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W I L L I A M

Porra, a sensação de tá entrando aqui e sabendo o que me espera é agoniante. Geralmente era ele que entrava pra me trazer com uma bala no corpo, hoje sou que estou entrando, e não é pra ele tirar uma bala e voltar pra casa comigo. Sei que lá dentro tá uma pessoa que era muito mais que meu amigo, ele era meu irmão, queria que fosse pra levar ele pra casa.

Anna: eu posso ir sozinha - fala assim que paro na porta do posto. Lá dentro tem uns muleque sentados na cadeira da recepção
- não precisa ir

Ret: eu quero - olho pra ela soltando um sorriso de canto sem ânimo - bora 

Anna empurra a porta e a gente entra. O frio do lugar gelado toca meu corpo fazendo ele arrepiar, em alguma dessas salas tem apenas o corpo do Daniel. Isso faz minha espinha tremer.

- Ret - desvio o olhar do corredor para o muleque que trouxe ele, o mesmo se levantou da cadeira com o fuzil e veio até a gente - sinto muito - ele fala coçando a cabeça - o médico pediu pra avisar quando vocês chegassem

Ret: chama ele então - solto o ar que nem sabia que estava prendendo. No momento que o muleque vira de costas e sai, minha garganta fecha - caralho...- levo minha mão até meu peito, se instala uma um sentimento agoniante nele.

Anna: amor....- fixo meu olhar no corredor vazio, só tem portas e mais portas nele. É escuro e tenebroso - William, minha mão - meu pulso é aberto me fazendo olhar pra nossas mãos juntas - tá me machucando, amor - percebo que estava apertado sua mão e solto olhando pra ela - fica calmo

Ret: foi mal - Anna sorri negando com a cabeça, seus cabelos batem no meu ombro e o peso de sua cabeça pesa meu ombro machucado - Anna - rio abaixando meu ombro pra longe - o tiro...

Anna: desculpa, desculpa - fala toda preocupada - machucou? - nego - eu esqueci - sorrio beijando a mão dela - depois você vai cuidar disso, aproveitar que já está aqui

Ret: não precisa, amanhã já tá melhor - ela revira os olhos me fazendo apertar os meus - já falei que vou fazer você revirar esse olho...

Anna: aquele menino não trabalha com você? - corta minha fala apontando pro corredor - não lembro o nome dele - sigo com o olhar o dedo dela apontando pra um muleque. Ele está saindo de uma sala com o médico, os dois conversam enquanto o garoto segura um curativo do ombro e na perna tem outro.

Eles vem caminhando, quando chegam mais perto reconheço o acerola. Os dois me olham, mas o muleque parece perder as forças do ombro quando seus olhos batem em mim.
Encaro ele esperando que venha até mim.

Acerola: patrão - ele e o médico para na nossa frente - sinto muito pelo que aconteceu - estalo a língua no céu da boa. Tô de saco cheio de todo eles me olhando com pena - eu ajudei a trazer o foguete - em seguida ele leva as mãos até o bolso de sua calça e traz a mão com um papel pra frente - ele tinha me pedido pra te entregar isso - pego a folha, nem abro, só guardo no bolso sentindo o olhar da modelo em mim.

Ret: te pegaram também - movimento a cabeça pro ombro dele - foda hein

Acerola: papo reto, mas já tô melhor - sorri olhando pro próprio machucado - pronto pra outra

Ret: to começando a duvidar de quantas vidas tu tem, acerola - o médico e ele rir - tá ossada pro teu lado

Acerola: tá mermo - o cara branco baixinho do seu lado entrega um papel cheio de letra feia, acerola agradece e me olha outra vez - tô indo - faço joinha pra ele - melhoras aí

Amante Do Perigo ²- Filipe Ret Where stories live. Discover now