Capítulo 35

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Depois do banho quente dos rapazes, já era bem tarde quando ambos desceram para a cozinha para que assim o garoto pudesse comer alguma coisa e recuperar as forças que perdeu durante o dia. Não havia mais ninguém fora da cama, só eles e alguns seguranças na porta do elevador e no começo das escadarias.

— Eu devo te dar muita dor de cabeça, né? — perguntou tomando um pouco da sopa que Kim fizera para si.

— Por que tá falando isso? Eu quem deveria ter mais cuidado em você.

— Eu não sou tão frágil quanto pareço, Kim... Também não tinha como saber que algo assim iria acontecer.

— É, — sorriu — agora eu sei disso. Sinto muito que tenha vivenciado um inferno.

— Eu tô bem agora, mesmo. Não se culpe por nada do que aconteceu comigo.

— Chay!

A voz alta e escandalosa de Tankhun chamou de imediato a atenção de Chay, que também soltou de imediato a colher que segurava.

— Khun... — respondeu levantando e indo ao encontro do mais velho, que o recebeu com um abraço cauteloso.

— Que bom que já acordou... Eu tava tão preocupado com você... Você tá bem agora?! Deve ter sido terrível pra você, não é? Desculpa por não ter avisado mais cedo sobre Kinn ter pego o carro...

— Tá tudo bem. Eu tô bem agora...

— Kim, amanhã nos juntaremos para um pequeno evento aqui na casa. Comidas, bebidas e música, e eu ordeno que deixe o Chay beber também! É só pra família.

— Se ele estiver bem, por que eu não deixaria?

— É só à noite. Trate de ficar bem logo, Porchay. Isso deveria acontecer só em alguns dias, mas não vamos deixar outra onda de azar nos atingir para que possamos fazer algo.

— Tudo bem. — concordou o irmão de Khun.

— Afinal, o que vocês estão fazendo acordados essa hora?

— Chay acordou e eu vim comer alguma coisa com ele, mas já vamos deitar. E você? O que tá fazendo acordado?

— Eu perdi um desafio entre que fiz com Arm e Pol... — disse emburrado — Tive que vir fazer pipoca e buscar besteiras para comermos e assistirmos algumas séries.

— Espero que não tenha sido o Porsche quem as indicou. — brincou o menor e os outros sorriram.

— Falar em Porsche, como ele reagiu com você sobre o Kim, Chay?

— Eu ainda não tive tempo de vê-lo assim. Eu estou "doente", por isso ele deve tá pegando leve comigo. — sorriu.

— Eu não vou deixar Porsche brigar com você, ouviu?! Eu brigo com ele.

— E comigo, vai deixar ele me bater?

— Se ele não te bater, eu bato! — falou dando as costas — Andem! Voltem pra cama, Chay precisa descansar.

— No fundo ele se importa com você, sabe disso, né?

— Eu sei... Esse é o jeito Tankhun de demonstrar afeto e preocupação. Terminou? — perguntou e Chay concordou, voltando a levantar da cadeira.

O quarto estava frio. As janelas foram deixadas abertas e o ar gélido da noite esfriou completamente o cômodo e a cama. Um arrepio percorreu a nuca de Porchay quando ele deitou e passou a coberta fria por cima de si. Seus pés estavam gelados, assim como os lençóis da cama.

— Tá bem frio hoje... — disse enquanto esfregava seus pés no outro e Kim fechava as janelas e ligava o ar quente.

— Eu posso ouvir seus dentes batendo.

Kim voltou para a cama e também se cobriu e, como um imã, Chay foi atraído para perto do mais velho e ali se aconchegou em seu corpo quente. Os braços de Kim envolviam a cintura do menor que havia acabado de juntar seus pés aos do rapaz, para assim esquenta-los mais rápido.

— Já vai esquentar... Você tá sentindo alguma coisa? Algo dói?

— Agora que eu tô aqui, não. Só o frio, mas vai esquentar...

— Não sente nada mesmo...?

— Não... — respondeu sonolento.

— Tá falando molinho... — falou com um pequeno sorriso nos lábios após ouvir a voz tão arrastada e embolada do namorado — Eu tô aqui agora...

Os olhos pesados e vermelhos de Chay foram se fechando e tiveram uma última imagem embaçadas de Kim, então o mesmo encostou sua testa à do garoto.

Será que dessa vez tudo estava bem...? Tem sido dias ruins e sobrecarregados para todos, principalmente para Kim e Porchay. Nada mais justo que uma pequena festa para que possam descansar depois de todo o caos.

Depois de poucos minutos, Kim também adormeceu e também todas as outras pessoas presentes nos quartos da casa principal.
O restante da madrugada foi fria e silenciosa, mas com as primeiras horas do dia, o frio foi embora, abrindo espaço para um dia caloroso e com brisas suaves.

— Precisa mesmo de tudo isso, Tankhun? — perguntou Kinn para seu irmão mais velho, que acabará de colocar algumas bebidas na mesa da cobertura — Por que simplesmente não faz isso à noite? Olha só isso... — falou mirando tudo aquilo, que na visão de Khun era o básico — É muito pra uma pequena festa...

— Calado, Kinn! Eu estou organizando, eu decido oque tá bom ou não. E isso não é apenas para o dia, vamos estender até a madrugada. Você sabe que Porsche adora beber, até nas horas erradas...

— Kim não bebe.

— Mas Porchay bebe, se estiver melhor, claro. Eu não ia falar nada, mas se eu não disser, vocês não irão ficar empolgados como eu estou. Isso tudo é pra oficializar o namoro do Kim e do Chay. Eu já falei com Porsche. Essa festa não aconteceria sem um fundamento.

— Agora sim. Depois de tantas brigas entre os dois... Mas isso não justifica as bebidas.

— Vegas bebe... Você bebe!

— Você o chamou?! — interrompeu.

— É claro que eu o chamei! Ele faz parte da primeira família agora, e sinto muito caso você não queira que ele esteja presente, sinto muito mesmo... — falou com a voz triste — Eu quase me importei, mas não me importo. — ele estava fingindo — Se não quiser vê-lo, pode sair, mas ele fica.

Tankhun deu as costas para seu irmão e voltou para dentro para buscar mais bebidas.

— Meu Deus, que complicação...

KimChay: Por Que Você Não Fica? Onde histórias criam vida. Descubra agora