Preparativos

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ZUKO

Zuko tentava meditar, era única coisa que Katara lhe permitira por uma semana. Meditar e leves exercícios com movimentos lentos. Ele sorriu consigo mesmo ao pensar em como ela estava sempre próxima, garantindo que ele cumprisse com a palavra. Hoje tinha pedido para que a aula sobre títulos e hierarquias fosse dada por Lo e Li ali no pátio, sob a justificativa da tarde estar quente demais para ficar em uma sala fechada e abafada, e que nunca seria capaz de prestar a devida atenção daquela forma. Ele segurou uma gargalhada fazendo força para esvaziar a mente e voltar a se concentrar na meditação... Mas ele sabia que, se ela quisesse, poderia fazer do comado em questão um mini polo sul em poucos minutos.

Apesar de tudo e mesmo com todas as suas preocupações, estava sendo agradável conviver com Katara. Com a proximidade do casamento, em meio a tantas responsabilidades para lidar e com a investigação do ataque que sofreu em andamento, ela estava sendo seu maior apoio. Seu tio havia dito uma vez que a água era o elemento da mudança e da adaptação, e Zuko estava experienciando isso de perto, observando-a. Katara se saía cada vez melhor na rotina caótica que se instaurava e pegava o ritmo de tudo de forma muito rápida. Nos últimos dias também parecia finalmente estar se recuperando dos momentos traumatizantes que passaram há pouco mais de uma semana. Parte da superação ele sentia que viera depois de visitarem Tyro. Naquela manhã foi ela quem procurou sua mão. Foi a primeira vez que o fizera, e ele lembrava que o gesto o havia surpreendido um pouco. Estava gelada, como o de costume, mas ele rapidamente a aqueceu e foi então que ela respirou fundo e tomou a coragem necessária.

Tyro se mostrara um bom homem, estava sensibilizado, e logo ao abrir a porta sua reação imediata foi abraçá-la. Ambos ficaram assim por um tempo e demorou até entrarem para o quarto em que o senhor fora acomodado. Lá Zuko escutou pela primeira vez como eles tinham se conhecido, e então foi capaz de compreender melhor a dor que ela sentia. A culpa que Katara carregava era mais profunda que imaginava, pois sem a gratidão que Haru alimentava por ela, ele e o pai nem estariam envolvidos diretamente na guerra, ou não mais do que qualquer um simples cidadão do interior do Reino da Terra poderia estar. As boas intenções de Katara sempre o surpreendia, apesar de não esperar menos dela. Ela nem mesmo era mestra ainda quando se infiltrou em uma daquelas prisões terríveis para conter dominadores de terra, das quais passaram dias ouvindo relatos horríveis dos antigos prisioneiros. E junto de Aang e Sokka, ela conseguiu libertar todo mundo, reunindo a família de Tyro novamente.

Podia ser injusto pensar daquele jeito, e provavelmente Zuko nunca falaria isso em voz alta, mas as vezes acreditava que o Alto Sábio, apesar de totalmente desintencionado, havia na verdade oferecido um grande presente à Nação do Fogo... Mesmo que temporariamente. Ele suspirou. Seria impossível meditar hoje, se sentia muito agitado. Como gostaria de treinar de verdade e gastar um pouco de energia para variar. Se pôs de pé abruptamente e logo a viu marcando em cima, com os olhos semicerrados cheios de indignação. Com um meio sorriso se pôs a se exercitar pacientemente, respiração e formas básicas.

Livro 4: O Novo MundoWhere stories live. Discover now