XIX

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[dia 19]
• Maiara Carla •

Eu não saberia dizer quantas vezes já havia trocado de roupa na frente daquele espelho. Eu não sabia nem como me vestir, quanto mais para impressionar alguém. Estava realmente obcecada em ficar irresistível, mesmo que tentasse me convencer que não me importava com a opinião dela, eu ainda queria que ela fosse ao delírio só de colocar os olhos em mim.

Já eram oito da noite e eu ainda estava ali revirando as malas. Minha última tentativa foi um vestido preto colado e curto, com uma fenda lateral, nos pés um scarpin preto que ornou totalmente com o look. Fiz uma maquiagem leve, apenas para esconder as olheiras e a cara de cansada, caprichei no batom vermelho destacando meus lábios. Coloquei uma faixa preta na cabeça, ajudando a esconder o curativo recém refeito, e joguei os cabelos lisos e compridos para um lado. Passei tanto perfume que comecei até tossir intoxicada com o cheiro.

— Uau, tudo isso pra Mendonça? – dei um pulo de susto quando ouvi a voz de Maraísa entrando no quarto onde eu estava.

Meu rosto ficou inteiro vermelho de vergonha, tentei disfarçar mas ela já estava rindo e percebendo meu estado.

— Para. Eu nem estou arrumada. – resmunguei séria.

— Imagina se estivesse. Cê tá linda, metade! – ela sorriu, vindo ao meu encontro. – Já já ela está chegando e vai ficar de queixo caído quando te ver assim. Ainda mais com esse vestido desse tamanho, ela vai enlouquecer!

Sequei minhas mãos suadas e nervosas no vestido, inquieta andando de um lado para o outro. Estava ansiosa, por ela, pela reação dela. Me sentia uma adolescente no colegial, parecia ser a primeira vez que nos víamos, que íamos a um encontro. Na verdade, pra mim era a primeira vez, pois não me lembrava das outras. Seria tudo totalmente diferente, estava torcendo para não fazer e nem falar nada de idiota, se bem que ultimamente não estou conseguindo segurar minhas língua, ainda mais quando se trata dela.

— Será que ela ainda vem? Já está tarde. – eu disse preocupada.

— Claro que vem. Ela nunca perderia uma oportunidade de te ver. – me tranquilizou, vindo até mim e me abraçando por trás. – Por favor, metade, não maltrata ela, em hipótese alguma. Você tem o coração dela na palma das mãos, não a faça sofrer mais do que já está sofrendo.

— Ok! Eu vou me esforçar para nos darmos bem. – eu disse, convencendo-a. Ela me deu um sorriso me apertando em um abraço.

Pouco tempo depois, ouvimos o barulho da campainha tocando. Era ela. E meu nervosismo acabava de subir dez níveis.

— Vai lá você. Diz que ainda não estou pronta. – eu disse, toda atrapalhada no meio do quarto, andando de um lado para o outro.

— Vou pedir para ela vir até aqui, pode ser?!

— Tá. Pode. – concordei. – Como estou? Irresistível? Gostosa, sim ou claro? – eu a olhei através do espelho, ela riu alto assentindo.

— Está maravilhosa. Boa sorte, metade. – ela me deu um beijo na testa e saiu.

Não que eu estivesse contando até os segundos, mas demorou cerca de dez minutos para eu ouvir dois toques na porta. Estava tão nervosa que não sabia nem como recebe-la. Fui andando em passos lentos, e abri a porta, bati meus olhos nela e fiquei completamente sem rumo. Não tinha chão, não tinha para onde correr a não ser encarar aqueles olhos castanhos.

Ela estava simplesmente linda. Agora, diferente. Seu cabelo longo e liso completamente loiro, ela parecia ter acabado de sair do salão de beleza. Me faltavam palavras até mesmo para cumprimenta-la.

Não era pra ser assim - MAIARA E MARÍLIA Where stories live. Discover now