XV

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[dia 15]
• Maiara Carla •

Era hoje o dia mais temido de toda a minha vida. O dia da minha cirurgia. Eu estava bem mais nervosa do que imaginei e mesmo que aquela fosse a minha única saída, eu estava morrendo de medo quase a ponto de desistir. 

— Meu amor, sua carinha não nega o nervosismo. – Lila comentou, me tirando da bolha. 

Já estávamos em casa, havíamos saído da fazenda pela manhã bem cedinho para arrumarmos as últimas coisas antes da cirurgia, afinal, era uma cirurgia na cabeça e o pós operatório era complicado, demorado e entre outras coisas. Tínhamos que estar no hospital de São Paulo pelo menos até às cinco da tarde, no momento eram meio dia e estávamos almoçando no aeroporto. 

— Estou com medo. – confessei, aquela era a primeira vez em que eu estava deixando ela me ver fragilizada, mas naquele momento eu podia, sabia que ela estaria ali para o que eu precisasse incluindo seu ombro para me acalentar. 

— Não fica, estou aqui por você. – ela deu um sorriso acariciando minha mão. – Vai dar tudo certo, você vai ver. 

Minha resposta foi um suspiro profundo e nervoso. Simplesmente não conseguia controlar. 

Terminamos nosso almoço e entramos no avião com algumas malas. A viagem foi tranquila e passou muito rápido, talvez fosse porque eu queria que demorasse, eu queria adiar o máximo possível aquele momento. 

Pousamos um pouco depois das duas. Pegamos um uber e nos dirigimos até o hotel que ficaríamos durante os próximos quinze dias. Marília já havia feito reserva, então só pegamos as chaves e entramos no elevador, subindo até o sétimo andar. 

— E se der errado? – perguntei baixinho, olhando-a de lado. 

— Não vai dar, meu amor. 

— E os riscos? E se eu ficar sem andar, sem falar? 

— Ainda estarei aqui por você e farei de tudo para que volte ao normal. 

— E se eu perder a memória? – eu vi ela tremer com aquela possibilidade, mas ainda assim abriu um sorriso me tranquilizando.

— Vou te lembrar todos os dias de quem sou eu e o porque te amo tanto. – ela dizia de uma forma tão simples. 

Saímos do elevador e entramos no quarto, assim que ela fechou a porta, eu me joguei em seus braços, apertando-a com força. 

— Lembre-se, você tem a mim. O que quer que aconteça dentro daquela sala, assim que sair, eu vou estar aqui te esperando. E se algo não sair como imaginamos, eu movo céus e terras para te fazer ficar bem, entendeu?

Eu funguei baixinho, sentindo algumas lágrimas descendo. Encolhi meu corpo o máximo que pude, desfrutando da sensação que era estar nos braços dela, me sentindo protegida. A empurrei levemente para que ela se sentasse na cama e eu me aconcheguei em seu colo, com a cabeça apoiada em seu peito, ouvindo o som de seu coração batendo descompassado.

— Você quer alguma coisa? Água, suco?

— Não. Só quero ficar aqui com você.

Ela afastou meu cabelo da testa, me dando um beijo carinhoso. Eu aspirei o seu cheiro doce e incendiário, me sentindo bem por alguns segundos, me sentindo em casa. Nossos corpos estavam colados, emanando uma onda de calor, ela me apertou mais um pouquinho e eu estava amando com todas as minhas forças aquela aproximação.

— Eu amo você. – sussurrei. – Obrigada por estar aqui, obrigada por ter me aceitado de volta quando eu nem merecia ficar ao seu lado, obrigada por existir na minha vida Marília.

Não era pra ser assim - MAIARA E MARÍLIA Where stories live. Discover now