XXVII - {Especial de natal}

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[quebra de tempo/dia 69]
Maiara Carla

Duas semanas depois... 24 de dezembro.

– Eu vi, Maiara! Eu viiii!!! – Marília gritou do outro lado da sala, e logo na sequência arremessou um vaso de flor na minha direção.

Meu Deus, essa mulher tá louca! Pensei, me abaixando e fazendo o vaso bater na parede, quebrando em pedacinhos.

— Não abaixa não, eu quero acertar sua cabeça mesmo! – disse, agora vindo na minha direção.

Olhei para um lado, para o outro, não tinha pra onde correr. Teria de acalmar a onça de um jeito ou de outro.

— Oh, amor, eu não fiz nada. – murmurei mansinha, tentando segurar em seu braço.

— Nada? Você diz nada? Você estava de conversinha com aquela... Aquela...

Eu queria muito rir, mas se fizesse isso iria despertar ainda mais a fúria no coração dela, e seria bem pior pra mim.

Marília estava surtando de ciúmes simplesmente porque, dentro de uma loja do shopping, estava sendo atendida por uma mulher e ela deu um mísero sorriso, enquanto eu experimentava uma roupa.

— Calma, se acalma! – pedi, ela me olhou como se eu tivesse dito a coisa mais absurda do mundo.

— Eu vou é te matar! – respondeu, e para completar, alcançou o controle encima da mesa de centro e jogou, dessa vez acertando em cheio minha testa.

— Oh Lila!!! Para com isso. – resmunguei coçando o local atingido. – Vem aqui, vamos conversar direito. Hoje é natal, não vamos ficar brigando por bobeira.

Puxei ela, mesmo contra sua vontade ela se sentou, com os braços cruzados e um bico enorme nos lábios.

Os últimos dias não estavam sendo fáceis. Ainda mais depois de ter feito algumas sessões de inseminação, e para ajudar, Marília estava tomando alguns remédios, eles deixavam seus hormônios a flor da pele, o que explicava muitas vezes os surtos inesperados, como esse.

— Respira. Posso dizer agora?

— Vai fala!!!!

— Eu realmente não fiz nada, e nem aquela moça. É o trabalho dela nos atender bem, e foi só um sorriso! Ela não elogiou nem nada. Nem tinha como, ela estava com medo de você.

— Não exagera. – bateu o pé, sem querer dar o braço a torcer.

— Não é exagero, é sério! Mas vamos fazer assim, vamos esquecer isso, tudo bem? Daqui a pouco da a hora da ceia e nós estamos aqui.

— Esquecer nada! – ela se levantou, me deixando com cara de idiota plantada no lugar. Saiu batendo o pé, e indo em direção a porta.

— Onde você vai? Ta tarde! Vamos nos atrasa...

Eu só ouvi o barulho da porta se fechando com força, tremendo até as paredes da casa. Me joguei para trás respirando fundo, sem saber o que fazer, se ia atrás, se continuava no mesmo lugar.

— Aí, Marília Mendonça! Qualquer hora você me enlouquece. – murmurei, olhando-a pela janela, saindo com o carro.

Subi as escadas, indo em direção ao nosso quarto e entrei no banheiro. Já eram quase sete da noite e pra falar a verdade, estava atrasada para a ceia de natal. Iria ser na casa da tia Ruth, mãe da Lila, nossas famílias se davam muito bem e resolvemos nos juntar todos em uma só casa.

Não era pra ser assim - MAIARA E MARÍLIA Onde as histórias ganham vida. Descobre agora