IX

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[dia 9]
• Maiara Carla •




Ainda no dia anterior, em São Paulo.



— Ela desligou na minha cara. – eu disse sem reação. Grazi riu ainda mais.

— Não acredito que Marília Mendonça, está com ciúmes de mim, uma mera mortal?

— É. Nem eu acredito. – suspirei frustrada.

— Liga de novo. – me incentivou, e eu fiz, inutilmente. Chamou até cair na caixa postal, duas vezes. – Ela me odeia. – choraminguei.

— Dramática! Vem, é aqui.

Grazi me puxou para entrarmos em um centro de oncologia. Era uma clínica, muito grande e luxuosa por sinal. Como ela já havia marcado a consulta no dia anterior, só precisava fazer o pagamento e aguardar.

— Afinal, quanto é a consulta? – perguntei. – Pelo jeito desse lugar, deve ser uns quinhentos reais só para respirar o mesmo ar do médico. – eu brinquei.

— Não importa o valor. Se for ajudar, eu pagaria até o triplo. – ela deu os ombros, se apoiando na bancada da recepção.

— Bom dia! Documentação por gentileza. – a recepcionista pediu doce e eu entreguei, toda nervosa.

Ela mexeu em alguma coisa no computador e depois me entregou um formulário para que eu preenchesse. Fiz todo o processo, assinando cada coisa atentamente. Eu estava mega ansiosa, com um friozinho na barriga e um pontinho mínimo de esperança crescendo dentro de mim.

— Certinho, Maiara. Poderia encaminhar seus exames em pdf para esse contato? – eu assenti, pegando meu celular e fazendo o que ela havia pedido.

— Prontinho.

— Ok. A forma de pagamento vai ser dinheiro, pix ou cartão? – Grazi já ia se intrometendo para responder, ela deveria estar achando que iria pagar por alguma coisa.

— Pix. – respondi na frente.

— Chave pix e QR code a sua direita, o valor está aqui. Só me avisar quando fizer que vamos finalizar.

Ela empurrou um papelzinho na minha direção, eu quase caí dura para trás quando vi. R$1.600 só para passar por um médico que iria analisar se eu era um caso perdido ou ainda tinha algum jeito. Eu olhei para Grazi com os olhos semi cerrados mas não falei nada, continuei me fingindo de plena. Fiz o pix quase soltando fumaça pelas orelhas e informei.

— Sua consulta está agendada para as dez e meia, só aguardar que logo ele vai chamar, ok? Tenham um bom dia.

Eu apenas sorri me afastando, procurei por uma cadeira para me sentar e arrastei Grazi comigo.

— Que isso, Graziele! – eu comecei a rir de nervoso. – Mil e seiscentos? E você ainda queria pagar!

— Qual o problema, Mai?

— Você nem sabe se ele é bom para arriscar um valor desse. – retruquei.

— Eu pesquisei muito, e ele estava no top três de melhores neurocirurgiões. – ela deu os ombros, eu suspirei.

Não era pra ser assim - MAIARA E MARÍLIA Onde histórias criam vida. Descubra agora