinha pego um suco de caixinha e volto pra sala entregando pro Theo sentado no sofá - tá surda? - fico em silêncio furando o buraco da caixinha com o canudo - Anna! -volto pra cozinha abrindo o armário e tomo um susto quando a porta na minha frente bate fazendo um barulho e o braço tatuado dele aparece esticado na madeira da porta - tenho cara de otário pra ficar te chamando e você se fazendo de surda? - fecho os olhos suspirando - fala comigo porra

Anna: o que você quer que eu fale? - viro pro lado dele cruzando os braços - que minha cabeça parece que vai explodir? Que eu devo ter um pai dono de uma facção? Que talvez ele nem seja meu pai e estão mexendo no meu passado? Que eu devo ter um lado da minha vida que nem conheço? Caralho William! - falo tudo um pouco mais alto que o normal.

Ret: eu quero saber se tu tá bem, porra - seu braço que estava esticado, vem até meu rosto colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha - tu chorou tanto, pensei que não tinha mais água no teu corpo....

Anna: desculpa - passo a mão no rosto abrindo os olhos, cruzo os braços outra vez encarando o rosto tenso do homem na minha frente - as palavras daquele cara ainda estão na minha cabeça, rodando ela em todo momento que eu paro por mais de um segundo - ele me puxa colocando minha cabeça em seu peito - já tô melhor

Ret: tá ligado que eu tô contigo nessa, né? - afirmo descruzando meus braços e roando a cintura dele - nem temos certeza dessa parada, não esquenta a cabeça até a gente ter certeza. Se tem um teste, ele vai ter que aparecer na sua frente antes de tu ir encontrar com quem seja

Amante Do Perigo ²- Filipe Ret Where stories live. Discover now