Capítulo 03

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Enquanto olhava pela janela as lágrimas que antes eram de raiva agora eram de tristeza e escorriam pelo rosto.
Não entender o que passava na cabeça de alguém como Kim era doloroso. Pessoas são confusas, elas acordam com novos planos todos os dias, planos nos quais você pode não fazer parte deles.

— Chay...? — na tentativa inútil de esconder as lágrimas, Porchay limpou os olhos e Tankhun tocou seu ombro — Não estamos mais falando do armazém, não é? Porque não experimenta me falar o que aconteceu?

— Eu...

Tankhun olhava fundo nos olhos vermelhos e brilhantes do menino e naquele momento, aquilo lhe passou toda segurança do mundo.
Com um fardo enorme em suas costas, Porchay desabou nos braços de Tankhun.
Lágrimas carregadas de peso escorriam em meio aos soluços desesperados e Tankhun abraçou seu pequeno e frágil menino.
Essa seria a primeira vez que Porchay falaria sobre oque aconteceu, seria libertador.

— Eu vou ficar aqui essa noite, — os olhos de Tankhun eram calmos e tranquilizadores e seu sorriso protetor surgiu enquanto via os olhos vermelhos de Porchay — vou dar um jeito para os meninos dormirem lá embaixo.

— Eles podem dormir no quarto do Porsche.

— Vou avisa-los então.

Ele saiu do quarto chamando histericamente os meninos e no peito de Porchay ele sentia uma mistura de sentimentos angustiantes e que machucavam.
Uma parte de Porchay achava que Kim havia se afastado de vez depois da boate, mas outra parte sabia da verdade. Naquele dia, Chay pensou tê-lo perdido para sempre. Ali ele também entendeu que não podia suprir a falta dele bebendo ou em festas que tem tudo para dar errado.

Mesmo tendo tempestades devastadoras acontecendo dentro de si todos os dias nesses últimos meses, Porchay sempre soube que Kim estava lá por ele, estava sempre perto.

Depois de ajudar Arm e o Pol a se organizarem, Khun voltou para o quarto e sentou-se ao lado de Chay na cama.

— Porque não começa me dizendo o que aconteceu entre vocês, hã? Eu sou todo ouvidos.

Porchay tentava explicar para Tankhun enquanto lágrimas voltavam a invadir seus olhos e elas pareceram congelar e arder na pele quente do menino.

O processo para uma pessoa ficar bem de novo depois de uma decepção é longo e doloroso, e quanto mais você evita o assunto mais forte ele vem contra você, foi o que aconteceu.

Tankhun que raramente era visto triste, dessa vez estava. Encarar aqueles pequenos olhos vermelhos e inchados amoleceu o coração engraçado e despreocupado de Khun.

Porchay ainda estava disposto a entender o que aconteceu entre ele e Kim.
Tudo para ele havia perdido a graça depois daquele dia...

O violão, por mais que Chay o afinasse ainda parecia desafinado. Ele perdeu o sono e passou em claro madrugadas intermináveis. Perdeu a fome e tentou se convencer que não queria saber com quem e nem onde ele estava, se estava bem, se pensava nele ou se pensava no "nós" que costumavam ser.

Ver Kim ir embora aquele dia o destruiu.
A música que Kim fez para Porchay nunca fez muito sentido, para ele.
Aquele pedido de amizade no Facebook... aquele vídeo... aquele rosto e aquela voz só serviram para deixar mais confuso quem não entendeu o outro lado da história e estava sentindo uma tempestade devastadora dentro de si.

— Você e o Kim estavam juntos?!

Khun estava realmente surpreendido e levantou da cama num salto tapando a boca com a mão. Ninguém que ouvirá tudo isso teria uma reação tão espontânea quanto a de Tankhun, mas, Porsche talvez tenha se descobrir isso um dia.

— Eu achei que estávamos, até descobrir que ele era seu irmão e vê que ele escondeu a verdade de mim.

Porchay respondeu e logo limpou o rosto. Era indescritível o alívio que ele sentia no peito aquela noite. Parecia que toneladas haviam sido retiradas de meu peito.
Falar com Tankhun sobre isso foi libertador.

— Porque não contou isso antes? Poderia ter evitado tantas coisas. Poderia ter evitado a gente te chamando para ir em casa sempre que tinha algo significativo.

— Eu posso lidar com isso, eu só queria entender porque ele me salvou no armazém aquele dia. Você acha que por pena?

— Pena? — mais uma risada alta ecoou pelo quarto e ele bateu as mãos na perna enquanto ria, tudo era de extrema diversão para Khun. Porchay realmente não conhecia o Kim — Kim não é o tipo de pessoa que sente pena de alguém, Chay. Não posso te dizer o motivo porque eu não sei. Você não gostaria de falar com ele?

— Não! Não... é melhor deixar assim, o passado já me tortura por si só.

— Kim não teria motivos para te afastar assim, ou teria? — perguntou sério esperando uma resposta que Porchay não saberia qual era.

— Não, eu acho.

— Quando você e o Porsche sumiram depois daquele dia em casa, eu fiquei desesperado sem saber de vocês. Pol e Arm me impediram de procura-los, foi quando Kim me ouviu falando de vocês e perguntou o que estava acontecendo. Lembro de ter dito que você e o Porsche haviam sumido e não sabíamos se estavam vivos, então ele pegou de volta a chave do carro, mas o Korn ordenou falar com ele. Kim não sabia se subia ou ia atrás de você primeiro, mas ele subiu e em pouco tempo o vi descer as escadas como um foguete e entrar no carro!

— Espera... por isso o bar estava destruído aquele dia?

— Você não viu o que aconteceu lá, Porchay?! O que você estava fazendo?! O Vegas mandou umas pessoas para te pegar, mas para sua sorte Kim estava lá quando eles chegaram.

— Ele o que?! — Porchay mais uma vez havia perdido o show qque Kim deu para mantê-lo seguro. Aquele dia no bar da Yok também poderia ter mudado uma história, mas ele não viu o que aconteceu lá — Ele fez aquilo?! Ele ficou bem?!

— Kim não se machucou, Porchay. Como você não sabe dessas coisas, hã? Você realmente não conhece meu irmão.

KimChay: Por Que Você Não Fica? Donde viven las historias. Descúbrelo ahora