KimChay: Por Que Você Não Fica?

Capítulo 26

Depois de guardar no armário e na geladeira as besteiras que levou para comer com seu menino, Khun pegou algumas coisas que acreditava serem produtos de limpeza na área de serviço e o que seria uma pequena arrumação no quarto de seu irmão se tornou uma faxina geral.

Para alguém que nunca havia pego em uma vassoura sem que fosse para bater em alguém, Tankhun estava indo melhor do que imaginava. Ele fez uma verdadeira arrumação na sala de estar da casa e depois subiu para o quarto de Porchay onde trocou sua roupa quente e pesada por uma camisa leve e ventilada, pois mesmo estando um frio tremendo do lado de fora, fazer uma arrumação pesada faria qualquer um sentir calor.

O rapaz mais velho se divertia por fazer coisas que nunca havia feito. Se divertia lendo as indicações e precauções nas embalagens e como usar tais coisas, e as que ele não sabia eram jogadas no Google.
A última coisa que restava para Khun concluir sua faxina era limpar a cozinha, ali foi onde ele se questionou se conseguiria ou não, mas conseguiu limpar tudo e só quebrou um prato.

— Oh, céus... eu nunca fiz tanta coisa na minha vida, se aqueles dois disserem que não está bom, essa casa vai ao chão com todo mundo dentro!

O mais velho jogou-se no sofá e ali permaneceu imóvel olhando para o teto e sentindo-se cansado demais para mover um músculo sequer, mas lamentou a vontade repentina de ter que levantar para usar o banheiro.
Khun abria todas as portas que via na esperança do banheiro ser em uma delas já que não queria voltar para o quarto e acordar o garoto. Assim que acabou de subir o lance de escadas que levava para o segundo andar da casa, Tankhun se deparou com uma porta e a abriu saltando para dentro desejando que fosse o banheiro, mas não era.

Aquele quarto que deveria estar trancado era o quarto onde Chay guardou por muito tempo as coisas de Wik, o personagem de Kim que foi deixado para trás depois que ele conheceu o garoto naquele dia no colégio.

— Meu Deus... — Khun ficou vidrado enquanto seus olhos passeavam de um lado para o outro vendo tudo aquilo a sua frente — isso é o que?! Um altar de adoração?! Chay, seu pervertido! — ele deixou sua risada ecoar pelo quarto e logo cobriu a boca com a mão — Kim, meu Deus, você tem um fã número um ou um namorado psicopata?

Ele olhou cada foto que estava naquele quarto, abriu cada gaveta das estantes e cômodas, viu todas as cartinhas escritas por Porchay para um dia quem sabe entregá-las para seu ídolo. Tudo que Chay fez, escreveu, tudo que guardou, ele fez sem nem sequer imaginar que um dia estaria namorando com aquele rapaz das fotos e que há um tempo atrás para ele isso seria impossível.

— Se eu descubro que alguém fez isso pra mim não sei se fico feliz ou chamo a polícia.

Ele se divertia com seus próprios pensamentos em relação ao que acabará de ver e sua risada baixa era tão gostosa de ser ouvida, tão fofa, tão espontânea e sincera que faria qualquer um que a ouvisse sorrir junto dele.

— Khun?

O rapaz se assustou ao ouvir a voz falha e sonolenta de Chay soar no outro andar da casa e saiu depressa do quarto. Depois de ver tudo aquilo ele esqueceu completamente que estava super apertado para ir ao banheiro, mas mesmo assim ignorou e voltou para deitar no sofá fingindo que nunca havia saído de lá.

— Khun, por que está aqui sozinho?

— Que bom que acordou, Chay, — disse se endireitando no sofá — e eu estou sozinho porque você estava dormindo e Kim saiu, com quem mais eu ficaria?

— Onde estão Arm e Pol? — perguntou sentado ao lado de Tankhun.

— Eu não pedi que viessem, queria passar um tempo a sós com você.

Chay olhou ao redor e para sua surpresa viu que tudo estava arrumado e em seu devido lugar.

— Foi você que arrumou a casa?!

— Por que então você acha que eu estou deitado aqui com suas roupas?! Como duas pessoas conseguem fazer tanta bagunça em uma casa desse tamanho? Tentem mantê-la arrumada, da próxima vez não terei pena de vocês, huh!

— Não precisava ter feito tudo isso, eu sei que você nunca...

— Nunca limpei minha casa? Você está me ofendendo, Chay! Não está errado, — riu — mas não precisa me dizer. Anda, vem aqui. Não! Eu preciso de um banho antes.

— Pode usar o banheiro do meu quarto, onde estão suas roupas? Enquanto você toma banho eu posso fazer algo pra você comer.

— Eu posso pegar as roupas. Eu também trouxe algumas coisas pra comermos enquanto eu estiver aqui, tá tudo no armário e na geladeira. Você tem que comer algo forte, você prepara isso pra você e prepara algo pra nós dois comermos enquanto assistimos algum filme na tevê, certo?

— Huh, tudo bem.

— Vou tomar banho.

Tankhun subiu para o quarto e após pegar de volta suas roupas quentes ele entrou no banheiro.
Na cozinha da casa Porchay preparava um café reforçado para si e fazia pipoca e esquentava um pizza pronta que fora levada por Khun.
Enquanto um tomava banho no andar de cima o outro preparava o café no andar de baixo e conforme o tempo passava, o céu escurecia cada vez mais e a chuva também aumentava.

Chay subiu para o seu quarto e em cima do criado-mudo colocou as besteiras que fez e no guarda-roupa pegou uma coberta grande e quente para ele e o mais velho.
Khun abriu a porta do banheiro e o que saiu de lá foi a fumaça cinzenta do chuveiro quente e um rapaz de cabelos molhados e pele avermelhada.

— Tá tudo bem? — brincou Chay.

— Por que não estaria, huh?! Seu chuveiro é ótimo!

— Onde está seu casaco? Por que não o vestiu?

— Estou com muito calor, você o quer?!