Capítulo 33

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— Que droga! Achei que isso tivesse sido proibido!

— E foi! Vamos levá-lo logo...

Depois que Kim colocou Porchay no banco de trás, Porsche foi atrás consigo e a todo momento verificava a pulsação do mais novo. Estava fraca. Eles deram retorno na pista e partiram diretamente para o hospital mais próximo.

Porchay foi levado para uma sala, onde usariam métodos para remover a droga do corpo do garoto.

A demora estava os deixando impacientes, e enquanto Porsche caminhava de um lado para o outro, Arm e Pol apertavam as mãos, tentando controlar sua ansiedade.

Pete estava com a cabeça apoiada no ombro de Vegas e também tocava sua mão com a ponta dos dedos para tentar distrair sua mente do que estava acontecendo. E Kim? Ele estava sentado numa cadeira afastada dos outros. Seus cotovelos apoiados nos joelhos e seu rosto escondido nas mãos. Sua perna também balançava sem parar, até que uma mão ali a fez parar de tremer e seus olhos subiram até a pessoa ao seu lado.

— Khun...

— Ele vai ficar bem. Os médicos daqui são ótimos...

Tankhun havia chegado com Kinn e todos estavam esperando qualquer notícia que fosse sobre o garoto. Depois de algum tempo de impaciência, o médico falou que Porchay estava bem, mas tinha que ficar em observação por algumas horas e precisaria tomar soro. Como foi cortado o efeito da droga no corpo do garoto não foi dito, porém isso não importava mais, ele estava bem.

— Tankhun, posso falar com ele?

— Claro, Porsche. Só não vai brigar com ele por causa do Chay, se for isso, não vou sair daqui. Não vou deixar você gritar com ele!

— Eu não quero brigar e não vou gritar com ele.

Tankhun se retirou e Porsche se sentou ao lado do mais novo. Para ser sincero, Kim não estava ligando nem um pouco se o mais velho iria xingá-lo ou dizer que não queria que ele ficasse com seu irmão, tudo estava meio aéreo. O clima estava dividido em uma atmosfera leve e pesada.

Será que nada disso teria um fim? Estava indo tudo tão bem e do nada tudo desabou.

— Porsche, se veio me dizer pra ficar longe ou coisa do tipo, deixa pra me dizer isso amanhã... — pediu pondo seus cabelos para trás.

— Eu não vim dizer pra ficar longe. Eu só estava pensando no que você me disse, e você tem razão... Nos últimos meses eu não tenho sido um bom irmão pra ele...

Kim ouviu atentamente ao que Porsche tinha para dizer, pelo menos até a metade. Depois de alguns minutos as palavras começaram a não fazer sentido para Kim. A voz de Porsche era como murmúrios levados pelo vento, palavras soltas. Todas elas se embaralharam em sua mente. Ele parecia estar submerso, pois a voz do mais velho soava abafada. Naquele momento sua mente estava em Porchay, apenas nele.

— Só não machuca ele, certo?!

— Certo...

Essa foi a última coisa que Kim conseguiu entender nitidamente, então Porsche levantou e voltou para perto de Kinn. Após pouco mais de duas horas impacientes, alguns deles voltaram para casa, assim teriam tempo de reforçar a segurança e arrumar o quarto para o garoto.

Depois disso que acabará de acontecer, Porsche não deixaria Porchay voltar para casa nem tão cedo. Agora sim ele teria um verdadeiro motivo para precisar ir para a casa de Tankhun...

— Vocês já podem vê-lo, mas devo lembrar, ele ainda está adormecido.

Os três rapazes entraram no quarto de Porchay e o viram dormir tranquilamente. Em seus braços haviam faixas enroladas, onde horas antes, duas agulhas injetavam o que levaria o garoto rumo ao fim.

Sua pele não estava mais esbranquiçada, agora tinham um tom bem claro de rosa e suas bochechas também estavam coradas.

— Chay...

Porsche se aproximou de seu irmão e tocou sua mão fria. Eles estavam cansados. Sentiam como se esses problemas nunca fossem ter fim e eles nunca estariam livres de perigosos assim. É realmente muito cansativo se ver perdido e sem saber o que fazer.

Kim e Tankhun estavam parados pouco atrás de Porsche. Seus olhos estavam cansados, os ombros baixos... Quanto mais eles teriam que aguentar e passar para finalmente poder ficar em paz? Kim deveria ter as vantagens por sempre estar tão afastado da família e da máfia, mas ele parecia sempre ser o mais afetado por tudo isso.

— Quantos litros mais ele precisará tomar pra poder voltar pra casa? — perguntou Tankhun ao médico que acabará de entrar no quarto.

— Esse é o último. Seu corpo se protegeu bem contra o fentanil, por isso o expulsou depressa. Se sua imunidade estivesse baixa, teríamos problemas maiores. A droga se espalharia bem mais rápido e os efeitos causados por ela seriam catastróficos. Vocês têm um garotinho muito forte como irmão.

— Ah, não... Só eu sou irmão de sangue... Mas ele é da família, — apontou para Khun — e ele é namorado...

— Independente... Ele é forte, devem se orgulhar por ele não ter se entregado tão fácil. Bom, eu vou deixá-los a sós. Aconselho comerem alguma coisa, o soro vai demorar um pouco. — falou por fim e saiu do quarto.

— Porsche, você vem comigo! — exigiu Tankhun, pois nem nas horas mais sérias ele deixava seu jeito mandão e engraçado. Sua energia boa e caótica fazia tudo ficar mais leve.

Kim viu os dois passarem pela porta e a fechar, então ele olhou para Porchay com os olhos molhados. Ele estava cansado demais por ter que ver seu garoto nesse tipo de situação. Aquela não era a primeira vez que algo assim acontecia. Para Kim era como se nada que ele fizesse para manter Chay em segurança funcionasse. Ele podia dar tudo de si, levar o garoto para o outro lado do mundo, tentar protegê-lo de tudo e todos, mas ele sempre falhava.

— Estou começando a achar que você estava mais seguro sem mim... Eu deveria mesmo ter voltado...? Nada que eu faça parece dar certo pra você... O meu melhor não é suficiente...

KimChay: Por Que Você Não Fica? Onde histórias criam vida. Descubra agora