XVII

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[dia 17]
• Maiara Carla •

Acordei, ainda sentindo minha cabeça explodindo. Doía tanto, uma dor familiar, eu já estava até ficando acostumada. Maraisa ainda dormia na poltrona ao meu lado, me ajeitei um pouco tentando achar uma posição confortável para ficar, mas aquela cama já estava me enchendo o saco. Ficar deitada, sem poder ao menos levantar para ir ao banheiro era péssimo. Não demorou muito para Menezes entrar no quarto, dando bom dia e despertando minha irmã.

— Desculpa não quis acordar vocês. – ela disse com um sorriso no rosto, me olhando e se aproximando.

— Não tem problema. – Maraisa respondeu, se levantando e indo até o banheiro, nos deixando ali sozinhas.

— Como se sente, Maiara? – estendeu sua mão, tocando minha cabeça, olhando os pontos.

— Ainda sinto dor de cabeça.

— É normal, vou pedir para te dar algo na veia para melhorar. – ela sorriu ainda me analisando. – Sua cicatrização está ótima, sabia? Se continuar assim, logo vai poder ir pra casa.

— Ah. Casa. – resmunguei baixinho. Eu nem tinha uma casa, ou melhor, nem me lembrava se tinha ou não, e também o pior, se morava com alguém.

— O que foi? Não quer ir embora? – perguntou se sentando na beiradinha da cama, bem próxima.

— Hmm... Lá eu não vou ter os seus cuidados né? – respondi, com um sorriso galanteador no rosto. Ela deu uma gargalhada deslizando a mão dela até chegar na minha.

— Quem sabe... Se você quiser, cuido de você lá também. – enlacei nossos dedos, me sentindo estranha no mesmo segundo.

Uma sensação ruim tomou conta do meu corpo, mas mesmo assim preferi ignorar aquilo e continuei dando ideia na doutora.

— Te espero lá, então. – pisquei, ela sorriu com as bochechas vermelhas de vergonha.

Antes que ela respondesse, ou que eu soltasse mais uma gracinha, Maraisa saiu de dentro do banheiro. Já com outra roupa e o cabelo arrumado. Me lançou um olhar de desaprovação e eu soube muito bem do que se tratava.

— Vamos parar de papo atravessado? – perguntou se enfiando no meio de nós duas. – Quero saber sobre o resultado dos exames, Menezes. – ela disse levantando o queixo, logo Yennefer se recompôs, se afastou um pouco pegando o ipad de baixo do braço.

— Ah claro. – disse meio atrapalhada, digitando alguma coisa, semicerrei meus olhos para Maraisa, brigando com ela internamente. — Aqui estão. Vamos ver.

Ela leu por alguns segundos, com uma expressão neutra, nem um spoiler se era bom ou ruim.

— Maiara, você está sofrendo de amnésia retrógrada. Não se tem respostas exatas para esse fenômeno, você pode se lembrar de tudo a qualquer momento, ou talvez, nunca se lembrar de nada. – ela disse calmamente, me olhando, e eu começava a ficar aflita com cada palavra que saía da boca dela.

— Isso é péssimo! Eu não sei nem quem sou, como vou viver uma vida assim?! – choraminguei, procurando pelos braços de Maraisa.

— Você precisa de estímulos, não adianta ficar olhando para o teto tentando recordar de algo. Talvez se você ver fotos, se ouvir histórias sobre sua vida você consiga se lembrar de algo. Acontece como gatilhos, assim que você se lembrar de algo, outras memórias vão começar a surgir.

Não era pra ser assim - MAIARA E MARÍLIA Where stories live. Discover now