António Venturini
Assim que minha noiva se retira com toda a sua família, sento nas poltronas que temos na sala para esperar o sermão do meu pai, sobre o que aconteceu com a Carmen mais cedo.
O vejo se servir com um pouco de licor e se sentar de frente para mim, sei muito bem que ele não esta contente pelo que aconteceu. Poderia ter manchado a minha reputação de forma irreversível e isso iria deixar meu pai muito magoado.
Que trabalhou duro para conseguir construir seu legado e toda a reputação que ele tem com a coroa espanhola, que lhe concede sempre bons negócios.
— Você sabe que poderia ter jogado nosso nome na lama por causa daquela meretriz que achou no pior bordel da cidade. — Ouço o meu pai iniciando seu discurso.
Mesmo estando muito magoado com tudo o que a Carmen me disse, ainda tenho sentimentos por ela, isso ficou claro quando percebi os olhares dos irmãos de Luna. Creio que ainda demore a me acostumar com a situação de não a ter em meus braços.
— Sim, pai, sei disso e peço perdão, não imaginei que ela iria se aproximar de mim vendo que toda a família Marcondes estava ao meu redor. — Digo envergonhado.
Sabia que meu pai estava irritado comigo, assumo que dei motivos para que ficasse assim, então apenas me calei para ouvir seu sermão.
— O pai da Luna percebeu que não fiquei contente quando você se afastou para ir buscar os refrescos, então ele me puxou para conversar por perceber o modo como falei com você. — Ele diz batendo a sua bengala no chão.
Sabia que era apenas uma desculpa, conheço o meu pai o suficiente para não fazer negócios enquanto está em família.
— A mãe de sua noiva é uma mulher de fibra e de muita opinião, diferente de sua mãe que Deus a tenha...
— Marcos permite que ela tenha decisões e escolhas para seus filhos, foi ela que disse que o compromisso estava desfeito, ele apenas acatou o desejo de sua esposa. — Olho para o meu pai assustado.
Tinha certeza que quem decidiu o fim do compromisso fosse o senhor Marcondes, com a senhora Marilia, se houver algum momento complicado com a Luna e ela reclamar com a sua mãe, meu casamento pode acabar.
— Sua sorte, foi Luna interceder e aceitar manter o compromisso, espero que dê valor nessa jovem que está confiando em você. — Afundo na poltrona que estou sentado envergonhado.
Me preocupa o desejo de Luna em continuar esse compromisso, ela teve a chance dela de terminar e não consigo entender por que ela mesmo assim desejou ficar ao meu lado.
— O que tanto está pensando, meu filho? — Ele pergunta.
Observo meu pai que continua a beber o seu licor, agora um pouco mais tranquilo após o seu sermão.
— Também estou intrigado, meu pai, essa era a chance que ela tinha para terminar com esse compromisso. — Meu pai continua me olhando e se vira em direção à porta.
— O que aquela meretriz disse para vocês? — Tento lembrar.
— Algo sobre que ainda tínhamos algo para conversar, ela olhou com desdém e arrogância para Luna e meus cunhados. — Meu pai começou a rir com gosto.
— Foi isso meu filho, mulheres são todas iguais não importa sua classe social ou de onde sejam, elas odeiam ser desafiadas e Luna quis mostrar que é a melhor para você. — o vejo gargalhar.
Parando para pensar, a Luna mudou realmente de postura depois do ocorrido, ficou ainda mais próxima de mim, sorridente a todo momento.
— Acho que sim, meu pai, mas será que não seria mais indicado romper com o compromisso, talvez ela apenas fique mais magoada com essa situação. — Levo outra bengalada na cabeça.
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A PROMETIDA DO CONDE - EM ATUALIZAÇÂO -
RomanceEstamos no ano de 1820, na cidade de Servilha na Espanha, Luna Marcondes, uma jovem com seus dezesseis anos, nasceu em uma família dona de grandes vinhedos. Até que o seu pai inicia a procura para um pretendente para a sua única filha e para a luz d...