Lirislau

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Espias-me baldia, Lirislau
com a lua na Iris
teu olho é lírio
e nele transportas-me ao Rio Nilo
Lótus, lítio em hiatus, num pires

Espias-me maldita, Lirislau
tua rede de avencas, teu crivo, coágulo
tua tranças lisas, negras
e te assemelhas sempre a tudo que desliza, deslizas Lirislau
Vívida crina, ríspida sina

Espias-me concubina, Lirislau
nas curvas finas
nas curvas finas do teu rosto
Olho e creio que
não há nada que te definas

Espias-me e atinas, Lirislau
Na límpida noite, num cálido anzol
Sempre lívida, sempre tímida
Entre as nuvens, nos dias nublados;
O sol

Espias-me os dias, Lirislau
e as noites plíneas na tua crina
as tardes plúmbeas debaixo dos teus cascos, Lirislau
Negra, orvalhada, luzindo
Lirislau
Negra, orvalhada, sorrindo

Espias-me fria, Lirislau
Troando um suspiro
crueza, cruel desatino
Tu, Lirislau, Tu a quem rompe
o destino
És tu, potra obscura, que num só
pulo me tornas cretino
Pobre de mim, Lirislau que de ti
sou subordinado:
gato criado

Liris
Lau
Lírio do Vale
Liris
Lau
Arco-íris
Liris
Lau
Filha de Osíris
Tu, Lirislau
Túrgida úmida,
Húbris barril
Tu Lirislau, formas-me o
clitóris, sóis tu pluris
Fingias ser Siris
Mexendo os quadris
Enquanto-me tinhas
Lirislau
tu sorris e mística
vês se ófris
Disfarçando-se entre as Iris azuis
Espiando
O momento certo, lenta esperando
Desenhas os tons
E és noites quando vens e vigias
E és noites quando tens as vertigens
O crivo, tudo perdido entre as linhas
sobre teu lombo, as luas sombrias
E espias-me
E espias-me

Os Versos de OutonoWhere stories live. Discover now