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FORKS, WASHINGTON — TERÇA-FEIRA, DIA 21 / MARÇO DE 2007

O FOGO DIMINIU, CONCENTRANDO-SE NAQUELE ÚNICO ORGÃO AINDA HUMANO EM UMA ÚLTIMA E INSUPORTÁVEL ONDA. RECEBIDA COM UM BAQUE PROFUNDO E OCO. SEU CORAÇÃO FALHOU DUAS VEZES, E ENTÃO BATEU NOVAMENTE, BAIXINHO, OUTRA ÚNICA VEZ. NÃO HAVIA SOM. NEM RERPIRAÇÃO. NEM mesmo a dela. Por um momento, a ausência de dor era tudo que ela podia compreender. E então abriu os olhos e fitou o alto, maravilhada. Tudo estava tão claro. Nítido. Definido. A luz forte no alto ainda era ofuscante, e no entanto Annabella podia ver muito bem os filamentos cintilantes dentro da lâmpada. Podia ver cada cor do arco-íris na luz branca, e na extremidade do espectro uma oitava cor para a qual ela não tinha nome. Por trás da luz ela podia distinguir cada fibra da madeira escura no teto. À luz, conseguia ver os grãos de poeira no ar, os lados que a claridade tocava e os lados escuros, distintos e separados. Giravam como pequenos planetas, movendo-se em torno uns dos outros numa dança celeste. A poeira era tão linda que ela inalou, chocada; o ar assoviou por sua garganta, fazendo rodopiar os grãos de pó. A ação parecia errada. Anna pensou no assunto e percebeu que o problema era que não havia alívio ligado à ação. Ela não precisava de ar. Seus pulmões não esperavam por aquilo. Eles reagiram com indiferença ao influxo.

Ela não precisava de ar, mas gostava dele. Com ele ela podia saborear o quarto à sua volta, saborear os adoráveis grãos de poeira, a mistura do ar estagnado com o fluxo levemente mais frio que entrava pela porta aberta. Saborear um luxuriante sopro de seda. Uma leve sugestão de alguma coisa quente e desejável, algo que devia ser úmido, mas não era... Esse cheiro fez sua garganta arder, seca, um fraco eco do ardor do veneno, embora o odor estivesse contaminado pela intensidade do cloro e da amônia. E, mais que tudo, ela podia sentir o gosto de um cheiro parecido com mel, lilás e sol, que era o mais forte e o mais próximo a si.

Ela ouviu o barulho dos outros, voltando a respirar agora que ela também respirava. O hálito deles se misturava ao cheiro que lembrava mel, lilás e sol, trazendo novos sabores. Canela, jacinto, pera, água do mar, pão no forno, pinho, baunilha, couro, maçã, musgo, lavanda, chocolate... Ela fez uma dezena de comparações diferentes em sua mente, mas nenhuma se encaixava com exatidão. Muito doce e agradável.

A tevê no primeiro andar estava sem som e a ruiva ouviu alguém lá embaixo — Rosalie? — mudando de posição. Também ouviu uma batida baixa e monótona, com uma voz gritando, irritada, no mesmo ritmo. Rap? Ficou aturdida por um momento, depois o som foi sumindo, como se um carro tivesse passado por ali com as janelas abertas. Com um sobressalto, percebeu que podia mesmo ser isso. Será que dali ela conseguia ouvir a rodovia?

Só percebeu que alguém segurava sua mão quando a pessoa a apertou suavemente. Como havia feito antes, para esconder a dor, seu corpo se contraiu, pego desprevenido. Não era um toque que ela esperasse. A pele era perfeitamente lisa, mas a temperatura estava errada. Não era fria. Depois do primeiro segundo paralisada pelo choque, seu corpo reagiu ao toque desconhecido de um jeito que a chocou ainda mais.

𝚃𝚑𝚎 𝚂𝚠𝚊𝚗 𝚂𝚒𝚜𝚝𝚎𝚛𝚜 || 𝙹𝚊𝚜𝚙𝚎𝚛 𝙷𝚊𝚕𝚎Where stories live. Discover now