09 - Luna Marcondes

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Luna Marcondes

Mal havia amanhecido e minha mãe já estava puxando minhas cobertas, nos chamando para podermos sair. Nos levantamos assustadas, olhamos uma para a outra e só avistamos as saias de minha mãe saindo do quarto.

Sem a chance de dormir um pouco mais, Henriqueta me ajuda a se vestir. Quando já estávamos arrumadas, descemos para tomarmos o nosso café, Tomás e Miguel já estavam tomando o deles ao lado de nosso pai, nos sentamos ao lado de minha mãe e tentamos fazer tudo o mais rápido possível.

Vamos para a charrete que nos levará de volta para o vinhedo, não sei porque, mas estou sentindo muita vontade de retornar para o vinhedo.

Talvez seja apenas a vontade de saber o que acontecerá durante esse mês antes do nosso casamento, ou a vontade de passar mais algum tempo ao lado de António que já deve estar na vinícola.

Me sentia extremamente humilhada por ter aquela mulher falando com meu noivo na frente de todos meus irmãos e seus amigos. Foi como se ela tivesse feito aquilo com a intenção de me ridicularizar na frente de todos.

— Luna estou falando com você. — Minha mãe falava ao meu lado.

— Perdoe-me, estava com meus pensamentos longe. — Respondo.

Suas mãos pousa sobre as minhas, seu olhar se fixa nos meus, aqueles olhos azuis tão parecidos com os meus, como diz meu pai, são a sua tentação. Um olhar de minha mãe consegue fazer o homem mais forte, mudar de ideia apenas para vê-la feliz.

— Tem certeza que quer levar adiante essa história, minha filha? — Sua pergunta me faz pensar um pouco. — Seu pai pode conversar com o Conde e ele vai entender.

Sorrio com carinho para ela, retiro minhas mãos do meio das suas e coloco sobre a dela. Não estou entrando nesse casamento apenas por me sentir humilhada.

— Me diga o porquê, prometo que não irei mais me intrometer na sua escolha. — Seguro na mão da Henriqueta e olho para minha mãe.

— Por ela mãe, nem tanto pela afronta com aquela meretriz. — Ela olha para minha amiga confusa. — António me fez perceber uma coisa, temo pela segurança de minha amiga e do meu irmão.

Ao dizer meus motivos, vejo o olhar de minha mãe ficar preocupada com que digo, talvez ela e nem meu pai tenham se dado conta que algo do tipo possa acontecer entre meu irmão e a mulher que logo se tornará a minha cunhada.

— O que você quer dizer com isso, o que ele te disse, minha filha? — Minha mãe vira de frente e a Henriqueta também se interessa pelo assunto.

— O quanto a sociedade sabe ser cruel e podem fazer mal para eles...

Suspiro para iniciar a contar o que as palavras de António me fizeram pensar nas últimas horas.

— António me fez ver isso, ao me dizer que eles podem ser hostilizados pela diferença de cor e classe social...

— Me tornando condessa posso dar segurança para eles, quero fazer isso, quero ajudar minha família. — Henriqueta me abraça e minha mãe segura em meu rosto.

— Estou tão orgulhosa de você, minha filha, sua atitude tão altruísta, mas não precisa se sacrificar para ajudá-los, meu amor, iremos cuidar de tudo... — Interrompo-a.

— Não precisa mãe, o outro motivo de continuar com o noivado é pela forma como aquela mulher falou com intimidade e me afrontou daquela forma na frente dos meus irmãos. — Sou honesta com minha mãe.

Henriqueta me solta de seu abraço e sussurra um obrigado, posso ver em seus olhos o quanto estava agradecida pelo que estava fazendo. Mesmo que esteja me casando sem amor, talvez consiga fazer com que ele sinta algo por mim.

A PROMETIDA DO CONDE - EM ATUALIZAÇÂO -Where stories live. Discover now