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[dia 5]
• Marília Dias Mendonça •

Pela noite, Maiara me informou que iríamos voltar para goiania pois ela tinha outros planos por lá, e foi assim que terminamos a noite dentro de um avião. Já era de madrugada quando pousamos, e antes que ela pensasse em nos separarmos, me deixando em casa e indo para a casa de Maraísa, eu pedi que ficasse ali comigo, como um olhar pedindo silenciosamente que fosse assim pelos próximas dias. Ela entendeu e concordou de imediato.

O dia amanheceu estranhamente nublado, e como um milagre divino eu acordei primeiro. Estava tão friozinho com o tempo tão escuro que nem parecia ser dez da manhã. O corpo de Maiara acochoadinho no meu me fazia querer permanecer ali por toda eternidade.

— Bom dia princesa linda. – falei espalhando beijos por seu rosto e pescoço. Ela espremeu os olhos abrindo um sorriso sonolento.

— Bom dia meu amor. Dormiu bem?

— Sempre bem com você do meu lado. – respondi com um sorriso sincero.

— Acho que hoje podemos ficar de chameguinho aqui na cama. Nada melhor que o conforto da nossa casa. – ela disse enquanto eu olhava distraída pela janela que estava parcialmente aberta.

— Que bom que se sente a vontade aqui novamente. Será que mereço um dia só de besteiras? Filme, pizza, hambúrguer, doces, muitos doces?!

— Merece, isso e muito mais. – ela se levantou um pouco, se deitando por cima de mim afundando o rosto no meu pescoço. – Eu tenho que resolver uma coisa hoje, mas eu juro que quando voltar faremos o que você quiser.

Fiz um biquinho desaprovando aquela ideia.

— Ah não, Mai. E o chameguinho? – a olhei com meus olhos brilhando, querendo chorar. Ela me abraçou forte rindo no meu pescoço.

— Não fica assim, eu não demoro. Prometo.

— Eu vou contar os minutos, e depois vou te punir.

— Ah, é? De que jeito? – levantou o rosto interessada, claro que ela iria levar aquilo para a safadeza.

— Não, não é isso sua boba! Nossa, mas você só pensa em sexo?!

— Como não pensar com você assim do meu lado? – ela levantou um pouco do lençol revelando meu corpo completamente nu.

Senti minhas bochechas arderem de vergonha, eu me sentia uma adolescente ao lado de Maiara, como se ela fosse o meu primeiro amor, como se eu nunca tivesse ouvido nada daquilo antes. Já havia ouvido, mas nunca foi tão importante quando é quando ela diz.

— Preciso ir.  Amo você, princesa minha. – ela me deu um beijo na testa se levantando, deixando a cama fria e vazia.

Maiara não demorou para trocar de roupa, arrumar sua bolsa e sair. Levando um pedacinho de mim junto com ela, eu me senti tão estranha quando ela passou pela porta, depois de dias sem desgrudar dela um só segundo, me senti deslocada sem te-la por perto. Minha única vontade era de voltar a dormir e só acordar quando ela voltasse, no mesmo instante minha cabeça deu um estalo, eu não poderia novamente ficar tão dependente assim ela, a ponto de só viver se ela estivesse por perto. Dessa vez as coisas tinham de ser diferentes, eu tinha que caminhar com minhas próprias pernas, mesmo que amasse passar todo o tempo junto dela, ainda precisava saber viver sozinha.

Não era pra ser assim - MAIARA E MARÍLIA Where stories live. Discover now