O reflexo, incandescido iluminou tardio meu rosto esguio no lago frio
brio e descalço
percorrendo um córrego vazio
em busca de uma imagem que por ventura me correspondaEncontrei pois, numa rama vívida, boiando sobre o espelho d'agua, a caricatura da minha face lívida
sorrindo-me melíflua.Sou mesmo uma rama, um pouco de vegetação, compondo secas miragens, vazias paisagens.
Sou mesmo um ramalhete, um galho retorcido, uma sólida e crua loucura.
as vezes sinto-me perdido, escasso e sombrio. As vezes sinto-me florescendo, esculpido e prestes a realizar um pedido.Sou mesmo uma rama, gramínea, que no inverno é seca e pálida, quase inexistente e no verão é farta e resistente, cheia de viço.
Entardeceu, e foi ali na poça de água, que prefiro acreditar um lago ser, que a mim mesmo reconheci, como se fosse uma decoração,
um detalhe,
o mais belo
e trágico dos detalhes.
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Os Versos de Outono
PoetryAo rugir dos ventos vindos do norte borbulhei palavras que levadas pelas correntes de ar tornaram-se versos...