Capítulo 28

649 80 3
                                    

Enquanto descia as escadas o rapaz percebeu o quão bem seu irmão mais velho havia arrumado a casa de seu namorado. Nada estava fora do lugar, foi aí que ele também percebeu que estava errado por ter agido de tal forma.

Chay poderia ter ficado doente por varias razões, porém, as mais prováveis eram que ele poderia ter comido algo que o fez mal ou também poderia ter pego um resfriado graças ao dia chuvoso.

Mas Tankhun tinha Porchay como seu irmão mais novo, seu protegido, ele nunca o deixaria fazer nada, nem o deixaria tocar numa vassoura sequer quando estivesse em sua presença, e Kim sabia disso, mas quando sentiu o calor vindo de Chay, seu instinto protetor falou mais alto, mesmo sabendo que Khun não controlava se o garoto ficaria doente ou não.

-Pode por favor, não sair mais daquele jeito? Chay procurou por você, queria que tivesse ficado.

Tankhun estava de volta a casa principal quando recebeu a mensagem de Kim e logo mandou um pedido de desculpas para o celular de Porchay e junto das desculpas, o convite para ficar consigo na casa principal por alguns dias.

-Pedirei ao Porchay que venha até a casa principal como me pediu, mas não faço isso por você, faço por ele. Da próxima vez que precisar de mim, não precise! Você mesmo pode tomar conta dele.

-Pode por favor, parar de drama, Tankhun? Eu sei que eu errei quando falei com você daquela forma, sinto muito.

-Guarde suas desculpas pra outra pessoa, Kim, eu não preciso delas, mas se eu sonhar que você falou com o Chay de tal forma, eu mato você. Eu juro! Tenha uma boa noite.

-Você tá lendo o que tá escrevendo?!

-Vou repetir: TENHA UMA BOA NOITE!

— Eita como ele é! Por que eu tenho que ter um irmão tão cheio de dramas e caprichos? Nem era pra tanto...

— Com quem está falando?

A voz sonolenta de Chay soou alguns degraus atrás de Kim e o mais velho virou-se para encara-ló. Ele estava tão aconchegado no enorme casaco felpudo de Tankhun que parecia se perder dentro dele, estava realmente muito fofo.

— Oi, meu amor! Estava falando com Tankhun, ele tem um convite pra você, mas isso não vem ao caso agora. Como você está se sentindo, hum?

Kim estendeu a mão para Porchay que desceu as escadas e a segurou. Ele ainda estava um pouco quentinho, e o mais velho deu um beijo rápido em seus lábios quentes, então ambos completaram juntos o restante das escadas que faltavam para chegar ao fim do lance.

— Só estou com frio. O que o Tankhun quer comigo?

— Eu não sei, meu amor. Você está com fome? Posso fazer algo pra você comer.

— Não estou com muita fome. Você passou o dia fora, estava com saudades já...

— Eu também, meu pequeno. Não via a hora de chegar em casa...

— Tankhun trouxe algumas coisas pra comermos durante à tarde, mas nós dormimos e ele foi embora antes de eu acordar.

— O que você quer comer?

— Tem lasanha...

— Comida saudável, Chay! Você ainda está doente e precisa se alimentar bem, entendeu? Quando eu não estiver em casa vou pedir que Arm ou Pol fiquem de olho em você...

Chay revirou os olhos e deitou a cabeça no balcão enquanto Kim tirava da geladeira alguns potinhos da comida que restará do dia anterior e os organizava na mesma mesa que Porchay escondia o rosto entre os braços. A comida ainda estava fresca e eram coisas que não fariam mal ao garoto quando ele as comesse.

O menor era mimado demais por Tankhun, mas não era acostumado quando essas coisas vinham de seu namorado, ele sentia como se não fosse capaz de fazer as coisas mais simples.

— No que está pensando?

Kim quebrou o silêncio e o garoto ergueu a cabeça para vê-lo.

— Você não precisa fazer tudo por mim, Kim. Eu também sei me cuidar, eu não sou tão frágil assim. Você faz demais por mim.

— Eu não disse isso, só estou cuidando de você enquanto está doente, mas se não quiser, tudo bem. Eu entendo.

— Não é isso, é que tantos cuidados me deixam mal acostumado. Porsche nunca me deixou faltar nada, sempre cuidou de mim, mas você e o Tankhun fazem muito por mim e as vezes isso me deixa preso demais...

Porchay deu a volta no balcão e tirou as coisas das mãos de Kim e as segurou. O olhar do mais velho era confuso e estava meio perdido depois de ouvir as coisas do menor.

— Não precisa ficar assim, — enquanto falava, Kim desviava o olhar, então Chay o virou e o prendeu entre a bancada e seus braços cheios pelo casaco — olha pra mim, Kim. — pedido negado — Meu amor, você pode olhar pra mim?

Kim continuou olhando para todas as coisas da cozinha, menos para aqueles olhos a sua frente, ele sentia que podia chorar a qualquer momento, mas não aconteceu já que ele não encarou Porchay.

Com seu pedido recusado, Chay conhecia o rapaz e sabia que nada que ele fizesse faria Kim olhá-lo, então ele apelou para o que sabia que o mais velho não iria ignorar.

— Não vai mesmo me olhar?

Kim estava emburrado enquanto mirava a chuva cair do lado de fora da casa, através das janelas de vidro. O mais alto podia desprender-se facilmente de Porchay e, se quisesse, poderia sair daquela situação, mas ele permaneceu ali.

O menor se aproximou ainda mais de Kim que mesmo assim não virou para olhá-lo, então Chay o deu um beijo suave no pescoço, isso o fez arrepiar e virar lentamente para finalmente encarar aqueles olhos.

— O que você quer...? — perguntou manhoso com as mãos ainda apoiadas no balcão.

— Por que está com essa cara, hum? Um beijo resolve?

— Acha que pode me comprar com isso...?

— Não sei, posso?

Chay deu um selinho demorado nos lábios do mais velho e os mesmos levemente se curvaram em um sorriso fraco.

KimChay: Por Que Você Não Fica? Onde histórias criam vida. Descubra agora