17 - António Venturini

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António Venturini

Estava encostado na soleira da sala de jantar dos Marcondes quando meu pai mandar me chamar. Saio com Luna ao meu lado para a varanda e a vejo feliz por receber o nosso enxoval. Trocamos poucas palavras e fixo os meus olhos na pequena plantação de milho que existe na frente da casa.

Havia algo se movendo em meio ao milharal, não conseguia identificar o que seria, desço um degrau para ver mais de perto. Pode ser apenas um animal ferido ou pode ser José querendo fazer alguma estupidez. Uma sensação de algo ruim se aproximando percorre todo meu corpo, peço que Luna entre e em seus olhos havia medo.

Mais agora não poderia consolar a minha noiva, precisava ver se poderia ser o José que estava a espreita, minha sogra puxando Luna, olho para meu pai ao meu lado e ouvimos os passos atrás de nos, provavelmente meu cunhado e meu sogro.

— O que está vendo, meu filho? — Ouço meu pai perguntando ao meu lado.

Mantenho os olhos presos no meio da plantação, tentando identificar o que era aqueles movimentos sutis que enxergava ao longe, não queria apontar o que estava vendo. Caso fosse o José, não precisamos que ele perceba que estamos de olho nele.

— Vamos esperar os outros virem e podemos ir atrás dele. — Meu pai falava preocupado.

Continuei descendo as escadas lentamente, falando com o meu pai, fingindo que não estava vendo nada. Antes de chegar no fim da escada, meu sogro surge com uma espingarda ao meu lado, aponta em direção à movimentação que estávamos vendo.

Para a nossa surpresa, José se ergue no meio do milharal com uma espingarda apontada em nossa direção, antes que pudesse me aproximar de meu pai o disparo acontece, com o susto acabo me agachando para me proteger.

Levanto os meus olhos e procuro por esse maldito que está brincando com a nossa paciência. Viro na direção que meu pai estava e vejo quando a sua bengala o símbolo de seu poder cai no chão, lentamente ele se vira em nossa direção e me desespero quando noto que ele havia sido atingido, suas mãos estavam em sua barriga e via o sangue escorrer por sua roupa.

— Não, não, não..... — Corro em sua direção antes que ele caia no chão.

Senhor misericordioso, meu pai não!

— Desgraçado, filho de uma rameira... — Meu sogro diz.

Ouço outro disparo , olho para trás e vejo o meu sogro disparando de sua espingarda, seguro meu pai e coloco a mão em seu ferimento para tentar conter o sangue que não para de jorrar.

Sentia as lágrimas se formando em meus olhos, sentindo que não poderia fazer muito por meu pai, até que um médico chegasse aqui, ou que o levássemos ele já teria perdido muito sangue.

— Olhe para mim, meu filho, por favor... — Me pede e põe a sua mão sobre a minha.

Com um olhar cheio de culpa e remorso, vejo a seu rosto cheio de dor mudar para tentar me tranquilizar. Percebo que meu sogro e meu cunhado estão por perto e que outros funcionários dos Marcondes vão atrás daquele maldito.

— Me perdoe se não fui um pai melhor, tentei ser o melhor que pude, filho sinto que a vida esteja se afastando de mim, então preste atenção. — Nego com a cabeça e aperto ainda mais o ferimento.

— Tudo que nos pertence está na cidade, na gaveta e chave está no meu bolso, case-se com sua noiva e faça dela a sua Condessa Venturini, seja feliz e esqueça o passado, o lugar dele é lá atrás morto...

Ele diz e concordo com o pedido de meu pai que começa a perder a cor em seus lábios e sua respiração parecia ficar um pouco mais lenta. Ergo o meu olhar e vejo Luna se aproximando, cai de joelho do outro lado de meu pai.

A PROMETIDA DO CONDE - EM ATUALIZAÇÂO -Where stories live. Discover now