Os Versos de Outono

apodrecidos os frutos

Putrefo-me escancarando os escárnios
Apodrecidos os frutos que no outono passado, juntos colhemos
Declino-nos vegetando os espaços
Que prendem os sonhos, absolutos
Que unidos vivemos
Brutos gestos
Paredes sozinhas
Enxutos os choros

Descaso-te abandonando os pecados
Perdidas as músicas que outono passado, juntos compomos
Construo-nos cercas separando os pedaços
Balanços quebrados
Rubros modestos
Indigestos
Espelhos contestos

Apodrecidos os frutos
Perdidos os sonhos
Olhares confusos
Apodrecidos os frutos
Os versos de outono
Falam os mudos
Apodrecidos os frutos
Rasgo os encontros
E os conteúdos
Apodrecidos os frutos
E os sonhos perdidos
Na boca dos mudos
Apodrecidos os sonhos
Falam os versos
Conteúdos confusos
Apodrecidos os encontros
Os mundos eu rasgo
Falam os frutos
Apodrecidos os mudos
O sonhos no versos
O versos tão perto
Apodrecidos no outono
Os versos nos sonhos
Os frutos nos falam
Apodrecidos os olhares
Confusos encontros
Perdidos pedidos
Apodrecidos os frutos
Na cesta de palha
Os sonhos perdidos