Capítulo 02

1.1K 138 27
                                    

— Perguntei se você está bem. Você parece distraído, meio pálido.

— Só estava pensando em uma coisa.

— Você tá bem mesmo?

Ele não estava. Estava começando a ficar doente. Culpe seu emocional por isso.

— Eu tô bem.

Evitar ir embora não ia adiantar nada, ele só ficaria cada vez mais doente e fraco, mas a necessidade de falar com Tankhun gritava dentro dele. Ele queria ficar, mesmo com o corpo pedindo muito descanso.

— Por que não vai pra casa?

— Tenho que falar com o Tankhun.

— Posso pedir para ele passar na sua casa assim que ele chegar.

Discutir com Yok era em vão, ela nunca o permitiria ficar.
Enquanto caminhava para casa ele via as nuvens e o céu ficarem mais escuros enquanto se perdia em mais uma série de pensamentos torturantes.
Fazia um tempo desde a última vez que ele se permitiu pensar tanto em Kim. Os pensamentos torturantes, as dúvidas, as noites mal dormidas...

Por muito tempo ele se perguntou por que Kim mentiu para ele.
O tempo não foi suficiente para fazê-lo aprender a lidar com as coisas que mexem com ele, mas, por alguma razão, hoje estava doendo bem mais. Isso era a prova que foi real, a dor.
Depois de chegar em casa no início daquela noite, o céu desabou em água.

— Tankhun não vai aparecer...

Falou desesperançoso olhando o céu através da janela.

Já passavam das 22hrs daquela noite. A chuva havia parado e só restavam algumas poucas nuvens no céu.
Porchay estava deitado no sofá com os olhos no celular quando ouvi o barulho da campainha.
Quando olhou para fora pôde ver Tankhun parado em frente ao portão junto de Arm e Pol. Com um salto rápido e desajeitado e correu para abrir o portão.

— Oi. Entrem! Não esperava que vocês viessem.

O portão foi aberto e junto dele o espaço para eles entrarem.

— Porsche e Yok disseram que você queria falar comigo. Precisa de alguma coisa? Alguém tá mexendo com você? Eu posso resolver agora, quem é?!

As palavras saiam da boca de Tankhun de forma acelerada e era quase impossível acompanhá-las.

— Não tem ninguém mexendo comigo, eu só quero conversar com você. Podemos falar a sós?

— Meninos, vão pra fora.

— Não!

Porchay conseguiu impedi-lo a tempo de pôr para fora os meninos e os dois subiram para o quarto.

Tankhun sentou-se na cama e Chay sentou-se na cadeira à sua frente.
Suas pernas tremiam e suas mãos suavam de ansiedade. Ele não sabia a forma de perguntar a Tankhun sobre o dia do armazém e não sabia como ele reagiria.

"O que eu vou responder se ele me questionar por quê eu quero saber?"

Esses pensamentos passavam pela cabeça de Porchay o tempo todo enquanto Tankhun o olhava impaciente, com uma expressão de dúvida e curiosidade ao mesmo tempo que esperava uma atitude sua.

— No que você tá pensando? Tem alguém te incomodando, não é? Vou ligar pro Porsche.

A impaciência de Tankhun era nítida e ele levantou depressa enquanto pegava o celular para ligar para Porsche, mas Porchay o tomou de sua mão.

— Não tem nada a ver com isso, Khun.

— Então porque tá hesitando em falar?

Essas perguntas frequentes de Tankhun estavam deixando Porchay cada vez mais e ele voltou a sentar na cama parecendo uma criança que foi munida demais.

— Porque eu não sei por onde começar.

— Comece do motivo pelo qual você me chamou aqui.

— Você lembra da última vez que estive na sua casa?

— Hum, aquele dia que você saiu sem avisar a ninguém.

— É. Você me disse que o Kim esteve no armazém quando eu fui sequestrado, certo?

— Certo.

— Por que ele foi até lá? Naquela manhã nós estávamos... nós combinamos de ensaiar os acordes do violão quando a campainha tocou e eu fui até lá. Eu chamei pelo Kim, mas ele não apareceu...

Tentar disfarçar o tom desapontado na voz era quase impossível e algumas palavras embolaram antes de sair.

— Como assim não apareceu? Ele tentou te ajudar, mas foi desmaiado depois de você. Quando acordou ligou para o Kinn querendo saber o que aconteceu na Casa Principal e porquê pegaram você, quando ele descobriu para onde te levaram ele foi te buscar.

— Porque ele nunca me contou isso?

— Ele deveria ter contado?

— Não, acho que não... Ele vai ser um dos herdeiros da herança Theerapanyakul, não é?

— O Kim?

A risada que Tankhun soltou era alta e incontrolável enquanto ele mesmo tentava se conter — Ele não quer ficar próximo da família para não se envolver com a máfia. — Porchay observava e ouvia atentamente oque Khun falava afim de entender o Kim, mesmo que agora não adiantasse mais nada — Raramente nos vemos ou temos qualquer tipo de contato.

— E como ele está hoje?

— Como eu disse, nós não nos falamos muito. A última vez foi há algumas semanas. Ele ligou pedindo que não incluíssemos o nome dele nas ações da empresa.

— Só isso?

— Huh. Porchay, Kim não é o tipo de pessoa que diz onde, com quem ou o que está fazendo. Ele vive a vida longe de nós. Parece nunca se importar realmente com algo. — As palavras do Khun tinham um peso enorme sobre Chay. Ele sentia muito por ter que ouvir aquilo. Ele achava que Kim nunca se importou realmente com algo. Enquanto encarava as mãos, Khun suspirou pesadamente e fez com que Chay o olhasse — Mas, Chay, se me permite dizer... Kim não se importava com ninguém... até conhecer você.

— Até me conhecer?

Porchay se perguntava como Tankhun podia dizer que Kim não se importava com ninguém antes dele? Ele estava tomado por uma raiva incontrolável que aos poucos escorria pelos seus olhos. Ele não entendia como Kim podia se importar com ele, quando na verdade ele não se importa com ninguém. — Foi tudo parte de um plano, Tankhun. Um plano que deu certo para ele e errado para mim. Ele não confiava no Porsche, por isso se aproximou de mim. Ele deve se sentir na obrigação por ter me enganado.

KimChay: Por Que Você Não Fica? Where stories live. Discover now