Capítulo único.

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• Marília Dias Mendonça. •

Mais uma noite de sábado, e eu estava ali. Sozinha, no escuro do meu quarto, desejando imensamente que Maiara estivesse sentindo pelo menos um pouquinho da minha falta.

Eu não era insegura, muito pelo contrário, em todos os relacionamentos que já estive eu era muito segura de mim mesma, mas com Maiara... Com Maiara era tudo tão diferente, eu sempre sentia no fundo um medo absurdo de ter outra pessoa mais interessante, de ela esbarrar com alguém que chame a atenção dela e ela perceba que está cometendo um erro estando comigo.

Estamos juntas há um bom tempo, dois anos e sete meses para ser mais exata. No começo era tudo flores, era um paraíso estar com Maiara, éramos inseparáveis, de melhores amigas a amor da minha vida, era uma aventura estar com ela, os beijos escondidos por detrás dos palcos, os flertes nos show e principalmente durante as lives. Os jantares a luz de vela, os encontros nas madrugadas e os beijos apaixonados, era tudo simplesmente perfeito. Mas como tudo que é bom dura pouco, não demorou muito para que o encanto acabasse e nossa relação esfriasse, nós já não passávamos mais tanto tempo juntas, os nossos shows eram sempre em cidades separadas e nossa rotina não era a mesma.

Meu amor por Maiara nunca mudou, era o mesmo de antes, bem provável que seja muito maior do que antes! A cada dia descubro que consigo ama-la cada vez mais, pena que ela já não sente mais o mesmo por mim, na verdade acho bem difícil a essa altura Maiara sentir algo por mim.

Oi paixão! Como você está?
Marília
1:58

O frio na barriga e a ansiedade pela resposta já se faziam presentes, comecei morder o cantinho da minha unha esperando.

Oi! Estou bem e você?
Maiara
2:23

Sempre seca. A resposta dela descia goela abaixo tentando não me importar com a falta do carinho. Respirei fundo já sentindo o meu coração palpitar pelo mínimo contato.

Posso te ligar? Saudades da sua voz.
Marília
2:23

Eu juro que podia sentir o nó se formando na minha garganta, aquilo era involuntário. Eu odiava ter que implorar algo pra alguém, odiava ter que fazer tanta questão, mas aí vinha a Maiara me dando migalhas e eu aceitava tudo com um sorriso no rosto.

Pode.
Maiara
2:40

Respirei bem fundo antes de discar o número que eu já sabia de cor e salteado. Chamou duas, três vezes, na quarta ela me atendeu com a voz arrastada. Ótimo. Estava bêbada.

— Oi Marília?! – fechei meus olhos por alguns segundos sentindo um tipo de alívio por estar ouvindo aquele som.

— Oi meu amor. Estou com saudades. – pronunciei mesmo sabendo que não ouviria nenhuma daquelas palavras de volta.

— Amanhã cedo estarei aí. – respondeu, no fundo pude ouvir algo como "maiara está falando com a mulher dela" e antes dela começar a rir murmurou um "cala a boca! não é ninguém."

Tentei ignorar aquilo, mesmo que doesse e rasgasse o meu peito ouvir Maiara me negando.

— Onde você está? – perguntei calmamente.

— Um after. Viemos para cá depois do show, mas já estamos indo embora.

— Ah, entendi.

Um silêncio pairou. Não tínhamos nem assunto, parecíamos duas estranhas.

— E você? O que está fazendo? – ela finalmente perguntou.

Não era pra ser assim - MAIARA E MARÍLIA Where stories live. Discover now