10 - António Venturini

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António Venturini

Passei a maioria da manhã e o início da tarde com o Marcos andando por todas as nossas terras para poder conhecer melhor tudo. Nunca fui de vir muita nessa propriedade, sempre gostei mais da que fica perto do vinhedo de meu tio Pedro.

Mas não deixo de perceber aqui temos potencial para conseguir colher uvas suficientes para fazer o famoso vinho de meu pai e o meu sonho de destilar licores, preciso apenas de uma parceria para conseguir ter mais uvas a disposição para dar início a fabricação.

Durante toda a nossa conversa Marcos diz quer deseja passar um tempo sozinho com a moça do seu compromisso e ele me dá a ideia do piquenique no lago, é um lugar que ainda não conheço.

Entramos na casa e peço para que uma das cozinheiras prepare duas cestas de lanches, peço que coloquem de tudo já que não conheço os gostos da minha noiva, aproveito que ficaremos ali até que arrumassem tudo, o chamo para tomar um pouco de café.

— Sabe António, uns anos atrás tive a mesma aventura que você teve com aquela meretriz, mas nunca passou na minha cabeça que meu pai aceitaria uma mulher daquela na família, sabia que ela não passaria daquilo, uma aventura. — Ele diz

Percebo que não havia julgamento em suas palavras e nem em seu olhar, sorrio para ele e continuo olhando para ver o que mais ele desejava me dizer.

— Infelizmente um dia a Henriqueta viu e o olhar dela de decepção foi o que mais me doeu, os dias que se seguiram foram dolorosos e foi dessa forma que descobri que gostava dela. — Ele me conta sem se importar com o que eu vá pensar.

— Henriqueta nunca contou a ninguém sobre aquela mulher, a diferença da meretriz que levei para a cama para a que você levou, é que ela sabia o lugar dela e nunca fez uma afronta, como aquela fez! — Marcos volta a tomar o seu café.

— Esse realmente foi meu erro, meu cunhado, me apaixonei pela Carmen, até um pouco mais de um mês eu não imaginava que meu pai iria aceitar o arranjo, tinha a certeza que ele chegaria aceitá-la em algum momento. — Digo e noto a entrada de alguém.

Os trabalhadores começam a voltar para a casa grande para se alimentarem. Cada um que passa por mim e meu cunhado e retiram o chapéu de sua cabeça para nos cumprimentar.

— Minha irmã pode parecer uma flor delicada António, mas ela foi criada com mais quatro homens, ela é teimosa e muito persistente, durante dias a vi definhando de tristeza por causa desse compromisso, mas algo mudou depois que a meretriz a afrontou. — Concordo com a cabeça, já que também percebi isso.

— Quando entramos na berline ela retirou as luvas para comer uma maçã, de início fiquei um pouco constrangido, mas olhando melhor, ela queria me mostrar o quanto ela é melhor que a Carmem. — Marcos me ouve e fica assustado com o que falo.

Porque mulheres da sociedade não retiram suas luvas, é sinal de intimidade. Normalmente apenas a sua família as vê sem luvas ou quando já é casada e está acompanhada por seu marido.

— Me diga uma coisa António, você ama aquela mulher? — A pergunta me pegou desprevenido e não sei responder.

— Meu cunhado, não nego que a presença dela me deixou abalado, mas na última vez que a vi, ela falou coisas que fez com que minha honra fosse manchada, por hora estou magoado com ela, e como meu pai e meu tio disseram preciso dar uma chance para que o meu casamento com a Luna dê certo, mas para isso precisamos nos conhecer melhor. — A mão dele vem para meu ombro e o vejo sorrindo.

— Entendo realmente você António, mas por favor cuide de minha irmã, não a faça passar vergonha com uma meretriz batendo na sua porta. — Vi em seu olhar a súplica por minha promessa.

A PROMETIDA DO CONDE - EM ATUALIZAÇÂO -Where stories live. Discover now