Capítulo 08

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Perguntou Porchay sorrindo e feliz por vê-lo enquanto ele se acomodava na beira da cama e o entregava a bandeja.

— Você tinha um pedaço de vidro preso no pé. Estava infeccionado e você também perdeu "algum" sangue, vamos dizer assim. Foi por isso que você desmaiou e caiu na piscina enquanto estava em casa.

— Quem me tirou da água? Lembro de ver alguém pular, mas não consegui ver quem foi.

Quando perguntou Khun arregalou os olhos e ficou desconfiado enquanto tentava arrumar uma desculpa rápida.

— Huh... eh... olha só — com as mãos em forma de concha ao redor da orelha ele levantou — o Arm tá me chamando. Já estou indo... — Khun saiu do quarto segurando um riso e bateu à porta, mas logo abriu de novo e entrou para pegar sua bolsa — Afinal, onde conseguiu furar o pé assim?

— Alguma coisa pesada fez um buraco no vidro da sala ontem, mas não sei oque pudesse fazer aquilo.

— Hum, tudo bem. Pol está do lado de fora caso precise dele, tenho que resolver uma coisa. Talvez não dê tempo que eu venha te buscar à noite, então só saia com o Pol!

Para Khun tentar disfarçar alguma coisa era quase impossível, sua voz o entregou para Porchay, ele estava frustrado.
Khun é assim, ou ele sente demais ou ele não sente nada, e isso vai sempre estar nítido, por mais que ele tente esconder.

Porchay tomou o suco e logo deitou de novo. Tinha que esperar o soro acabar para poder ir embora. Parecia durar uma eternidade.
As horas passavam devagar enquanto o garoto via as gotinhas de soro caírem lentamente pelo tubo que estava preso em seu braço.
Com a última gota de soro uma enfermeira entrou no quarto com algumas de suas roupas e um par de muletas e tirou a agulha de seu braço.

— Dá próxima vez não tente trabalhar com o pé desse jeito e muito menos usando tantas meias. Procure um médico. Você não é o super-man. — falou brincalhona e sorriu — Trate de se alimentar também, você perdeu sangue com esse corte.

— Pode deixar!

Sorriu de volta como forma de agradecimento e ela o deixou sozinho para que pudesse se vestir.
Assim que ele se apoiou nas muletas, batidas soaram do lado de fora da porta e o Pol colocou a cabeça na fresta.

— Porchay?

— Pode entrar, eu já me vesti.

— Precisa que eu faça algo por você?

— Pode me levar para casa?

— Desculpa, Chay, o Sr. Tankhun disse para te levar para a Casa Principal até você estar bem de novo e se eu ousar desobedecer ele vai me demitir.

Falou rindo e num tom de descontração e Porchay também sorriu concordando com isso pois sabia que Tankhun era realmente capaz de fazer isso.

De volta para à Casa Principal Porsche já o esperava do lado de fora na companhia de Kinn e logo me ajudou a descer do carro enquanto Pol levava o carro para o estacionamento.

— Chay! — quando Porsche viu seu irmão lançou-se sobre ele, o abraçando forte e quase o derrubando — Que bom que você está bem!

— Não vou estar se você me derrubar.

O menino sorrio meio tímido e Porsche logo pegou sua bolsa e o acompanhou até onde seria seu quarto temporário enquanto estivera na Casa Principal.
Porsche durante todo o caminho deu total assistência para Chay e se desculpou inúmeras vezes por não ter o acompanhado até o hospital. Mesmo que Porchay o tranquilizasse dizendo que estava tudo bem, Porsche continuou se desculpando.
Descemos no penúltimo andar e o Porsche saiu na frente abrindo uma porta no final do corredor e revelando um quarto enorme com uma vista incrível do jardim e dos prédios enormes depois da propriedade.

— Vou deixar você descansar, Chay. O quarto é seu, você faz o que quiser.

Porchay explicou para seu irmão que não ficaria muito mais tempo até se recuperar e Porsche pareceu entender isso. Tudo que ele mais queria era ver Chay bem e feliz, não importa onde.

Porsche estaria ali para qualquer coisa que seu irmão precisasse, eles ainda eram um só.
Mas Porchay não sentia isso... o garoto estava triste e se sentindo sozinho com a ausência de Porsche nos últimos meses. Quando Porsche o abraçou sua vontade era de chorar e pedir que ele ficasse mais um pouco, mas ele só o deixou ir depois que o abraço se desfez.

"Eu sinto sua falta, Porsche, todos os dias. Sinto falta do pouco tempo que passávamos juntos e hoje nem o pouco nós temos."

Chay se sentou no chão de frente para a janela e encostou a cabeça na cama. As luzes dos postes do jardim e dos prédios distantes deixavam o quarto com um ar melancólico e abria espaço para pensamentos intrusivos.

Com os fones no ouvido Porchay deixou a música fazer o seu trabalho, completar o cenário melancólico.
Sua mente estava confusa nesses últimos quatro meses e ele só queria desligá-la por tempo indeterminado.
Ele se sentia perdido dentro do quarto, se sentia mais sozinho do que jamais esteve.

Ao entrar no banheiro para tomar banho ele viu todo aquele luxo e espaço que parecia maior que "seu" quarto.
Ele nunca iria se acostumar a viver ali. Ao mesmo tempo em que eles tinham tudo, pareciam não ter nada.

Porsche tinha deixado em cima da cama de Chay uma mala pequena, uma bandeja com o jantar e um colar com a letra P de Porchay e Porsche, e junto dessas coisas tinha um bilhete escrito em post-it.

"Fui buscar essas roupas para você e também te trouxe alguns livros no caso de você ficar entediado. Imaginei que você não quisesse descer para o jantar, então eu mesmo preparei isso para você. Também te comprei um colar, estou usando um também.
Te amo, Porsche... :)

"Você não poderia simplesmente ficar um pouco comigo? Eu não preciso de nada disso... eu preciso de você."

Chay guardou sua mala dentro do closet e colocou no pescoço o colar que Porsche o deu. Pelo menos assim ele se sentia mais perto do Porsche...
Nessas horas Chay poderia simplesmente pedir um abraço a Khun, mas ele ainda não havia voltado para casa, ele não se sentiria tão sozinho se Arm e Pol estivesse ali com ele.

"Passar por momentos assim sem eles vai ser solitário, as pessoas parecem ocupadas demais ultimamente..."

Ele estava deitado no escuro com os fones enquanto via as luzes serem apagadas lá fora e um toque leve em seu ombro o fez tremer e puxar os fones rapidamente, quando ele virou-se encontrou ali alguém que estava assustado.

— Está querendo me matar, Porchay, hã?!

Fingindo um desmaio Khun deitou na cama e Porchay colocou a mão no peito sentindo seu coração bater acelerado e também jogou a cabeça para trás.

— Vou dormir com você essa noite, você pode precisar de mim.

— Resolveu suas coisas?

— Hum... resolvi sim.

KimChay: Por Que Você Não Fica? Where stories live. Discover now