Capítulo 25

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Na manhã seguinte, Kim abraçava e acariciava os cabelos negros de Chay que dormia em seu peito enquanto lá fora o som de uma tempestade barulhenta ecoava por todos os lados. O mais velho recebeu uma ligação de seu irmão do meio chamando-o para comparecer a casa principal. Ele não queria acordar seu garoto e também não queria colocá-lo em perigo caso precisasse ajudar seu irmão ou seu pai em algum coisa, mas Kim também não queria deixá-lo sozinho em casa sem sua proteção, por isso pediu que Tankhun o fizesse companhia.

— Pode fazer isso?! Ele está dormindo agora.

— É claro que eu posso! Eu fico com ele.

— Tem certeza?

— Huh, huh, eu gosto de ficar com o Chay, você pode vir.

Khun desligou o celular e enquanto esperava seu irmão mais novo chegar pegou uma mochila de costas e na cozinha da casa a encheu de doces e salgados para comer com o pequeno. Tudo que ele viu pela frente e que aos seus olhos era aparentemente gostoso foi jogado dentro da mochila, no fim, a bolsa que não pesava nada parecia pesar toneladas depois que ele a encheu completamente.

Tankhun mal conseguia manter-se de pé e carregar a bolsa ao mesmo tempo, a cada dois passos dados ele fazia uma pausa de 5 minutos.

— Arm! Você viu o Tankhun? — o rapaz ouviu a voz de Kim ecoar pela sala antes de o ver frente a frente.

— Pode me ajudar?! Isso está pesado...

Depois de pegar a mochila das costas de seu irmão com uma facilidade surpreendente, Kim a levou até o carro que deixaria Khun na casa de Porchay. O mais velho também usaria o tempo que iria passar a sós com o garoto para tentar convencê-lo a ficar alguns dias na casa principal.

— Pra onde vai com tudo isso? E o que você colocou aqui?!

— Pra onde você pediu que eu fosse, huh?! Com quem pediu que eu ficasse?! As vezes você me tira do sério com essas perguntas, Kim.

— Sempre tão amável. Você não precisa levar tudo isso, será só algumas horas até que eu saiba qual o problema que seu pai e seu irmão querem que eu resolva.

— Tanto faz, meu menino não vai ficar com fome.

— Seu menino?

— É! Meu menino!

— Deus... você não colocou nenhuma bebida alcoólica aí dentro, certo?! Não o deixe bêbado!

— Está me dando ordens, Kim? E é claro que eu não vou deixá-lo bêbado, a menos que o refrigerante tenha efeito contrário no garoto. 

— Tanto faz... — Kim deu de ombros — só cuida dele no meu lugar e qualquer coisa me liga, Tankhun!

— Da pra parar de falar como se eu não fosse capaz de cuidar dele? Agora anda, você fala demais e isso me cansa.

O mais velho entrou no carro e Kim o entregou as chaves da casa e, quando estava prestes a falar mais uma dúzia de coisas que Khun não poderia fazer ele levantou o vidro e pediu para o motorista ir embora. Ele se divertia enquanto acenava para seu irmão que ficava para trás com uma expressão nada engraçada em seu rosto.

Tankhun recolocou a mochila pesada nas costas e entrou devagar na casa do garoto para não o assustar caso já estivesse acordado, mas estava tudo tão calmo e silencioso que Khun presumiu que seu menino ainda estivesse dormindo. Ele subiu para o quarto de Porchay depois de colocar a bolsa cheia de besteiras em cima da mesa e encontrou o garoto num sono aparentemente pesado.

— Oi, meu menino...

Tankhun sentou-se na cama e enquanto Chay dormia ele conversava baixinho com o garoto, mas não esperava que ele fosse acordar tão depressa. Os olhos de Porchay se abriram lentamente e logo viram o mais velho sentado ali. Ele estava tão sonolento que ao piscar os olhos eles demoravam a abrir novamente.

— Khun... onde tá o Kim...?

— Você sempre pergunta por ele quando acorda e não o vê? Me pergunto o que você viu nele, ele nem é bonito... — resmungou, mas voltou atrás do que acabará de dizer — agora eu menti, a quem estou tentando enganar? Ele é muito bonito, não mais que eu, mas muito bonito. Não diga pra ele que eu disse isso, Chay!

A forma como Tankhun falava com Chay o divertia e isso arrancava sorrisos bobos e as vezes gargalhadas gostosas, como naquele momento, mesmo com muito sono o garoto sorriu de um jeito bobo e fofo.

— Senti sua falta, Khun...

— Eu também, meu menino... e sobre Kim, Korn o chamou na casa principal e como seu namoradinho é preocupado ele me pediu para cuidar de você.

— Uhum...

A relação que Porchay tinha com Tankhun era algo tão leve, tão simples e tão tranquilo, eles se consideravam irmãos, cuidavam bem um do outro, trocavam mensagens entre si, se preocupavam com o outro. Eles passaram tanto tempo juntos durante o longo período de tempo que o mais novo teve que passar em sua casa que sua relação se tornou algo parecido com o que Porchay tinha como seu verdadeiro irmão, Porsche, antes do mesmo assumir os negócios da família junto à Kinn.

Chay via Tankhun como um abrigo para os seus dias difíceis, assim como também via Kim. Chay o via como um lugar seguro para onde poderia fugir todas as vezes que precisasse descansar. Ele sentia-se bem ao lado do mais velho, sentia que estava em casa apenas por abraçá-lo, sentia que por mais que algo dentro de si estivesse doendo e completamente quebrado, ter Tankhun por perto e ao seu lado ajudaria a amenizar a dor ou a juntar os pedaços do que estava quebrado por dentro.

Porchay estava dormindo de novo, ele pareceu sentir que Kim não estava em casa e acordou para averiguar se o mais velho estava deitado ao seu lado, mas voltou a dormir depois de ver Tankhun ao seu lado, ele estava em boas mãos.

— Esse quarto precisa de uma limpeza. Agora, como faz uma limpeza?

KimChay: Por Que Você Não Fica? Onde histórias criam vida. Descubra agora