Capítulo 27

617 72 2
                                    

— Posso? Estou sentindo muito frio.

— Huh, você me pergunta algumas coisas como se precisasse, quantas vezes vou ter que repetir que te considero meu irmão mais novo, huh?! Apenas vista, anda!

Tankhun entregou seu casaco branco e felpudo para Chay que o vestiu e pegou o controle da tv em cima da estante e logo o entregou para Khun.

— Você escolhe o filme, vou tomar água primeiro, já volto.

Enquanto Khun buscava um filme qualquer na Netflix Chay tomava um remédio na cozinha. Ele estava sentindo uma forte dor na barriga e estava começando a ficar com febre, mas não quis dizer nada para não preocupar o mais velho.

— Você está pálido, Chay, está se sentindo bem?! — perguntou depois que o garoto apagou a luz do abajur e deitou ao seu lado.

— Isso é só falta de vitamina d, sabe? Preciso tomar sol...

— Tem certeza?!

Chay apenas concordou e Tankhun deu play. O filme era uma comédia qualquer, engraçada, mas a dor chata que Porchay sentia na barriga não o deixou aproveitar muito, e das coisas que havia preparado para comer junto do mais velho ele apenas beliscou e depois simplesmente adormeceu nos braços de Khun que não demorou a fazer o mesmo.

O tempo frio, chuvoso e melancólico, o quarto quente que fora escurecido pelas cortinas pesadas e a tv no volume mínimo foram os motivos que fizeram Tankhun adormecer tão rapidamente abraçado ao pequeno, mas o que realmente fez Porchay pegar no sono foi o efeito do remédio forte que tomará mais cedo.

Algumas horas mais tarde Kim voltou para casa e encontrou em seu quarto escuro a Netflix na tv perguntando se ainda havia alguém assistindo e na cama dois rapazes que dormiam aconchegados um no outro.

— Eu não posso acreditar nisso, Tankhun. — disse sussurrando e um sorriso bobo surgiu no canto de seus lábios — Eu te peço pra cuidar do meu garoto enquanto estou fora e quando eu volto você está num sono quase tão pesado quanto o dele...

Porchay estava com a cabeça deitada no ombro de Tankhun que o abraçava como se ele fosse um pequeno urso de pelúcia feito na medida certa para caber perfeitamente em seu abraço.

Kim deu a volta na cama e ajoelhou-se no chão para falar com o garoto que dormia nos braços de seu irmão.

— Da próxima vez, eu mesmo me encarrego de cuidar de você, tá bom?

Ele acariciava gentilmente os cabelos negros de Porchay e quando sua mão tocou a testa do garoto ele pôde sentir um pouco do quão quente ele estava, e como já era de se esperar ele acordou seu irmão.

— Não pode simplesmente me deixar dormir, huh?! Eu tô cuidando dele...

— Shi... levanta e vem aqui, agora!

Tankhun tirou Porchay delicadamente de seus braços e levantou da cama esfregando os olhos e sacudindo os cabelos.

— O que diabos você quer?! Não podia simplesmente me esperar acordar primeiro e por vontade própria?! E por qual motivo você está me dando ordens?!

— Porchay está com febre, Tankhun! Você o deixou fazer tudo isso?! — perguntou bravo e aumentando seu tom de voz por achar que o garoto limpou a casa.

— Você tá ouvindo o que tá falando?! Eu arrumei tudo enquanto ele dormia, você entendeu?! Eu não notei que ele estava com febre, mas garanto que cuidarei dele agora!

— Eu vou cuidar dele!

Kim levantou o dedo para Tankhun que o lançou um olhar mortal e deu um tapa forte em sua mão fazendo-o baixá-la.

— Escuta aqui, Kim! Eu jamais permitiria que o meu garoto fizesse qualquer coisa, entendeu? Jamais! A única coisa que o pedi que fizesse foi algo pra comer, apenas! Você passou o dia inteiro fora e não tem direito nenhum de chegar me acusando de coisas que você não sabe!

O mais novo ouvia cada palavra dita por seu irmão, pois ele sabia que o mesmo estava bravo por sua atitude, então só o deixou falar, não que tivesse outra escolha.

— Quando você sumiu durante meses quem ficou com ele fui eu! Eu cuidei dele e Porsche nunca chegou pra mim e me disse como deveria ser feito. Então, eu vou cuidar dele agora até que ele me peça pra ver você. Você não tem mais direito que eu quando se trata dele. Você é o namorado, mas eu fui a pessoa que cuidou dele, eu estava com ele quando só Deus sabe onde você estava...

Tankhun passou pelo seu irmão e bateu em seu ombro voltando para o quarto, mas ele estava tão irado pelo jeito que Kim agiu consigo que pela primeira vez em muito tempo ele se viu com muitq raiva. Khun perdeu totalmente a vontade e o interesse de ficar na casa e depois de dar para Porchay um remédio que o ajudaria com a febre ele ligou para Pol buscá-lo.

— Agora você pode tentar fazer o que não fez durante meses, seu... idiota...

Essas foram as últimas palavras que Tankhun disse para seu irmão antes de entrar no carro e desaparecer na neblina densa que cobria a rua.
Kim agora estava sentindo-se culpado pela maneira que falou com seu irmão, quando na realidade ele só o ajudou. O mais velho voltou para o quarto e deitou cuidadosamente ao lado de Porchay que mexia seus braços impacientemente em busca de Tankhun, mas abriu seus olhos quando não o sentiu.

— Kim, você voltou... onde está o Khun...?

— Ele teve que voltar para a casa principal, mas eu... quero dizer, você pode pedir pra ele voltar ou eu posso te levar para vê-lo.

— Hum...

— O que você está sentindo? Está tão quente, e por que não contou para o Tankhun que estava sentindo-se mal?

— Eu não quis preocupa-lo, mas já tomei um remédio.

— Eu vou preparar algo pra você comer, algo bem forte. Eu já volto.

Kim passou o cobertor por cima de Porchay e desceu para a cozinha depois de recolher as comidas que estavam em cima do criado-mudo.

KimChay: Por Que Você Não Fica? Where stories live. Discover now