Os Cisnes Selvagens

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Eram pois tardes venosas
e as moças em vestidos vaporosos
e se tardes eram, sóis em nuvens
Brilhando caíam todos, como velhos ossos

Eram pois, tardes venosas
E curvas suntuosas, os olhos vossos
e as moças pairavam como velas
e se misturavam em névoa e outros rostos

E se tardes eram, regressos  de outrora
e como de costume, por tarde ser
as moças, já pálidas e sem rima e demora
debruçavam nuas, cobertas pelo entardecer

E por tarde ser, lívidas sorriam como sinos
a tocar
corpo leves, entardeciam também com o dia
o sol ameno no lago sereno e reflexo com a brisa
a dançar
eram pois tardes venosas como tinha que ser

Tarde como tarde, os cabelos esvoaçantes 
e eram pois corpos breves e desfaziam-se
crepusculares, os raios dourados, os mesmos de antes
e antes mesmo de por sol o sol, ecoavam suaves

De repente, paira um murmúrio do vento
e as moças cobertas de luz, olhos vagos
Antigo sussurro é também um frio lamento
e por tarde ser desmaia o sol e outros casos

Eram moças assim como eram também tardes
mas tinham braços alados, que nuances alongam
e se tardes eram, os cabelos e gesto lento
e se moças eram, as tardes e todas, breve momento

Eram pois tardes venosas quando as plumas em seda
tocaram
Corpos leves e nus sobrevoando num canto renovado
eram elas, talvez vastas e castas, quando no lago venturosas
entraram
Tardias, na última gota de sol pingando no céu, almas livres 

Eram pois tardes venosas e outras muitas paisagens
e por tarde ser, não eram moças, eram cisnes
amontoadas, eram elas cisnes, cisnes selvagens
como todas as tardes, e como tinha que ser

E por tarde ser, não eram moças, mas cisnes
aqueles corpo leves, compridos de penas, bastos impunes
entrelaçados, elas eram cisnes, de corpos imunes
e eram como todas as tardes, e como tinha que ser
amém










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