CAPÍTULO 35

6.5K 638 95
                                    


Elizabeth


O vento frio beijava a minha pele exposta fazendo os pelinhos do meu braço se arrepiarem. Uma neblina branca cobria certa parte do lago, me impedindo de ver algumas partes do céu estrelado da noite. A luz do luar iluminava bem tudo ao me redor.

Minha psicóloga costumava dizer que encarar aquilo que lhe trás medo é uma forma de superação, posso afirmar que ela estava certa. Ainda me lembro daquele dia como se fosse ontem, a minha mãe andando até a borda do lago escuro, a mini Liz gritava para ela parar, mas ela não escutava, ela simplesmente continuou andando até seu corpo desaparecer nessas águas.

Não me lembro de mais nada depois, a minha apagou tudo. Só sei que fui encontrada totalmente enxarcada dos pés à cabeça, me lembro do vestido branco da minha mãe coberto de água enquanto ela chorava. Ela apenas dizia duas palavras 'Me desculpe', nunca entendi isso e ela nunca fez questão de explicar. Ninguém nunca me contou o que aconteceu de verdade, eles me tratavam como se eu fosse quebrar como uma boneca frágil, era como se eu estivesse estável. Demorou alguns anos para eles perderem todo esse "cuidado".

Eu era uma criança que tinha passado por um trauma, levaria quanto tempo até surtar completamente? Era isso que a minha família pensava, pagaram caro pelas terapias, pelos melhores médicos. Acho que foi por isso que forcei uma parte minha a apagar aquelas lembranças, pelo menos parte delas, ainda me lembro dos piores momentos, a queda da escada, as brigas, o lago. Era muita coisa para lidar.

Foi por isso que não contei a eles sofre o divórcio, grande parte foi por isso na verdade, acho que quis enganar a mim mesma dizendo que era pela pressão dos autos cuidados que receberia, de como isso só daria certeza a minha avó que os problemas dos meus relacionamentos era eu, não que ela estivesse errada, mas não queria passar por aquilo de novo. Pior seria se contasse toda a verdade para eles, eu voltaria no tempo sendo aquela Elizabeth de 9 anos, todos a minha volta agiriam como se eu fosse uma bomba relógio que a qualquer hora. Talvez eles até me internassem com medo de que eu pudesse surtar, afinal a história se repetiu outra vez.

Parei com esses pensamentos quando senti uma presença, braços grandes se circularam ao redor dos meus ombros, seu queixo foi depositado sobre a minha cabeça. Sabia que era ele pelo cheio e a presença enorme.

— Não vai dormir? — Perguntou com aquela voz rouca me fazendo arrepiar.

— Estou sem sono.

Seus polegares alisavam suavemente a pele exposta dos meus ombros. Ele estava apreensivo, não sei o motivo. Ele começou a ficar assim depois que sai do quarto essa tarde, talvez fosse alguma coisa com seu trabalho, queria perguntar o motivo, mas algo dentro de mim mandava manter a boca fechada.

— Tá tudo bem? — Sua voz estava carregada por uma leve preocupação.

— Sim, por que não estaria?

O senti dar de ombros.

— São duas e quarenta da manhã e você está aqui fora encarando o lago.

Não podia dizer a ele o verdadeiro motivo, tive o mesmo pesadelo de mais cedo. Estava atordoada demais, não conseguir voltar a dormir, por isso sai para uma caminhada e acabei parando aqui, como um maldito ímã que me trazia de volta para cá.

— Acho que só estou ansiosa, o dia do casamento está chegando.

Queria fugir daquele assunto e o meu cérebro burro achou aquela única opção.

Fiquei desconfortável, Jack demorou para responder. Tanto quanto eu ele sabia, sabia que o fim disso estava chegando e que seguiríamos nossas vidas separados, ele não sabia ainda, mas estava preste a me odiar. Alice estava certa no final das contas, ele ficaria puto, na melhor das hipóteses iria embora e jamais olharia para trás, só que estamos falando de Jack Miller, nada é simples com ele.

Todas as FormasOnde histórias criam vida. Descubra agora