Capítulo 32

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— É o meu irmão... Ele é minha responsabilidade, então se é ou não uma armadilha, eu vou ter que cair...

A casa onde o carro da família principal estava estacionado do lado de fora era bem velha, mas tinha dois andares, era bem grande e era cercada por uma vegetação densa, onde facilmente daria para esconder alguém, mas eles não estavam preocupados se foram atraídos para uma armadilha perfeita.

— Talvez quem o pegou não saiba do rastreador... Esses carros são atualizados e fabricados com tecnologias avançadas e peças de outros lugares do mundo. Talvez eles não saibam disso...

Os rapazes se equiparam com as poucas coisas que restavam no porta-malas do carro e um passou a dar cobertura para o outro, enquanto avançavam devagar na direção da casa. O lugar era um completo matagal, onde nem o barulho dos pássaros era possível ouvir. Um silêncio ensurdecedor, mas que era frequentemente cortado pelo som das folhas sendo amassadas abaixo de seus pés.

Naquele momento não tinha espaço para o medo. Com o silêncio extremo que estava no lugar, pôde-se ouvir algumas vozes dentro da pequena casa, isso fez a teoria de Vegas fazer um pouco mais de sentido. "Talvez eles não saibam da existência do rastreador..."

— Fazemos assim: Vegas...

— Desculpa, Porsche, mas eu vou com o Pete... — disse Vegas o interrompendo e indo para o lado do namorado.

— Tudo bem! Arm, você vem comigo e com o Kim, entraremos juntos. Vegas, Pol e Pete, vocês ficam aqui caso alguém apareça. E também nós não podemos dar nenhum sinal para que vocês possam entrar, então é melhor assim.

Eles cercaram discretamente a entrada e a saída da casa, ficando dois na frente e um foi para a parte de trás.

Kim empurrou a porta dos fundos e quando chamou a atenção dos dois únicos homens que estavam lá dentro, Arm chutou a da frente e Porsche entrou atirando nos dois e os derrubando.

— Procurem! — exigiu Porsche para os outros dois — Onde ele tá?! — perguntou furioso para os homens que estavam caídos.

Do lado de fora da casa, os três homens davam conta de alguns outros que haviam chegado em carros que eram a réplica perfeita do carro da família principal, pareciam fazer parte de um plano maior, mas o que? O som dos gemidos de dor e dos socos quebrava o silêncio, em seguida o barulho dos disparos ecoou e o som de asas batendo também pôde ser ouvido. Os pássaros silenciosos que estavam no topo das árvores voaram em todas as direções após ouvir o barulho alto, o qual os assustou. Enquanto isso acontecia do lado de fora, Kim procurava por Porchay junto à Arm e Porsche.

A residência parecia não ter fim. Dentro havia inúmeras divisões de cômodos extremamente pequenos e apertados, isso parecia ter sido criado exatamente para confundir quem quer que entrasse no lugar. Um verdadeiro labirinto.

Os rapazes corriam de um lado para o outro, abrindo e fechando portas, mas era como se a cada porta que fosse aberta, mas três surgissem do outro lado. Era realmente muito grande e haviam muitos cômodos que causariam pânico em uma pessoa claustrofóbica, e para o azar e desespero de Kim e Porsche, Porchay tinha sérios problemas com lugares apertados.

Kim subiu correndo os degraus do enorme lance de escadas que levava ao segundo andar e abriu desesperadamente outras incontáveis portas, foi então que ele abriu mais uma e dentro do pequeno cômodo havia outra porta, porém essa tinha uma tonalidade diferente das outras. Um quarto dentro de outro quarto, uma caixa de sapatos.

Forçando incessantemente a fechadura para baixo, Kim estava ficando impaciente por não conseguir abri-la. Ele afastou-se um pouco e pegou impulso contra a porta de madeira, desse jeito ele a abriu e o barulho alto dela se chocando contra a parede ecoou pelo andar inteiro, isso chamou a atenção de Porsche e Arm, mas ao chegar na origem do som e passar por Kim para saber o motivo do estrondo, Porsche ficou imóvel.

— Chay...

Em choque pelo que acabará de ver, o mais velho correu até o garoto e Kim também foi até o mesmo. Porsche empalideceu e sua visão ficou turva, mas ele continuou ali. Ambos estavam surpresos pelo que viram, mas eles não tinham tempo para ficar parados sem saber o que fazer. Porsche parecia estar drogado, mas na realidade, quem estava era Porchay...

O cômodo era minúscula e dentro dele só havia um sofá para duas pessoas e um suporte para soro. Oque saía das bolsas de soro estava diretamente ligado as veias dos dois braços de Porchay. O lugar onde as agulhas estavam fincadas estava roxo, e o garoto tinha os olhos entreabertos e pesados, enquanto sua cabeça estava encostada no sofá. Sua pele estava pálida e a pele abaixo de seus olhos estava roxa, ele estava drogado.

O líquido que saía das bolsas não era soro, era fentanil. Uma droga cinquenta vezes mais forte que a heroína e cem vezes mais forte que a morfina, extremamente perigosa. Geralmente usada em emergências médicas para sedação, mas que fora proibida para uso por seus efeitos perigosos.

A visão do garoto estava completamente embaçada. Ele estava tentando se manter acordado, mas estava sonolento por conta da droga que estava em seu organismo. Ele não parecia estar a tanto tempo naquela situação, pois as bolsas de soro ainda estavam no início, bem no começo, mas pela droga ser tão poderosa, os efeitos surgiram de imediato em seu corpo.

— Chay... Eu tô aqui...

Kim se agachou ao lado do sofá e Porsche foi até o suporte e desconectou os tubos, mas Kim estava receoso quanto a tirar as duas agulhas da pele de Chay. Ele sabia como isso era doloroso e na situação que seus braços estavam, doeria bem mais para removê-las, mas, claro que ele preferiu puxa-las a deixá-las ali.

Ao pega-lo nos braços, Porsche os seguiu para fora da casa.

— O que aconteceu com ele?!

— Fentanil...

KimChay: Por Que Você Não Fica? Where stories live. Discover now