Capítulo 04

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Tankhun o olhou pelo canto do olho e virou o rosto para o outro lado sacudindo seus cabelos e fingindo ignorar totalmente a presença de Chay que estava ali ao seu lado.

— Eu estava jogando com fones de ouvido, só vi a bagunça depois.

— Yok pode ter as imagens da câmera do bar, vamos até lá!

— Agora?! Não é tarde?

— Nunca é tarde. Vamos.

Ele levantou da cama num salto e gritou pelo Arm e o Pol que logo se juntaram.

Isso era o que tornava Tankhun único. Suas roupas icônicas, seu impulso, o jeito de fazer o mundo ser mais engraçado, mas além de tudo, ele sabia a hora de levar a conversa a sério.
Quando estavam na frente de casa Tankhun viu a moto estacionada e caminhou até ela.

— Porchay, nós vamos de moto. Arm e Pol vocês vão atrás. Anda, vem!

— Eu não sei pilotar...

— Como não sabe pilotar?! Porsche nunca te ensinou? Que tipo de irmão ele é, hã? Vamos lá, eu sei e posso te ensinar depois.

— Sabe mesmo?

— Você está duvidando de mim, Porchay?

— Não! Estou indo, deixa eu pegar seu capacete.

Porchay voltou para dentro na companhia de Arm que foi tomar água e pegou o capacete em cima do sofá.

— Ele sabe mesmo pilotar?

— Ele nunca subiu numa moto, Porchay.

— Ele o que?!

O susto ficou preso na garganta de Porchay e ele se engasgou com o ar e acompanhou Arm até a cozinha para tomar água também.

— Fica tranquilo, nós estamos bem atrás.

— Como se isso fosse me impedir de cair.

— Ele nunca deixaria nada acontecer com você, ele sabe que se deixar tem chance do Porsche matar ele.

— É mais fácil ele matar o Porsche por não me ensinar a pilotar.

Chay entregou para Khun o capacete e ele logo retirou seu casaco enrome e felpudo, isso não era uma boa combinação para Tankhun.

À noite já não tinha mais aquele ar chuvoso de mais cedo e Arm abriu o portão para que Tankhun e Porchay saíssem primeiro. No começo a moto balançava de um lado para o outro ameaçando virar e derrubar os dois ali de cima enquanto Khun dava risada e Porchay agarrava mais forte sua cintura, mas logo Khun pareceu pegar o jeito.

Porchay se sentiu livre aquela noite. Sentiu paz enquanto Khun brincava e dirigia. O vento batia em seu rosto e secava as lágrimas que estavam em seus olhos e soprava seus cabelos.
Depois de tanto tempo Porchay se sentiu bem de verdade. A cidade inteira parecia estar vazia, só havia eles no mundo todo. A melhor noite de suas vidas...

O bar estava quase fechando e Chay desceu da moto num salto passando no meio das pessoas que estavam saindo e deixando Tankhun para trás. Ao passar pela porta Yok logo o viu e andou depressa até o menino.

— Porchay! Por que você está aqui?! Está se sentindo bem?!

Yok estava pronta para lançar mais uma série de perguntas para Chay e ele a tranquilizou antes de tudo. Julgar pela forma que Porchay estava mais cedo, não é de se admirar a preocupação de Yok.

— Calma, eu estou bem. — suspirou aliviada.

— Yok, ele veio comigo.

A voz falhada de Tankhun soou vindo de algum lugar no meio das pessoas atrás de Porchay e ele levantou a mão para ser visto, e quando finalmente conseguiu entrar ele parou e se encostou na porta parecendo estar sufocado — Quanta gente... — respirou fundo e se reergueu — Pode mostrar para Porchay as imagens da camêra de segurança de quando Porsche o deixou aqui?

— Claro, aquele icônico dia que destruíram meu bar.

— Esse! -concordou Khun apontando o dedo para Yok.

— Eu não tive intenção...

— Nem pense nisso, em. Não fui culpa sua, e sim do seu irmão irresponsável.

Tankhun respondeu Porchay jogando toda a culpa dos acontecimentos daquele dia no Porsche, afinal, ele havia dito para o Vegas onde Porchay estava. Enquanto Khun e Chay seguiam Yok por um corredor escuro no lado direito da sala ela abriu uma porta que deu vista para um quarto cheio de luzes vermelhas e monitores.

— Aqui é a sala de segurança. — ela procurou por alguns instantes um fita específica dentro de uma gaveta cheia delas. — Achei — disse e colocou a mesma no projetor — Você tem todo o tempo.

— Chay, quer ficar sozinho? — perguntou Khun e a Yok o puxou para fora da sala.

— Sim, ele quer.

A porta do quarto foi fechada e Porchay ficou ali esperando o servidor carregar e quando aconteceu ele se sentou. No monitor apareceu o lugar do bar em que Chay estava sentado aquele dia com seus fones de ouvido no volume máximo e jogando no computador. Aquele dia ele também estava pintando os cabelos com uma tinta um pouco mais escura que seus ccabelos.

Porchay estava ficando impaciente pois tudo naquela filmagem era quieto e silencioso, e assim ficou por longos minutos. Ele estava sentado na cadeira giratoria virando de um lado para o outro até ver no monitor o momento exato que Kim entrou no bar.

O coração de Porchay estava acelerado e seu corpo inteiro gelou.

Ele estava tão lindo quanto antes e os olhos de Chay se iluminaram quando eles o viram. Não iluminado por conta de lágrimas, mas estavam iluminados pela emoção que sentiu ao vê-lo de novo.

Quando Kim entrou pela porta do bar um flash de luz branca iluminou seu rosto e uma mecha de cabelo recaiu sobre ele.
Os olhos de Kim buscavam por algo, até ver seu menino sentado de costas no sofá no centro da sala com seus cabelos cobertos de tinta e fones de ouvido.
Seus olhos estavam tão brilhantes quanto os de Porchay naquele momento.

Kim sentou-se em um dos bancos do balcão e permaneceu ali por longos minutos. Porchay se perguntava o que ele estava fazendo já que não tentou falar com ele, não pegou sequer uma bebida, só estava ali encarando a parede a sua frente e por vezes mirava suas costas.

KimChay: Por Que Você Não Fica? Where stories live. Discover now