20 - António Venturini

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António Venturini

Olho para o emissário do rei e o agradeço, guardo a carta do rei no bolso do meu casaco, mas tenho a sensação que ali não é apenas uma condolência e me passando o título oficialmente. Sinto que o rei enviou o seu emissário muito rápido, isso poderia esperar até que fosse para Madri.

Mas se isso aconteceu, devo então ir até Madri para entender os negócios que o rei tinha com meu pai, porque não é simplesmente fazer vinhos para os gostos específicos do Rei. Tenho a sensação que meu pai não era apenas o fornecedor de vinhos para a corte real espanhola.

Ainda com os pensamentos no que a presença do emissário do rei representa, ouço a marcha nupcial começar a tocar e todos olham para a porta que se abre. Vejo a noiva de meu cunhado entrando acompanhada de seu pai.

Sabia que Luna entraria por último devido a minha importância agora para a corte, toco no ombro do meu cunhado e me afasto para que ele possa receber a sua noiva e dar início a cerimônia de seu casamento.

A cerimônia deles é simples e muito rápida, foi um pedido do próprio pai de Henriqueta, se sentiu incomodado com tantas pessoas da corte pelo meu casamento e não queria que tivessem falatório. Se soubesse, que ele ficaria constrangido, teria insistido que o nosso fosse um pouco mais tarde para não atrapalhar os sonhos da amiga da minha futura esposa.

Quando o padre os declarou casados, o meu cunhado em um gesto apaixonado a beija nos lábios, chamando atenção de muitos que estavam ali para presenciar o meu casamento e foram surpreendidos com o de meu cunhado. Hoje eles estão fazendo história, talvez sejam o primeiro casamento de uma mulher que já foi escrava, se casando com o herdeiro de muito renome na Espanha.

Finalmente a marcha recomeça, observo quando todos se erguem para olharem para a minha noiva, muitos deles curiosos para saber se realmente a filha dos Marcondes era uma mulher que estava a minha altura. Mal sabe eles que, na verdade, sou eu que não estou a altura de minha futura esposa.

Sinto a minha pulsação acelerar quando vejo os coroinhas abrindo as portas da igreja. Sinto a mão de meu tio em meu ombro apertando com se estivesse dizendo:

"Você é um homem de sorte"

Luna estava linda com o vestido branco, via que usava a pequena tiara que foi de minha mãe, o que me fez segurar as lágrimas que estavam borbulhando para sair. Ela estava linda, mesmo que o vestido fosse um pouco mais simples pelo tempo que houve para confecção, não deixou de estar deslumbrante. Minha noiva estava com um sorriso em seus lábios e tive a pequena sensação de que estava apressando o seu pai para chegar onde estava.

Via que meu sogro sorria enquanto a segurava para não andar tão apressada pelo meio da igreja, olho para alguns convidados e ouço todos elogiando a beleza de Luna, o que me faz sentir um calor em meu peito e não gostar nenhum pouco de saber que outros homens a acham linda.

Minha noiva é minha e não aceitarei que nenhum outro homem a galanteie. Desço o pequeno degrau do púlpito da igreja para receber a minha noiva que se aproximava com seu pai. Sorrio para o meu sogro que me estende a mão e aperta com firmeza.

— António já disse várias vezes que espero que cuide muito bem da minha princesa. — Meneio a cabeça, meu sogro me abraça e fala perto do ouvido. — Não perco uma filha, hoje ganho mais filho.

Ouço e deixo uma lágrima escorrer e me rendo aquele abraço. Sinto como se estivesse abraçando o meu pai mais uma vez. Contenho a emoção e o desejo desesperado de chorar para agradecer o meu sogro.

— Obrigado, prometo que cuidarei dela com a minha vida. — Digo e o vejo retribuir.

Ele sorri e me entrega a mão de sua única filha para ser tornar a minha esposa, viro para Luna, puxo a sua mão até meus lábios e deixo um beijo terno neles. Contenho o desejo de tocar em sua pele delicada. Nos viro de frente para o padre assim que ouvimos uma tosse.

A PROMETIDA DO CONDE - EM ATUALIZAÇÂO -Where stories live. Discover now