CAPÍTULO 4

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Elizabeth


 O tempo parecia ter parado no lugar, não de um jeito bom como é descrito nos livros de romance. Quando a protagonista e seu amado se encontram depois de meses se se ver, quando é descrito toda aquela sensação maravilhosa de felicidade e amor que o tempo poderia se congelar que eles ainda estariam lá, um pelo outro.

 Infelizmente a minha real situação poderia ser dada com um livro de suspense arrepiante, após o meu cérebro praticamente bugar e a minha boca soltar um imprevisível 'Oi'. O olhar de Jack mudou, passou de surpresa e choque para algo que eu nunca tinha visto em questão de segundos. Sua atenção estava totalmente direcionada a mim, seu rosto não esboçava nenhuma maldita reação, o que fez o meu estômago se embrulhar.

 Ele estava bravo? Nunca o tinha visto assim antes.

 Jack endireitou seu corpo, ficando completamente ereto. Ele parecia mais alto, sei que ele não cresceu, era apenas uma impressão. Qual era sua altura exata, 1.94... 1.96?

— Bom... — Começou Dush — Acho que eu vou ali supervisionar o carregamento das novas placas de vidro. Não quero que tenhamos problemas como da última vez.

 Pelo conto do olho pude ver Dush sussurrar algo para Jack que ainda matinha seu olhar sobre mim, algo como – 'Não seja um cuzão'. Antes de sair ele tocou o meu ombro como um sinal de apoio e me deu um sorriso tenso.

 Era só nos dois, em uma sala sozinhos pela primeira vez em oito longos meses.

 Respirei fundo e voltei a olhar para ele, que ainda continua sem esboçar reação alguma. Daria qualquer coisa para saber o que se passa em sua cabeça, saber exatamente o que ele sentia ao me ver novamente.

— Faz um tempo, como tem passado?

 Que porra foi essa. Essa era a minha melhor frase. Como tem passado? Sério.

 O que me chocou não foi o fato de te falado essa merda, ou simplesmente por ele não se incomodar em responder, mas sim pela ação dele de caminhar até mim.

 Merda, merda.

 Ele parou a meros dois passos de mim, estava tão perto que consegui sentir o cheiro dele. Aquele mesmo cheiro de madeira cerrada misturado com colônia masculina, podia parecer uma combinação estranha, mas era muito bom.

 Seus olhos encontraram os meus e por uma questão de pequenos milímetros de segundos me permiti voltar no tempo, quando aqueles olhos eram a primeira coisa que via pela manhã e a última no final da noite, aquilo me causou um formigamento que subiu dos pês e se espalhou pelo corpo inteiro.

— Suas bochechas então vermelhas. — Ele disse tão concentrado naquelas palavras, como seu fosse um pensamento dito em voz alta.

 Espera. O que?

 Segurei a minha boca para ela não se abrir igual a minha surpresa.

 Sabia que as minhas bochechas estavam vermelhas, na maior parte do tempo elas ficavam. Entretanto, agora era diferente, elas deveriam estar mais do que o normal, estava nervosa e ansiosa elas ficavam idênticas a pimentões vermelhos quando qualquer emoção minha envolvia a explosão dos meus nervos.

— O que está fazendo aqui, Elizabeth? — Perguntou em um tom tão seco.

 Ele nunca me chamou pelo nome, nem quando nos conhecemos. Era sempre 'bunny' e muito raramente Liz. Ele realmente estava chateado comigo.

— Quero falar com você.

— Um pouco tarde para isso, não acha? — Soou sendo irônico.

 Não demonstre. Não demonstre.

 Apertei minhas mãos suadas em punho, não iria limpá-las na calça, isso demonstraria o quanto estava nervosa com aquilo.

— Talvez. É realmente importante.

 Ele deu mais um passo a frente.

 Puta merda. Prendi ainda mais a respiração que estava segundo, apenas mais um passo de qualquer um de nós dois e estaríamos nossos corpos estariam se tocando.

 Aquilo fazia-me sentir ainda mais nervosa. Eu não era pequena, tinha 1.69 de altura além não ser nem um pouco magra, mas Jack estava me fazendo me sentir como uma ratinha na frente de um Leão. Ademais ele poderia ser considerado um gigante, sua estrutura também era, a camisa branca que usava não escondia o fato de apenas um dos braços dele ser do tamanho da minha perna, poderia estar exagerando um pouco. Poderia, mas em relação a Jack, nada era pequeno, absolutamente nada.

— Então fale. — Porque a voz dele tinha que me afetar tanto.

— Na verdade é uma história um pouco engraçada. — Sorri um pouco tensa. — Talvez você não vá gostar muito...

 Ele inclinou a cabeça pra o lado como se estivesse me analisando, me dando a visão de ver seu cabelo cacheado perfeitamente alinhado que caia em sua testa.

— Recentemente aconteceu o fato de que talvez eu tenha inventado uma pequena mentira. — Ele continuou me analisando. — Kat vai se casar em breve e por um motivo que talvez não seja importante agora disse a ela que você e eu... ainda... ainda estamos casados.

 Os olhos dele se arregalaram antes de voltar ao normal em menos de um segundo.

 Pronto. Tinha dito, só que ainda faltava uma parte.

 Esperei.

 Esperei.

 Quando ele não disse nada em apressei em continuar:

— Eu também concordei em sermos padrinhos do casamento dela. Vim aqui pedir um favor, que não tenho o direito de pedir. Apenas queria que você me acompanhasse no casamento.

 Agora a merda já estava feita. Desviei meus olhos dos seus e olhei para as minhas mãos que tremiam e que não tinha percebido.

 Com toda certeza ele pensa que fiquei louca, que não pensaria. Até eu me achei louca por fazer isso.

 Também que ele não aceitaria a minha oferta de qualquer forma.

 Eu só queria vê-lo, foi triste a forma como terminamos nossa história, mas ainda queria o bem dele. Sei que não poderíamos ser amigos, ao menos conhecidos.

 Olhei para seus pés antes deles começarem a se mover, levantei o rosto. Jack foi em direção a janela que ficava na parede atrás da sua mesa que até o momento estava fechada, antes dele a abrir completamente. Uma brisa gelada entrou por todo ambiente.

— Sabe Liz, você foi embora. — Ele não olhava para mim e sim através daquela janela. — Foi embora sem ao menos me dizer o porquê, me afastou da sua vida, me pediu a porra do divórcio, me ignorou completamente que apenas mandava a merda do seu advogado conversar comigo sobre a nossa separação. — Ele cuspiu aquelas palavras, não estava com raiva. Estava chateado e aquilo me quebrou por dentro.

 Sim. Eu fiz tudo isso porque era um covarde, o machuquei porque era uma covarde e nunca iria me perdoar por aquilo.

 Ele olhou para mim, seus olhos tão vazios quanto a seu rosto.

 Naquele momento ele não precisava dizer nada.Jack Miller me odiava e ter certeza daquilo me quebrou por dentro.

Continua...

O capítulo de hoje foi entregue, amanhã finalmente saberemos o que se passa na cabeça desse homem e depois disso vejo vocês na próxima sexta. Beijos.

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